De súbito, ressoou um estampido na sala do tribunal. e Sherry pôs-se em pé com presteza, enquanto Steve se voltava procurando o autor do disparo.
Cocklin jazia morto com o revólver ainda na mão.
No umbral, via-se Lorna empunhando um rifle ainda fumegante.
Pálida e assustada, contemplou Cocklin e explicou:
- Ia matar-te... Ia matar-te...
Sherry pôs-se de pé e correu ao seu encontro enlaçando-a pela cintura.
- Lorna - exclamou com paixão - não fizeste mais que defender-te! Matar-te-iam também a ti.
Apaixonadamente, Sherry beijou-a, esquecendo a presença dos mortos e inclusivamente daqueles que os podiam contemplar. Depois, encostou a face à da pequena e murmurou:
- Julguei que te havia perdido para sempre e a única coisa que me importava era deixar uma boa recordação da minha passagem. Queria que me devesses a mim a tua felicidade futura.
Lorna sorriu por sua vez.
- E espero dever-ta sempre, sempre...
Steve acercou-se dos dois enamorados com expressão grave e disse:
- Sherry... Conway está a morrer e quer falar com vocês...
Os dois jovens aproximaram-se do ferido, que respirava cada vez com mais dificuldade. Larry Conway olhou-os fixamente e, como se quisesse assegurar-se de que se tratava mesmo deles e murmurou, com voz fraca, e que parecia exigir-lhe grande esforço:
- Tenho de pedir perdão aos dois...
Lorna, assustada pelo seu aspeto, rogou-lhe:
- Não te canses agora... Deves poupar forças...
Larry mexeu a cabeça tristemente.
- Sei que acabei e não queria marchar deste mundo sem obter o vosso perdão. Embora não o saibam, fiz-lhes muito mal...
- Então... tu...?
Não acabou a frase, que o ferido continuou:
- Sim... Fui eu quem excitou os ânimos para te lincharem. Tive um mau momento porque a amava muito a ela... Depois, quando voltaste à cidade, quis matar-te e só provoquei a vossa união. Hoje compreendi o meu erro e o crime que estive quase a cometer. Sherry - rogou - diz-me que me perdoas...
Com toda a sinceridade, o mancebo respondeu:
- Sim, Larry. Perdoo-te de todo o coração.
- E eu também, Larry - acrescentou Lorna.
Um sorriso doloroso se desenhou no semblante do ferido.
- Obrigado - murmurou.
Uma tosse súbita acometeu-o e o seu rosto contraiu-se pelo sofrimento. Os seus músculos afrouxaram e ficou imóvel com o olhar fixo no tecto, como se quisesse um esclarecimento sobre qualquer coisa eternamente misteriosa.
(Coleção Búfalo, nº 60)
Cocklin jazia morto com o revólver ainda na mão.
No umbral, via-se Lorna empunhando um rifle ainda fumegante.
Pálida e assustada, contemplou Cocklin e explicou:
- Ia matar-te... Ia matar-te...
Sherry pôs-se de pé e correu ao seu encontro enlaçando-a pela cintura.
- Lorna - exclamou com paixão - não fizeste mais que defender-te! Matar-te-iam também a ti.
Apaixonadamente, Sherry beijou-a, esquecendo a presença dos mortos e inclusivamente daqueles que os podiam contemplar. Depois, encostou a face à da pequena e murmurou:
- Julguei que te havia perdido para sempre e a única coisa que me importava era deixar uma boa recordação da minha passagem. Queria que me devesses a mim a tua felicidade futura.
Lorna sorriu por sua vez.
- E espero dever-ta sempre, sempre...
Steve acercou-se dos dois enamorados com expressão grave e disse:
- Sherry... Conway está a morrer e quer falar com vocês...
Os dois jovens aproximaram-se do ferido, que respirava cada vez com mais dificuldade. Larry Conway olhou-os fixamente e, como se quisesse assegurar-se de que se tratava mesmo deles e murmurou, com voz fraca, e que parecia exigir-lhe grande esforço:
- Tenho de pedir perdão aos dois...
Lorna, assustada pelo seu aspeto, rogou-lhe:
- Não te canses agora... Deves poupar forças...
Larry mexeu a cabeça tristemente.
- Sei que acabei e não queria marchar deste mundo sem obter o vosso perdão. Embora não o saibam, fiz-lhes muito mal...
- Então... tu...?
Não acabou a frase, que o ferido continuou:
- Sim... Fui eu quem excitou os ânimos para te lincharem. Tive um mau momento porque a amava muito a ela... Depois, quando voltaste à cidade, quis matar-te e só provoquei a vossa união. Hoje compreendi o meu erro e o crime que estive quase a cometer. Sherry - rogou - diz-me que me perdoas...
Com toda a sinceridade, o mancebo respondeu:
- Sim, Larry. Perdoo-te de todo o coração.
- E eu também, Larry - acrescentou Lorna.
Um sorriso doloroso se desenhou no semblante do ferido.
- Obrigado - murmurou.
Uma tosse súbita acometeu-o e o seu rosto contraiu-se pelo sofrimento. Os seus músculos afrouxaram e ficou imóvel com o olhar fixo no tecto, como se quisesse um esclarecimento sobre qualquer coisa eternamente misteriosa.
(Coleção Búfalo, nº 60)
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