Todos julgavam ter sido vítimas de um pesadelo, pois a arma aparecera na mão de Louis como por artes mágicas. O movimento do seu braço foi tão veloz, que ninguém teve tempo de o ver, parecendo impossível que pudesse antecipar-se ao cintilante «sacar» de Milford Hughes. Uma ideia cruzou a mente deste. Passou a língua pelos lábios ressequidos e murmurou:
- Você é… Louis Adams.
- O próprio – respondeu o célebre pistoleiro, zombeteiro. – E demonstrei-lhe que não é rival adequado para mim, pois apesar de ser o primeiro a «sacar» eu disparei antes e só me limitei a destroçar-lhe o revólver. Compreenderá que me tinha sido mais fácil despedaçar-lhe o coração.
Este via que era verdade. O seu inimigo podia tê-lo matado. Sentia uma estranha sensação interior, notando o relaxar dos nervos e tinha que fazer um grande esforço para não deitar a correr, cheio de medo.
- Confio que dará aos senhor Beynon as provas da minha cumplicidade com os ladrões –prosseguiu a inexorável voz do «gun-man».
Milford continuou silencioso.
- Ouviu o que eu disse?
- Sim.
- Então… porque não responde?
O sangue subiu à cara do capataz.
Senhor Beynon, é verdade, não tenho nenhuma prova…
- Já é suficiente. Pode-se ir embora.
…
Célia olhava admirada a imponente silhueta do pistoleiro. O seu cérebro era um caos de pensamentos que, em vão, tentava ordenar. Um sobressaía dos restantes. Dave Smith, o homem que amava, era o «gun-man» cuja fama correra todos os Estados. Era Louis Adams. Este nome martelava uma vez e outra vez na sua mente.
Beynon olhava perplexo aquele vaqueiro que pertencia ao seu grupo. Nunca teria acreditado que, escondido naquele ativo «cow-boy», hábil e trabalhador, se ocultava um dos pistoleiros mais notáveis do Oeste.
(Coleção Búfalo, nº 55)
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