Consuelo Fajardo colocou as suas botas sobre a rocha e meteu
os pés na água do límpido charco.
Avançou dois passos levantando a saia, quando a água atingiu
os joelhos. Olhando por cima da rocha, certificou-se de que Syd Jones não podia
vê-la. Dissera-lhe que desejava só uns minutos para se «refrescar».
Calculou que sentando-se podia tomar um banho completo,
visto que em volta do manancial havia matagais e não podiam vê-la da estrada
nem do arvoredo, entre o qual o vaqueiro prendera os cavalos.
Voltou a sair da água para tirar o colete que pôs junto das
botas. Estava desabotoando a blusa quando, reprimindo uma exclamação de
desgosto, olhou fixamente para Syd Jones.
O vaqueiro, contornando as rochas, parou a dois passos. A sua
voz, enrouquecida, suplicava:
- Eu posso fazer-te esquecer qualquer amor passado, Chelo.
Por ti, estou disposto a tudo.
Ela tentou afastar o perigo, gracejando:
- Trabalharias, Syd? Vamos, não sejas criança, e continuemos
a ser amigos como até agora…
Syd Jones, impelido pelo instinto que aquecia o seu sangue
jovem, embaraçou a mexicana num apertado abraço. Os seus lábios percorreram com
ansiedade a face da rapariga, procurando a boca.
Ela tentava desprender-se, revoltando-se com ferocidade. O
musgo escorregadio fê-los cair a ambos, abraçados. A ofegante respiração de Syd
Jones queimava o rosto da jovem que tentava esquivar os lábios.
A boca dele colou-se-lhe à face e toda a sua feminilidade se
revoltou, porque Syd Jones era agora um vaqueiro enlouquecido, de pernas
rígidas e difícil de ceder.
Consuelo Fajardo sentiu nas ancas o duro contacto
cilíndrico; a sua mão escorregou até segurar a coronha. Premiu o gatilho…
A esmagadora ferocidade de Syd Jones converteu-se de repente
em abandono desconcertante. Ela fugiu para um lado, empurrando Syd Jones que
ficou estendido de bruços com os braços abertos.
(Coleção Arizona, nº15)
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