No momento em que Alan se dispunha a entrar no armazém,
adiantando-se um pouco aos companheiros, saia dali o que lhe pareceu um ciclone
branco que foi chocar com ele, sem que nada pudesse fazer para o evitar.
Instintivamente abriu os braços e amparou a jovem mais bela
que tinha visto nos dias da sua vida; ficou fascinado a rever-se nuns
formosíssimos olhos de amêndoa onde se lia perturbação e assombro.
Por um momento, permaneceram ambos naquela posição, até que,
pálida de medo, a rapariguinha soltou um grito, ao mesmo tempo que recuava,
saltando, com os olhos muito abertos e fitos na selvática figura seminua que se
erguia na frente dela. Mas, ao ver que essa terrível figura a olhava com
espanto e sem mostrar a menor intenção de a agredir, o medo foi dando lugar a
uma raiva tremenda, injustificada na realidade, mas talvez compreensível como
natural reação contra o susto sofrido.
- Seu bruto! Não vê para onde vai?
E, deixando-se dominar pelos nervos, descarregou sonora
bofetada na cara do caçador.
Mas, se até àquele momento, Alan estivera demasiadamente
surpreendido para reagir, a pancada fê-lo saltar como impelido por mola de aço.
Agarrou a desconhecida pelos ombros, com as suas mãos fortíssimas, e a luz dos
olhos, agora de um azul metálico, assim como a extraordinária força do rapaz,
paralisaram a jovem, que o fitou de novo, aterrada; após uns instante de
hesitação, Alan baixou a cabeça e beijou os lábios vermelhos e entreabertos
que, pelo inesperado do ato, nem sequer puderam tentar a fuga.
(Coleção Búfalo, nº 27)
A seguir: Vivian corre perigo de morte
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