Do cimo do monte Taylor, o cavaleiro havia contemplado,
naquela manhã, um panorama extraordinariamente maravilhoso. Frondosas colinas
que iam declinando para o sul até se fundirem com uma ampla planície de cor
acinzentada, pintalgada de grandes manchas verdes, um extensão escura ainda
mais longe que se identificava com o horizonte, os picos agrestes dos montes
Zuni ao oeste, até ao Arizona, o planalto «Cebola» - uma linha de lados
rochosos, irregulares, cor de tijolo – elevando-se sobre as terras planas para
o sudoeste, e uma ampla faixa de vegetação, de largura diferente e
ziguezagueante, que partia a planície ao meio de Noroeste para Sudoeste. Uma
paisagem formosa, especialmente para um homem que vinha das desoladoras
imensidades do Noroeste do Novo México e do Sul de Utah.
Sim, mas isso fora pela manhã. Agora, a meio da tarde, o
cavaleiro pensava coisas muito diferentes, enquanto contemplava «aquilo».
«Aquilo» era um burrinho morto a tiro, ao lado dos restos de
um acampamento saqueado, e dois homens, um deles ainda um rapaz, enforcados
sob a copa ampla de um algodoeiro. Eram ambos mexicanos, a julgar pelas suas
roupas e, pelos visto, pastores. Dois homens enforcados, um burrito morto, um
acampamento saqueado… e até uma dezena de vacas e bezerros, mortos a tiro,
sobre ao quais pousara um bando de abutres poucos minutos antes de o cavaleiro
ter chegado àquele lugar trágico.
Agora os abutres protestavam, agoirentos, enquanto
revoluteavam pelo ar ou permaneciam pousados nas rochas mais próximas. O animal
montado pelo cavaleiro desconhecido escarvava o solo, inquieto, e aquele
contemplava os cadáveres dos dois pastores com o semblante carregado.
(Coleção Arizona, nº 13)
A seguir: um lugar pouco agradável
(Coleção Arizona, nº 13)
A seguir: um lugar pouco agradável
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