A tarde declinava rapidamente, enquanto a caravana de
linchadores subia a colina. O Sol assemelhava-se a um disco vermelho sobre os
picos das serras no Oeste e até ao Oriente a terra começava a cobrir-se de
sombras.
Cooper, rodeado por quatro cavaleiros de durus rostos e más
expressões, voltou-se na sua sela para olhar Archer que vinha mais atrás.
Levava as mãos atadas nas costas e já lhe tinham passado o laço pelo pescoço,
cuja ponta era levada por um dos homens de Kenton. Reconheceu o caminho por
onde passara aquela manhã. Não tinha imaginado, então, que iriam terminar tão
rapidamente os seus dias.
O seu olhar cruzou-se com o de Archer que sorriu duramente.
Erguido sobre o seu grande cavalo, o gigante sentia-se dono absoluto da
situação. Quase todos aqueles homens eram gente de Kenton que lhe obedecia
cegamente. Agora os seus gritos pediam, sem cessar, a morte de Cooper.
- Quero que me julguem lealmente! – gritou Clay. O seu tom
expressava cólera e rancor, mas não medo. – Há autoridades e juízes no condado.
Sim, há – riu desdenhosamente Archer. – Mas neste momento
não estão aqui, e nós gostamos de fazer justiça rapidamente. Não é, rapazes?
Um coro de gritos afirmativos fez eco com as suas palavras.
E eles impediram, com selvagens insultos, que Cooper pudesse fazer-se ouvir. A
algaraviada aumentou quando chegaram ao pé da árvore.
Um dos que escoltavam Cooper procedeu ao lançamento da corda
sobre um ramo. Compreendia que tinham chegado ao final do caminho. Nada nem
ninguém ia impedir que o senhor da comarca executasse friamente mais um crime
com toda a impunidade. Mas, apesar da sua juventude, Clay Cooper lamentava mais
a sua morte pelo que ia representar para
outras pessoas: Fay Bolto e o pai, e seus primos.
Sacudiu-se ferozmente sobre o cavalo, increpando Archer:
- Cobarde! Asqueroso assassino! Cobarde! Não pudeste
vencer-me limpamente e agora vales-te disto.
Um novo alarido de gritos e insultos calou a sua voz.
Archer, sorrindo, não fez caso do insulto. Tudo o que Cooper lhe tinha feito e
o que dizia agora ia pagá-lo dentro de minutos.
O homem que apanhou o outro extremo do laço já o tinha atado
ao tronco da árvore. Lefty pôs-se atrás do cavalo de Cooper, com um chicote na
mão para lha bater nas ancas, assim que Archer desse o sinal. Este, quando tudo
estava pronto, levantou a mão sã. Fez-se um silêncio impressionante o qual foi
aproveitado por Cooper para gritar:
- Cão assassino! Há-de chegar o teu fim! Um fim pior que o
meu!
O aludido franziu a testa. Era supersticioso e aborrecia-o
as maldições dos moribundos. Apressou-se a baixar a mão.
Instantaneamente, Lefty bateu no cavalo de Cooper o qual deu
um passo para diante. A figura de Cooper saltou no ar, agitando-se no extremo
da corda.
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