Ergueu a vista de novo e enxugou o suor que lhe escorria
pela cara. Tornou a olhar e sorriu. Mas agora não contemplava a paisagem.
Olhava, com expressão alegre, para os amplos currais recentemente construídos,
as estâncias consertadas, a moradia que fizera com a ajuda de Walt para o
pessoal do rancho, e pensava nas arrecadações ainda não feitas, mas que
tencionava erigir para nelas guardar a forragem, com vista a épocas difíceis e
aos invernos mais duros. Olhou para além para trás do lugar onde se encontrava
e, quando ouviu o eco de tremendos golpes, começou a cantar com voz estentórea:
Lily, amo-te, Lily
Lily, adoro-te, mulher
Lily, vá aonde eu for
Lily, prometo voltar.
Lily, não sabes que me custa
Lily, ignoras o que eu sei
Lily, por meu revólver juro
Lily, voltarei, voltarei, voltarei.
Ai, Lily, Lily, meu amor
É para ti o meu cavalo
Quando eu morrer.
Acabou a canção. O silêncio imperou no vale durante uns
segundos e, logo depois, as machadas que ouvira antes ressoaram ainda mais
tremendas e vigorosas. O velho Walt agradecia a seu modo a inesperada
intervenção do cantor do vale.
(Coleção Bufalo, nº 24)
Sem comentários:
Enviar um comentário