Burt Goodrich tirou o revólver, e recebeu um projétil no centro da testa, caindo.
—Todos a ele! — gritou Hayden.
Os seus quatro cowboys e ele estacaram ao mesmo tempo. Beerman e Paul empurraram violentamente o que tinham ao lado, fazendo-lhe perder o equilíbrio.
Instantaneamente, a sala converteu-se num inferno. Os «Colts» bramaram atirando fogo e chumbo pelas suas negras bocas. Dois vaqueiros caíram dando gritos e contorcendo-se.
Clinton Hayden, com os dentes apertados, começou a andar para Keith disparando, mas só deu um passo. Um projétil atravessou-lhe a garganta, e os seus olhos pareceram querer escapar-se das órbitas. Soltou o revólver e abriu os olhos como se lhe faltasse a respiração. Num segundo um caudal de sangue manchou-lhe o peito. Quis sacar o outro «Colt», mas só lhe faltaram as forças e caiu lentamente no chão.
Yerbi recebeu um impacto numa perna, e também perdeu o equilíbrio. Estendido no chão continuou disparando, até deixar vazios os seus cilindros. Neste momento, o último dos cowboys que lá havia morreu.
Beerman, agarrando numa arma, correu para junto de Keith.
—Agora virão os outros I... São muitas dezenas.
— Temos que fugir, Yerbi!... Ajuda-me a levantá-lo, Paul!...
Ouviu-se que lá fora corria gente. Urna tropa de ginetes aproximava-se pela rua.
—Já aí estão! —disse o sheriff.
—Dá-me um par de pistolas! gritou Keith. — Ao menos ensinamos-lhe a morrer!
Paul deu rapidamente o que ele pedia, e voltou várias mesas para que lhes servissem de resguardo. Os três dirigiram os pontos de mira para a porta de entrada. Esta abriu-se, aparecendo diante dos seus platónicos olhos Lucy Stanley.
— Lucy! — gritou Keith. — Afasta-te daí imediatamente!... Atira-te ao chão!
— Agora acredito que acabará a luta! — exclamou a jovem, olhando para Yerbi. —Que se passa?
—Trouxe comigo os agricultores.
Beerman levantou-se, arreliado.
—Conseguiu-o, Lucy? Limitei-me a seguir as suas instruções. Achavam-se a trinta milhas de Monte Pelado, como você disse. Não foi difícil convencê-los.
Ao ver o cadáver de Clinton Hayden, o seu rosto tornou-se sombrio.
—Saiamos daqui — disse o sheriff. —Keith está ferido, mas penso que não é de importância...
A própria Lucy deixou que o ressuscitado passasse o braço em volta do seu pescoço para lhe servir de apoio, e do outro ~
lado pôs-se Paul. Quando estava na rua Beerman perguntou:
— Quem será o homem que foi confundido consigo, Keith?
—O mesmo que mudou a gravação do ano na cruz de Reginald Owen.
—Como se chama?
—Desi Farwell.
Todos mostraram a maior surpresa ao ouvir o nome do anormal que era da equipa do «Rancho Stanley».
—Como é isso possível? —perguntou Lucy.
Keith explicou:
—Fui-lhe simpático, e preocupou-se bastante por mim sem eu saber. Esta manhã, depois de te ires embora, visitou-me. Tinha-te seguido, supondo que ias reunir-te comigo. Então contou-me a sua parte na minha simulada ressurreição. Ele tinha amizade com a tribo «kiowa» a que ajudou Paul para conseguir a droga que iria adormecer-me. Faz-lhes uma visita todas as semanas, e coincidiu ali com Paul. Não deixou que você o visse —Yerbi olhou o ajudante—e quando se foi embora, soube pelo índio que lhe tinha entregado as plantas. Então assistiu ao meu enforcamento, e ao ver que ia ser enterrado pensou em mudar aquela data da cruz, segundo me disse, para provocar em mim ânsias de vingança. Casualmente tudo esteve a favor dessa ideia, já que parece que despertei muito antes do que vocês tinham imaginado.
—Pobre Desi! —murmurou Lucy.
— Disse-lhe que não fizesse nada, que estivesse quieto, porque ele queria colaborar comigo. Ao voltar para o rancho inteirou-se da armadilha que me tinham feito, e quis ocupar o meu lugar adiantando-se, pensando que eu quando ouvisse o tiroteio voltaria para trás e me salvaria. Sinto que se tenha sacrificado! Pobre rapaz!... Tinha razão. Era um herói.
—Como conseguiu você passar pela rua sem ser visto? —perguntou Beerman, depois dum silêncio.
— Desde as três da tarde que estou na cidade. Fi-lo para evitar contratempos.
—Por isso não o encontrei na cabana!
— Escondi-me num pequeno quarto que tinha alugado exatamente por cima donde Clinton se colocou com vocês para assassinar-me. Bastou que desse um par de dólares ao simpático velho que é o dono da casa.
Na rua havia mais de quarenta cavaleiros. Um deles, com o braço ao peito, desmontou e aproximou-se de Keith.
—Reconhece-me? —perguntou sorridente.
—Claro que sim, Tom Sullivan, o jovem que tirei do milheiral.
—Alegramo-nos infinitamente de que esteja vivo. Devemos-lhe muito.
—Cala-te, rapaz. Ê a William Meredith que têm que tomar por modelo. Viveu e morreu por um nobre e justo ideal. Se este se transformar em realidade, devem-no somente a ele...
A notícia da morte de Clinton Hayden corria de boca em boca, e os seus homens não se fizeram esperar. Alguns cowboys chegaram à rua, e continuaram o seu caminho sem disparar um tiro só.
Beerman atuou rapidamente e decididamente, fazendo valer a sua autoridade para desbaratar qualquer possibilidade de luta.
Koehler foi preso no seu quarto e encerrado no cárcere.
O projétil que tinha penetrado na perna de Keith tinha saído, só lhe causando pequenos estragos nos músculos. O doutor que o assistiu assegurou-lhe que em três semanas ficaria como novo.
Antes de amanhecer, o sheriff pediu a Sullivan e aos demais agricultores que regressassem ao seu ponto de partida e esperassem a decisão duma convocação de ganadeiros que Lucy faria para tratar de devolver-lhes imediatamente as suas terras, enquanto não se lesse a sentença do Tribunal Supremo.
Sem comentários:
Enviar um comentário