A guerra estava longe de Big Spring. Mas mesmo assim,
chegavam ali os últimos abalos com que o terrível monstro sacudia os recantos
mais afastados do sacrificado Sul. As mulheres caminhavam apressadas pelas ruas
e quando se encontravam duas amigas, cochichavam entre si as notícias recebidas
de seus filhos que lutavam na Virgínia, Carolina ou na Geórgia.
Estas notícias traziam sempre a tristeza a todos os rostos,
pois embora no ano de 1862 a Confederação tivesse ainda a iniciativa dos
combates, muitos rapagões louros, morenos, altos ou atarracados, fertilizavam
com o seu sangue as cálidas terras do Sul. Mesmo com a Vitória, a Morte é
sempre terrível.
Big Spring perdera grande parte do bulício que a
caracterizava. As crianças e os velhos enchiam as largas e longas ruas, outrora
sempre agitadas por alegres galopadas, risos, chalaças e algum tiro uma vez por
outra.
Agora quase sempre reinava o silêncio. E esse silêncio pressagiava em
muitos corações que, uma vez terminada a guerra, nem tudo voltaria à situação
anterior. As disputas bélicas mudam a fisionomia dos povos e marcam o ponto
final de épocas, melhores ou piores, mas que nunca voltam. Com frequência, as
guerras destroem a crosta de civilização dos homens, deixando a descoberto as
suas mais violentas paixões e apetites; numa guerra há demasiados motivos para
perder o cavalheirismo, a fidalguia e a razão. Em tais circunstâncias, a
selvajaria e a brutalidade reinam até que a morte põe fim a tais horrores
(Coleção Arizona, nº 19)
A seguir:
(Coleção Arizona, nº 19)
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