Naquele momento, enquanto Larsen refletia febrilmente, um grupo formado por cinco cavaleiros observava a cidade do alto de uma das colinas que a rodeavam.
Os cinco cavaleiros eram um tanto especiais, porque havia dois que estavam elegantemente vestidos, enquanto os outros três tinham aspeto de pistoleiros da fronteira.
Os dois elegantes envergavam sobrecasacas cinzentas, calças pretas e coletes bordados. Bastava vê-los para se descobrir que eram jogadores profissionais, embora o mais novo deles tivesse cara de inocente. Os seus olhos grandes e límpidos deviam ter infundido falsa confiança a mais de um criador de gado, que depois lamentaria a perda das economias de toda a sua vida.
Quanto aos tipos que os seguiam, deviam estar contratados para os proteger. Nem tudo eram rosas na profissão de jogador e convinha tomar precauções.
Às vezes, um homem esperava ganhar uma montanha de ouro e ganhava um pedacinho de chumbo. O jogador de mais idade perguntou:
— Vês isso, Len?
— Sim... é, com certeza, a povoação de Deming. Uma terra excelente e civilizada onde nem sequer há xerife. Persistes na ideia de nos estabelecermos aqui, Percy?
Percy, o jogador mais velho, refletiu uns instantes.
— Tenho estado a pensar no assunto e creio que é o melhor. Vamos já sendo bastante conhecidos em todo o Sudoeste e convém-nos um lugar perto da fronteira, onde não haja vigilância.
— Pois aqui não há. Nem sombra.
— Os fazendeiros mexicanos do outro lado da fronteira são gente de dinheiro e jogam forte. Creio que ficaremos ricos em poucas semanas, se formos prudentes.
— Mas primeiro será necessário fazer um pouco de propaganda...
— A notícia de que em qualquer lado se- joga forte espalha-se sem demora.
— Achas que os fazendeiros mexicanos virão assim que saibam que nesta pequena cidade se joga forte?
— Claro que sim! Não o duvido nem um momento. Alguns desses tipos estão cheios de ouro e a única coisa de que precisam é de emoções fortes. Para eles só tem interesse uma partida quando estão em jogo cinquenta mil dólares. Dentro de uma semana não teremos mãos a medir. Sempre considerei que os lugares bons para este negócio não são as grandes cidades, mas sim as terras pequenas, sobretudo se estão perto da fronteira entre os dois países. E aqui não há xerife que nos incomode, não te esqueças...
O chamado Len soltou uma gargalhada, quando o seu companheiro Percy acabou de falar.
— Como procederemos, desta vez?
— Como sempre fizemos. Eu entro primeiro na cidade, hospedo-me no melhor hotel, se é que há algum de categoria superior à de uma cavalariça, e observo as pessoas. Um dia depois, organizo uma partida, como por acaso. Então entras tu.
— Claro... — murmurou Len, com ar aborrecido. — Sei o meu papel de memória. Vejo-te jogar, digo que és um medroso e um batoteiro e desafio-te para uma partida de cinco mil dólares. As apostas vão subindo até trinta ou quarenta mil. Quando as pessoas veem isso, animam-se, sobretudo se cometemos alguns erros. Nunca falha.
Percy soltou, por seu turno, uma nova gargalhada.
— Trazes os dólares falsos para jogarmos um com o outro?
— Decerto. Se este negócio obrigasse a trazer constantemente quarenta mil dólares autênticos, não seria negócio.
Agora, os dois cúmplices riram ao mesmo tempo. O mais velho, Percy, levantou a mão e anunciou:
— Vou dignar-me entrar na cidade. Vocês acampem onde quiserem. Mas não se esqueçam que amanhã — e olhou especialmente para os três pistoleiros — têm de entrar em Deming e de fingir que não nos conhecemos. Vocês têm apenas a missão de nos proteger. O resto é connosco.
Os dois pistoleiros acenaram afirmativamente ao mesmo tempo, mas não proferiram uma palavra. Eram tipos calmos, taciturnos, queimados pelo sol, nos quais só o brilho dos revólveres e dos olhos parecia ter um pouco de vida. Percy esporeou o cavalo e desceu à cidade. Encaminhou-se para o «saloon», para lhe dar uma vista de olhos, antes de procurar hotel. Um «saloon» onde o fugitivo Larsen pensava na maneira de conseguir arranjar duzentos mil dólares...
Os dois elegantes envergavam sobrecasacas cinzentas, calças pretas e coletes bordados. Bastava vê-los para se descobrir que eram jogadores profissionais, embora o mais novo deles tivesse cara de inocente. Os seus olhos grandes e límpidos deviam ter infundido falsa confiança a mais de um criador de gado, que depois lamentaria a perda das economias de toda a sua vida.
Quanto aos tipos que os seguiam, deviam estar contratados para os proteger. Nem tudo eram rosas na profissão de jogador e convinha tomar precauções.
Às vezes, um homem esperava ganhar uma montanha de ouro e ganhava um pedacinho de chumbo. O jogador de mais idade perguntou:
— Vês isso, Len?
— Sim... é, com certeza, a povoação de Deming. Uma terra excelente e civilizada onde nem sequer há xerife. Persistes na ideia de nos estabelecermos aqui, Percy?
Percy, o jogador mais velho, refletiu uns instantes.
— Tenho estado a pensar no assunto e creio que é o melhor. Vamos já sendo bastante conhecidos em todo o Sudoeste e convém-nos um lugar perto da fronteira, onde não haja vigilância.
— Pois aqui não há. Nem sombra.
— Os fazendeiros mexicanos do outro lado da fronteira são gente de dinheiro e jogam forte. Creio que ficaremos ricos em poucas semanas, se formos prudentes.
— Mas primeiro será necessário fazer um pouco de propaganda...
— A notícia de que em qualquer lado se- joga forte espalha-se sem demora.
— Achas que os fazendeiros mexicanos virão assim que saibam que nesta pequena cidade se joga forte?
— Claro que sim! Não o duvido nem um momento. Alguns desses tipos estão cheios de ouro e a única coisa de que precisam é de emoções fortes. Para eles só tem interesse uma partida quando estão em jogo cinquenta mil dólares. Dentro de uma semana não teremos mãos a medir. Sempre considerei que os lugares bons para este negócio não são as grandes cidades, mas sim as terras pequenas, sobretudo se estão perto da fronteira entre os dois países. E aqui não há xerife que nos incomode, não te esqueças...
O chamado Len soltou uma gargalhada, quando o seu companheiro Percy acabou de falar.
— Como procederemos, desta vez?
— Como sempre fizemos. Eu entro primeiro na cidade, hospedo-me no melhor hotel, se é que há algum de categoria superior à de uma cavalariça, e observo as pessoas. Um dia depois, organizo uma partida, como por acaso. Então entras tu.
— Claro... — murmurou Len, com ar aborrecido. — Sei o meu papel de memória. Vejo-te jogar, digo que és um medroso e um batoteiro e desafio-te para uma partida de cinco mil dólares. As apostas vão subindo até trinta ou quarenta mil. Quando as pessoas veem isso, animam-se, sobretudo se cometemos alguns erros. Nunca falha.
Percy soltou, por seu turno, uma nova gargalhada.
— Trazes os dólares falsos para jogarmos um com o outro?
— Decerto. Se este negócio obrigasse a trazer constantemente quarenta mil dólares autênticos, não seria negócio.
Agora, os dois cúmplices riram ao mesmo tempo. O mais velho, Percy, levantou a mão e anunciou:
— Vou dignar-me entrar na cidade. Vocês acampem onde quiserem. Mas não se esqueçam que amanhã — e olhou especialmente para os três pistoleiros — têm de entrar em Deming e de fingir que não nos conhecemos. Vocês têm apenas a missão de nos proteger. O resto é connosco.
Os dois pistoleiros acenaram afirmativamente ao mesmo tempo, mas não proferiram uma palavra. Eram tipos calmos, taciturnos, queimados pelo sol, nos quais só o brilho dos revólveres e dos olhos parecia ter um pouco de vida. Percy esporeou o cavalo e desceu à cidade. Encaminhou-se para o «saloon», para lhe dar uma vista de olhos, antes de procurar hotel. Um «saloon» onde o fugitivo Larsen pensava na maneira de conseguir arranjar duzentos mil dólares...
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