Ela caminhava de cabeça baixa, procurando evitar as pedras.
Somente depois de Kendall ter revistado as bagagens dos bandidos e encontrado
uma jaqueta que lhe deitou sobre os ombros e ajudado a içar-se para os
cavalos, e montar por sua vez depois de atar os outros na arreata, é que o
interpelou:
- Como conseguiu encontrar-me?
- Por pura casualidade. Eu caminhava para o Sul quando vi o
clarão de incêndio de sua casa e fui para lá ver o que se passava. A meio
caminho cruzei-me consigo e com esses três, mas então ignorava que a levavam.
Segui em frente e encontrei a sua mãe e os seus irmãos com… Bem, já sabe. A sua
mãe contou-me o sucedido e, então, vim seguindo a pista deixada por essa
gentalha, chegando a tempo de evitar um montão de coisas. É tudo.
- Eu já tinha perdido toda a esperança… Nunca esquecerei o
que lhe devo, senhor…
- Kendall, Jeff Kendall. Esse é o meu nome e não posso dizer
agora que me sinto orgulhoso daquele que o ostenta. Conhece esta região?
Pergunto se sabe da existência de algum arroio ou manancial aqui perto.
Tinha falado voluvelmente para ocultar à rapariga a estranha
agitação que o dominava agora. Ela não o devia ter notado, porque assentiu.
-- Sim. Há dez anos que estamos nesta região. O meu nome é
Ruth Denning… há um arroio a milha e meia de distância para o sul…
- Então iremos para lá, se você nos guiar. É preciso
tratar-lhe bem dessa ferida, e parar-lhe a hemorragia e evitar possíveis
afeções.
Cavalgaram em silêncio, sob as estrelas, afastando-se da
trágica cabana. Kendall tinha agora o cérebro cheio de extraordinários
pensamentos e preocupações, todos eles concentrados naquela bela e valente
rapariga que acabara de salvar de uma horrível sorte. O que ela pensava era uma
incógnita…
Uma escassa meia hora depois, alcançaram uma azinhaga e no
centro um estreita e cantante corrente de água fria que rebrilhava À luz do
luar.
(Coleção Arizona, nº 13)
A seguir: ondas de fogo nas veias
Sem comentários:
Enviar um comentário