PAS232. A fuga do desesperado

Viu nos seus rostos o desejo de o despedaçarem.
Lentamente, começou a recuar, sem voltar as costas aos adversários. Estes seguiam-no, com expressão ameaçadora, com desejos de o matar. Se fraquejasse ou conseguissem desarmá-lo, estava perdido.
E, de súbito, alguém arrojou uma manta sobre ele. Fez fogo, mas não pôde desembaraçar-se daquela armadilha que lhe haviam estendido. Centenas de mãos se agarrarem a ele, sujeitando-o e imobilizando-o. Depois, desarmaram-no. Viu os rostos que o rodeavam e que o fitavam com ódio, desejando matá-lo, com o propósito de acabar com ele. Lutou em vão para se desenvencilhar, mas não o conseguiu, e os seus verdugos esbofetearam-no, tentando arrastá-lo para uma árvore próxima. Sherry compreendeu que ia morrer e o seu temperamento de lutador não podia resignar-se com esta situação. Continuou nas suas tentativas de se desenvencilhar e a sua mão alcançou a coronha de um revólver. Agarrou-a com decisão e depois disparou. Ouviu-se um gemido e um dos seus adversários caiu sem vida.

Houve um período de estupefação e o jovem tornou a disparar. Dois dos seus inimigos deixaram de o agarrar e ergueu a mão armada, batendo em torno de si e ameaçando com o revólver.
Novamente se afastaram com terror e Sherry visou-os com a arma. A sua expressão já não era a mesma de antes, nem voltou mais a ser.
Desta vez não falou. Deitou a correr, disparando em forma de leque, para formar uma barreira de chumbo que o protegesse. Não muito longe, encontrou um cavalo e saltou-lhe para o selim.
Antes de dar esporas, contemplou a multidão que esperava o instante de se lançar em sua perseguição e exclamou:
- Não descansarão em paz... Porque eu prometo que hei-de voltar.
Depois, partiu, impetuoso como uma flecha.
Lorna abriu, então, passagem entre todos, cjamando-o com desespero:
- Sherry! Sherry!
Mas Templewood já não a ouvia.
Os tempos foram passando e começaram a chegar notícias e boatos acerca do jovem. Já não era o cavaleiro alegre e arrogante que tinham conhecido em Dottown. Era um desesperado.
(Coleção Búfalo, nº 60)