sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

PAS178. Encontro com a morte

Callahan cavalgava pela grande ganadaria que lhe pertencia, entre o gado, examinando-o de passagem com olho certeiro. Estava satisfeito com o aspeto das reses. Desde que chegara o veterinário Gregory, com o seu saber, propondo planos, indicando tratamentos e regras para atender devidamente à saúde e higiene do gado, este tinha progredido sensivelmente em apresentação, peso e raça. A temível febre aftosa assim como outras doenças tinha desaparecido, depois de ter produzido sensíveis baixas.
Um gamo assustado passou-lhe pela frente, fazendo dar um salto ao pacífico cavalo que arrebitou as orelhas e relinchou. Callahan tranquilizou-o e o animal insistiu no seu nervosismo. Olhava com insistência para um grupo de rochas, voltando a cabeça e pretendendo romper a galope. «Amigo», o cavalo, nunca tinha sido medroso nem excitável. Tinha já os seus doze anos de idade e muita experiência para se portar como qualquer potro de dois anos que passasse ali pela primeira vez.
Callahan esporeou o animal, ainda que lhe custasse, para fazÊ-lo entrar na razão. Não gostava que ele se comportasse assim. E «Amigo», de má vontade, voltou a garoupa àquelas rochas.
Callahan ouviu então o fragor de uma detonação nas suas costas. Talvez não chegasse sequer a ouvi-la, porque, no mesmo instante, algo terrível, ocorreu no seu cérebro, na sua nuca. Foi tudo como a passagem de um sopro. Mas naquele lapso de tempo infinitesimal, passou da vida para a morte. O que costuma acontecer quando se recebe uma bala de revólver, calibre «45», em plena nuca.
O granadeiro caiu para diante, com os braços pendentes. «Amigo» encabritou-se relinchando de dor e assombro. Callahan, então, escorregou por um dos lados e rolou para o chão. Estava morto. Pelas costas, escorria-lhe um regueiro de sangue, manchando-lhe a jaqueta cinzenta.
«Amigo», indeciso, entranhadamente amigo do seu pobre dono, deteve-se, olhando em roda, cheio de pânico. Soou outra detonação; a bala silvou muito perto da sua cabeça. Então o cavalo afastou-se a galope, ladeira abaixo.
(Coleção Pólvora, nº 48)

Sem comentários:

Enviar um comentário