O maior perigo que o ameaçava eram os homens. Deles sim, deles é que devia ter receio. Estava cansado da existência que levara no decorrer dos últimos seis anos, mas enquanto se chamasse Louis Adams não podia ser outra coisa. A sua temível fama atraía sobre si o temor ou a inveja dos outros.
Um pensamento indefinido, que até então perpassara pelo seu cérebro, acabou de se formar. Estava decidido, mudaria de nome; Louis Adams desapareceria.
Só tinha estado uma vez na Califórnia. A sua estadia durara pouco tempo e não tivera nenhuma rixa, para temer ser reconhecido.
Galopou durante o dia inteiro sem cessar, embora sem se esforçar, excetuando uns instantes em que parou para comer. Atravessou uma aldeia e viu outras, durante a sua caminhada. Quando chegou a noite, procurou um lugar apropriado para acampar.
O dia seguinte, até pouco antes do meio-dia, foi quase igual. Só variou quando chegou a um cruzamento de caminhos e leu numa placa de sinalização: New City, cinco milhas.
Parou e o seu olhar deteve-se naquelas letras, durante alguns segundos. Foi como que um pressentimento, algo mais poderoso que a sua própria vontade o impelia a dirigir-se para aquela cidade que, na realidade, devia ser uma aldeia, embora a fantasia dos seus habitantes lhe tivesse dado aquele nome de tão lisonjeiro futuro.
E Louis Adams, como se andasse atrás do seu próprio destino, dirigiu-se para aquele caminho que, uma vez percorridas cinco milhas, o deixaria em New City.
(Coleção Búfalo, nº 55)
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