Joe Ringo analisou a sua má sorte, a sua impotência. No mais
íntimo do coração do vaqueiro, havia o sentimento de que estimava de verdade,
profundamente, aquela rapariguita valente e abnegada. Ressoavam em seus ouvidos
as palavras suplicantes aos pistoleiros de Cameron, quando a corda dobrada do
laço lacerava as suas costas. Não sabia o seu nome porque o de Jim era
fictício. Mas estava seguro de que o seu coração lhe pertencia, de que, se não
o amava, sentia por ele um profundo por ele profundo apreço.
Mas… onde demónio estava aquela mina de ouro?
Fora um néscio em não lhe fazer a pergunta no devido tempo.
Se o tivesse sabido, conheceria agora, certamente, para que ponto devia
encaminhar-se a fim de atacar. Porque não deixaria pedra sobre pedra até
Cameron e os seus sequazes pagarem o que lhe tinham feito.
De vaqueiro solitário e pacífico, amigo de toda a gente,
considerado por todos os seus semelhantes, convertiam-no numa fera sedenta de
vingança. Ela estaria de dia e de noite pensando nele, pedindo, suplicando a
Deus que se apresentasse em seu auxílio.
E devia socorrê-la acima de tudo, ainda que nisso
sacrificasse a própria existência.
Dominado por este pensamento, o vaqueiro começou a nadar com
fúria, sem se lembrar dos seus ferimentos, sem ter presente que o
desfalecimento começava a dominá-lo. Assim continuou algum tempo, até que,
rendido, sem alento, se deteve na margem do riacho, completamente extenuado
sobre a areia cálida.
Os raios de sol iluminavam aquela paisagem bravia, inundaram
de uma vida nova a aridez do sítio. Ringo não soube o tempo que permaneceu
naquela posição, até que, erguendo-se penosamente, se encaminhou para as
primeiras árvores do bosque. Cambaleando, mergulhado num mar de confusões,
avançou mais e mais, para desembocar nos abertos espaços a planície. A sua
mente funcionou com maior sensatez, procurando orientar-se.
O vale era longe dali e não lhe era possível lá chegar. Tão
pouco tinha qualquer ideia de que por aquelas imediações existissem ranchos,
cabanas ou acampamentos de pessoas honradas que o auxiliassem. E sem armas, sem
cavalos, sem munições, estava totalmente perdido. A fome começou a assediá-lo,
embora a mitigasse com algumas bolachas duras que ainda conservava no bolso das
calças. Sentou-se à sombra de uma árvore e, encostando-se ao tronco, principiou
a meditar. Estava vencido, quase sem ânimo para se mexer dali. E tudo estaria
perdido para ele, se não fosse aquela ânsia vingadora que o invadia, aquele
desejo de fazer alguma coisa por… «ela»!
Sem comentários:
Enviar um comentário