O «okarpi» só existe em determinada região do Canadá. Só uma tribo índia fez uso dele em toda a história da América. Há cinquenta anos, a tribo dos «kiombes», um ramo reduzido do grande tronco índio que vivia entre a fronteira do nosso país e o Canadá, foi dizimada por uma estranha enfermidade.
A tribo que se compunha de mais de trezentos membros, foi diminuindo pouco a pouco. Só ficou o chefe e poucos mais. Um dia, esse chefe convocou os sobreviventes para a sua tenda e ofereceu-lhes uma infusão. Depois de a tomarem, comunicou-lhes que havia envenenado o seu povo, incluindo-se a si próprio. Tinha tomado essa decisão após muitas noites de insónia. Os estrangeiros, os homens brancos, acabariam por expulsá-los das suas terras, tal como vinham fazendo desde havia um século. Tinham sido inúteis as lutas travadas durante muitas gerações. Eles, que viviam nas costas do Atlântico, tinham-se retirado, pouco a pouco, para o interior do país. A sua vida era cada vez mais difícil. O fim seria a exterminação total. Mas o responsável perante os espíritos dos seus superiores convenceu-se de que valia mais o suicídio que passar por semelhante humilhação.
Tinha-os envenenado a todos com «okarpi». Era um veneno que ele próprio encontrara quando jovem. Disse que o «okarpi» provinha de um arbusto. Era uma semente, encerrada numa cápsula, e em cujo interior existiam pequenos grãos. Bastava que estes tomassem contato com água quente para a contaminarem.
O efeito do veneno era lento. Uma pessoa que o tivesse ingerido duraria entre quinze a vinte dias. Mas o final seria sempre o mesmo: a morte inevitável.
(Coleção Búfalo, nº 52)
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