A rapariga premiu o gatilho da arma que empunhava, embora sem a intenção de feri-lo. Apontou por cima da cabeça, convencida de que daquele modo se faria obedecer.Mas…
A detonação foi repetida várias vezes pelo eco das paredes. Eva teve a impressão de haver disparado várias vezes. Viu Gidconese estacar, petrificado, oscilar e fazer esforços para não perder o equilíbrio, e finalmente, tombou no solo.
Já não se ria. Da sua cabeça jorrava sangue…
- Kerry! – gritou ela, horrorizada. – Eu não quis… Oh! Meu Deus!
Deixou-se cair de joelhos ao lado dele, precisamente no instante em que o xerife, descalço, assomava à porta do quarto.
- Que sucedeu, Eva? Como? Um homem ferido? Está morto! Diabo! Gidconese! Por que fizeste isso, menina?
A jovem, em cujo rosto se pintavam o assombro e o terror, mirou-o de olhos fora das órbitas.
- Não quis… Disparei… Mas… Meu Deus1 Tem piedade de mim!
Weston, o xerife, moveu a cabeça como se prestasse atenção a qualquer coisa.
Muito próximo, ouviam-se já numerosas vozes de homens que chamavam Gidconese, o lenhador, em alta gritaria.
- Corre! Depressa! – exclamou Weston, obrigando a rapariga a levantar-se e empurrando-a para o quarto. – Foge daqui. Esses homens já estão irritados só de julgarem que não respeitaste o seu chefe. Vamos! Corre e esconde-te na floresta. Quando tudo serenar, irei buscar-te.
Ela obedeceu maquinalmente. E, enquanto saía pelas traseiras da casa, murmurava:
- Matei o Kerry! E ele ria-se…!
Aterrada, desapareceu na escuridão da noite. No ar havia um eco sinistro, sibilando, que lhe percutia nos ouvidos:
«Mataste-o! Mataste-o! E ele ria-se!»
(Coleção Búfalo, nº 54)
Weston convence Eva que matou Kerry e leva-a a fugir. Mas será que tanto eco escondia mais algum tiro do que o da jovem?
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