A tragédia consistiu nas relações amorosas que Graford
manteve com uma jovenzita – Ava era o seu nome – de espírito romântico e débil
constituição física. Era a antítese de sua mãe, Martha Nye, uma jovem viúva
saudável, de transbordante e contagiosa alegria.
Nada havia a dizer em desabono da sua honra, embora andasse
sempre em festas, bailes e receções, divertindo-se e animando toda a gente com
a sua graciosa desenvoltura e riso saltitante. Vestia as cores mais garridas e
orgulhava-se de proclamar que a tristeza era uma doença estúpida, contraída
pelas pessoas sem valor bastante para a combater.
Ava apaixonou-se pelo noivo – Graford – de tal maneira que
vivia apenas por ele e para ele. O casamento anunciava-se para breve.
Entretanto, Graford reconheceu não a amar bastante para fazer dela sua
companheira de toda a vida. E, de um dia para o outro, desfez o compromisso. A
rapariga recolheu-se na sua tristeza, perdeu o apetite, e o depauperado
organismo tombou numa tuberculose fulminante.
Martha Nye procurou Graford e implorou-lhe uma visita a sua
filha. Ele, embora contrariado, acedeu. Era tarde, porém. Além disso, Ava
compreendeu bem que só por comiseração ele consentira em regressar, quando
pretendia muito mais. Pouco tempo depois, morreu com o desgosto e a sua paixão.
A partir desse dia, Martha vestiu-se de negro, deixou de rir, renunciou a
festas e a todas as relações, a todas as amizades, encerrou-se em casa, donde
saía somente todas as tardes, para ir ajoelhar-se aos pés da campa da filha. A
dor silenciosa e profunda daquela mãe impressionava toda a gente. Alguém a
denominou «dama de luto» e por esse nome era conhecida em toda a região.
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