quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

KNS128.05 Uma sova das antigas

No «saloon» fez-se um profundo silêncio. Alguns homens tinham-se apressado a afastar mesas e cadeiras para junto das paredes, deixando o espaço suficiente para os contendores.
Savold olhou desdenhoso a elegante figura do seu inimigo. Cerrou os punhos com força e deu um passo em frente. Não o golpearia com força excessiva, mas o bastante para aturdir o aventureiro e dominá-lo, recreando-se no castigo que lhe propinaria; e, apesar da presença do xerife, não descansar enquanto não o liquidasse. Tinha de aproveitar essa oportunidade, que se lhe apresentava tão inesperadamente.
Os seus braços robustos moveram-se apressadamente e os seus punhos estavam preparados para esmagar Ron. Um sorriso de antecipado triunfo assomou aos seus lábios. Atirou o seu braço direito com toda a força, de punho fechado, mas não encontrou o desejado alvo. Perdeu o equilíbrio ; mas antes de retomá-lo, recebeu um potente soco na face esquerda, que o fez retroceder alguns passos.
Ouviu-se uma exclamação de assombro. Os espectadores animaram-se, ao ver a aparente facilidade com que Delaney evitou o formidável soco de Savold, ao mesmo tempo que lhe atirava um esquerdo à cara, com uma precisão matemática.


Uma terrível imprecação saiu dos lábios de Savold. Embora o soco lhe fizesse doer, sentiu-se mais furioso ao ver-se ridicularizado. Olhou com ódio o seu antagonista, que se achava direito, dono de si mesmo. As escuras pupilas estavam fixas em Ron, observando os seus movimentos.
Acercou-se dele para o atacar de mais perto e poder agarrá-lo. Já se preparava para lançar um terrível direto, com o punho direito, quando se deteve bruscamente. O punho esquerdo de Ron alcançara-lhe o nariz. A pancada foi seca, dolorosa.
Savold reagiu com presteza. Mas recebeu outro soco, no lado oposto. Savold encaixou-o estoicamente, decidido a lançar-se num ataque desenfreado, mas o seu adversário já não estava na sua frente. Com um salto ágil passara para o lado esquerdo. Voltou-se.
Mas Ron, demonstrando uma pasmosa agilidade, já estava a seu lado, cruzando-lhe o maxilar com um direito. Savold foi de novo impelido para trás. Passou a mão pelo rosto. O nariz sangrava. Ficou furioso.
Avançou decidido e antes de chegar a conveniente distância, começou a golpear, a torto e a direito, sem deixar de avançar. Ron agachou-se tranquilamente, enquanto os punhos do seu contendor passavam por cima da sua cabeça. Então, com extraordinária rapidez, disparou meia dúzia de socos ao estômago de Savold, que soltou um rugido de dor.
Apesar disso, e espumando de raiva, atirou-se com todo o seu peso contra o jovem, procurando agarrá-lo. Ron, porém, sem perder a serenidade, conservou os braços colados ao peito, não deixando espaço para ser apanhado. O corpulento rancheiro arquejou, soprando de raiva.
Nesse momento, Ron estendeu-se para a frente, de cabeça baixa, com a qual embateu no baixo-ventre, ao mesmo tempo que, com uma pancada seca dos seus punhos de aço lhe fazia levantar as pernas.
Em virtude desses movimentos, Savold deslizou pelas costas do seu adversário e caiu, estendido no solo. Levantou os braços com rapidez, como se quisesse proteger-se, certo de que o seu inimigo se aproveitaria da sua posição desvantajosa. O seu instintivo movimento de defesa resultou inútil, visto que Ron Delaney permanecia imóvel, esperando que ele se levantasse. Soou uma gargalhada ante a sua ridícula posição de sapo.
— Não se levante, Savold — disse o jovem, num tom irónico. — Descanse um bocado...
— Maldito! Matá-lo-ei!
Pôs-se em pé, de um salto. O seu adversário era hábil e rápido, escapava-se-lhe com uma facilidade diabólica, exasperando-o. Desejava ver-se numa encarniçada mudança de golpes, onde pudesse impor a sua força física. Então, teria ocasião de castigar Delaney, deixando-o desfeito, à sua mercê.
Lançou-se ao ataque, com a mesma tática, esperando igualmente que Ron adotasse a sua anterior para o massacrar na nuca e agarrá-lo pela cintura. Mas enganou-se.
Como se adivinhasse a sua intenção, Ron mudou de tática e saltou para o lado, atacando-o de ilharga. A luta foi espetacular, fazendo rugir de entusiasmo os espectadores.
Apesar de pertencer-lhe a melhor parte da luta, Ron tinha um corte na sobrancelha esquerda e um pómulo inchado, enquanto o rosto de Bert Savold oferecia um aspeto horrível, sangrando com abundância de todos os lados, prova concludente da potência e precisão dos punhos do seu antagonista.
Ron socava-o incansavelmente, evitando ser alcançado pelas terríveis manápulas de Savold. A sua serenidade e agilidade impuseram-se, obrigando o corpulento rancheiro a bater em retirada. A ocasião não podia ser melhor para persegui-lo e propinar-lhe um severo castigo, mas ele sentia-se fatigado pelo formidável esforço e preferiu refazer-se.
Os dois adversários fitaram-se com atenção, preparados para saltar um contra o outro. Agora, Bert Savold já não confiava cegamente na sua vitória. O maldito forasteiro era mais forte e hábil do que ele imaginara.
Abandonou então a fanfarrona atitude, que adotara desde o princípio. E começou a mostrar-se mais cauteloso, os punhos levantados, à altura do rosto, os cotovelos pegados ao corpo, como se o essencial fosse cobrir-se dos socos lançados pelo seu antagonista.
Ron sorriu impercetivelmente. A moral do seu adversário baixara de uma forma considerável. Devia aproveitar-se dessa circunstância, iniciando uma ofensiva demolidora.
Savold não dava mostras de querer atacar. Foi Ron que se dispôs a fazê-lo. Avançou com lentidão, inexorável, mas sem se deter. As suas pernas moviam-se com uma celeridade desconcertante. E foi nesse momento que a sua esquerda partiu como uma flecha, dando em cheio no nariz do rancheiro.
Savold sacudiu a cabeça, furioso, ao receber o violento soco. Tentou devolver o golpe, mas logo Ron lhe atirou outro golpe da direita, contra o maxilar, que o fez retroceder. Já não teve tempo de refazer-se, porquanto o jovem saltava continuamente, de um lado para outro, enquanto os seus punhos não descansavam.
Bert Savold já não fazia outra coisa, senão bloquear os socos, mas nem isso conseguia. Completamente sereno, Ron precisava-os de uma forma matemática. Savold parou, esgotado, cobrindo-se o melhor que pôde, quase agachado. Então, o seu contendor deteve-se e propinou-lhe cinco golpes, nas partes descobertas.
O rancheiro não pôde evitar que os seus lábios soltassem um gemido de dor. Foi uma questão de instantes. O reflexo de nato lutador, mais do que vê-lo, adivinhou o queixo de Savold a descoberto. Então, agachou-se ligeiramente para se erguer logo como impelido por uma mola, colocando um gancho tão terrível que o rancheiro foi levantado no ar para cair pesadamente de costas.
Com a certeza de que a luta havia terminado, Ron respirou com força. Mas ficou surpreendido, ao ver que o rancheiro punha as mãos no chão e com um prodigioso esforço de vontade se colocava de joelhos. Parecia-lhe incrível que não tivesse ficado fora de combate.
Gritos de entusiasmo soaram no «saloon». Os espectadores estavam excitados pela fantástica, exibição feita pelo novo dono do estabelecimento. Esses gritos causaram tão desagradável impressão em Bert Savold, que reagiu e conseguiu pôr-se de pé. Avançou para Ron. E atirou com toda a força que lhe restava o seu punho direito. Mas o jovem abaixou ligeiramente a cabeça, para evitar o potente soco, ao mesmo tempo que estendia os dois braços.
Alcançado de novo no rosto, já tumefacto, Savold vacilou, embora num alarde de coragem conseguisse manter-se firme. Essa verticalidade não durou dez segundos, pois recebeu, nesse curto espaço de tempo, uma saraivada de golpes, que o fizeram vacilar e dobrar os joelhos.
Ron inclinou-se para trás e para o lado esquerdo e, com um gancho do lado oposto, cruzou o queixo do rancheiro. O efeito foi fulminante. Bert Savold caiu de borco, sem sentidos. Uma cerrada ovação e gritos estentóreos coroaram a especular vitória de Ron Delaney. Babe Custer sorria tranquilo. Já esperava isso mesmo. Ele considerava-se mais potente e perigoso do que Savold. Mas nem por isso queria ver-se em frente do seu amigo, em situação idêntica. Receava-o pela sua desconcertante rapidez. Ron acolheu, sorridente, as felicitações dos seus fregueses. Passou o lenço pelo seu rosto ensanguentado.
— Podem beber o que quiseram.
Estas palavras foram acolhidas com mostras de agrado e todos se precipitaram para o balcão, desejando brindar pela vitória do dono da casa. Só os vaqueiros de Bert Savold ficaram imóveis, contidos em respeito por Babe Custer, que os não perdia de vista. Mas estava tranquilizado. Nenhum deles se dispunha a vingar a derrota do seu chefe.
Entretanto, comentou, sorridente:
— Não te aconselho a ganhares muitas lutas como esta. De contrário, ficaremos arruinados.
— Estás a tornar-te tacanho, Babe ! —repreendeu-o Ron, sorrindo.
Subiu ao piso superior e, desnudando-se da cintura para cima, lavou-se convenientemente. Sentiu um grande alívio ao notar a frescura da água.
Quando tornou a vestir-se, examinou-se ao espelho. Viu apenas um corte na sobrancelha, mas que já não sangrava, um pómulo inchado e dois arranhões. Não pôde deixar de sorrir, ao verificar que se saíra bem da terrível peleja. Dentro de poucos dias já não se notaria nada. Em troca, Bert Savold teria de ficar na cama, para se refazer da memorável tareia recebida e esperar que o rosto voltasse à normalidade.
Agora ficava sabendo de que força era o seu inimigo. Não se atrevia a atacá-lo de frente. Quando muito poderia estender-lhe uma emboscada para o liquidar. Mas isso não lhe importava. Já estava acostumado a tratar com indivíduos do seu calibre. Georges Clifford era tanto ou mais temível do que ele e, no entanto, fora-lhe fácil matá-lo, embora tivesse perdido a vantajosa situação que gozava em S. Francisco. Nesse momento, estava resolvido a que não lhe acontecesse o mesmo.
Lutaria com ardor para limpar a região de todos os foragidos e pistoleiros. O vale prometia converter-se numa importante cidade. Não podia tolerar a presença desse «trust», impondo a sua lei com o apoio do «Colt» dos seus sequazes. Presenciara, indignado, a discussão sobre a compra do gado de Johnston e como este tivera de aceder às exigências de Bert Savold, com o receio de ser vítima de uma emboscada, onde os seus homens caíssem.
Encheu um copo de uísque. Paul Adams tinha sempre no escritório uma garrafa de excelente qualidade e resolveu continuar com esse costume. De vez em quando, gostava de beber um gole, como nessa ocasião. Saboreou a aguardente, enquanto enrolava um cigarro. Bateram à porta.
— Entre !
Ron não pôde deixar de franzir a testa ao ver entrar o xerife, que fechou a porta.
— Faça o favor de sentar-se. Quer beber?
— Agradeço-lhe.
Ron esboçou um sorriso, enquanto enchia o copo ao seu visitante. Estava com curiosidade de saber o motivo da sua ida ali. Ao vê-lo, pela primeira vez, teve a impressão de que se tratava de um homem honrado e continuava a julgá-lo assim. E talvez estivesse enganado. Se fosse um oportunista, podia estar acostumado a receber dinheiro de Adams e, provavelmente, desejaria continuar com esse costume. Se era essa a sua intenção, enganava-se por completo. Não obteria nada dele.
— Felicito-o! — disse, olhando-o fixamente. —Este uísque é de excelente qualidade...
— Adams já o tinha... De resto, faço questão por vender no meu «saloon» todas as bebidas da melhor qualidade.
Aquela réplica indicava a certeza da sua suspeita. Lamentou-o por isso. Ter-lhe-ia agradado que o xerife fosse uma boa pessoa, para contar com a sua ajuda na luta contra o .«trust», senhor absoluto da região.
— A que devo o prazer da sua visita, xerife?
— Antes de mais nada, quero felicitá-lo. O senhor lutou de uma forma admirável. Bert Savold possuía, na região, fama de invencível, pela força, brutalidade e astúcia... Mas foi vencido com uma facilidade espantosa.
— Desde muito novo, fui obrigado a lutar... E aprendi a atacar e a defender-me.
— De uma maneira formidável. Esta manhã é que me inteirei do que aconteceu ontem à noite. Fiquei surpreendido, mas não desgostoso. Paul Adams talvez não fosse um mau homem, embora pouco escrupuloso. Broad Pace não perdeu com a troca e é possível que tenha ganhado.
— Procurarei que seja sempre assim...
— O senhor devia ter-me participado que tomara posse do «saloon».
— Disse-o ao juiz. Julguei que era o bastante.
— É possível que noutros Estados seja assim. Mas aqui, não. O senhor é forasteiro e ignora muitas coisas. Vou inteirá-lo de algumas, uma das quais é que as relações entre o juiz Godfrey e eu não são cordiais...
Ron fez um esforço para não expressar assombro. Mas tal esforço não passou despercebido ao xerife, que sorriu, pelo efeito das suas palavras.
— É esta a realidade. Ocorrem aqui muitas coisas que me desgostam e, sem embargo, tenho de permanecer impassível, sem fazer nada para as evitar.
— O senhor é a máxima autoridade.
— Não ! É o juiz Godfrey. Eu só poderia intervir ao possuir uma prova concludente, informando o governador do que acontece em Broad Pace.
Ron abanou a cabeça, como que a indicar que deplorava esse estado de coisas. Agia com cautela.
— Também me desagradou a sua conduta, ontem à noite, com Paul Adams, ao obrigá-lo a vender-lhe o «saloon».
— Não lhe restava outra possibilidade. Depois do que aconteceu, ele não podia ficar na povoação.
— Quis fazer batota?
— Sim, senhor.
— Porque impediu que o linchassem?
— Condeno actos desses e opus-me. Creio que o senhor também teria feito o mesmo.
— Sim. Mas prendê-lo-ia... O senhor resolve as coisas com excessiva ligeireza...
— É possível. Trata-se de um defeito que não tenho podido corrigir...
— O senhor arranjou um temível inimigo em Bert Savold.
— Não tem importância. Esse homem e eu ainda nos defrontaremos. Nada poderá impedi-lo.
— Não percebo.
— A bofetada que me deu, foi vingada, sobradamente. Recebeu uma sova mestra, que jamais me perdoará e procurará liquidar-me de uma ou de outra forma. Embora nada disso tivesse acontecido, a rivalidade entre ambos havia de existir.
— Porquê?
—É muito simples. Pouco antes da peleja que tivemos, Bert Savold fez uma transação que me causou uma impressão péssima. Empenhar-me-ei para que não torne a dar-se o mesmo.
— Refere-se à compra do gado de Johnston?
— Sim! Creio que é esse o nome do rancheiro.
— Porque o desgostou essa operação?
— Acaso não viu já que, mais do que uma exploração, é um roubo autêntico?
O xerife moveu a cabeça afirmativamente. Foi nesse instante que Ron compreendeu que não se enganara, na sua primeira impressão. O xerife era um homem honrado.
— Não me é possível fazer nada para evitar isso. O juiz mostra-se um decidido protetor desse maldito «trust». Ao que parece, tudo se faz com aparente legalidade. Nenhum rancheiro é obrigado a vender as suas reses. Oferecem-lhe um preço e ele aceita-o. É normal, não há nada suspeito que me obrigue a intervir.
— E os rancheiros não se queixam ?
— Quase todos, mas não oficialmente. Estão atemorizados. Alguns opuseram-se a ser expolia-os e tentaram levar as suas manadas. Mas nenhum escapou com vida aos ataques dos bandidos.
— Em parte, compreendo o terror dessa gente. Mas não devem submeter-se a essas injustiças.
— Impuseram o terror.
— Pois eu não o tolerarei!
O xerife fitou-o com curiosidade. Não compreendia o interesse que podia levar aquele rapaz a fazer frente ao poderoso «trust». Tratava-se de uma empresa, donde o mais provável era ser morto. E sem embargo, no seu rosto resoluto notava-se a determinação de cumprir a sua palavra.
— Escute, Delaney. Não compreendo o motivo que o leva a agir dessa forma.
— É muito simples, xerife. Quando eu cheguei a Broad Pace, a sua situação...
Interrompeu-se. A porta acabava de abrir-se. Ia levar a mão ao «Colt», quando viu Babe Custer.
— Que queres, Babe ?
— Nada! Como estavas a demorar-te, vim ver o que se passava.
— Fizeste bem. Senta-te. Estamos a falar com o nosso xerife, num assunto interessante.
Babe sentou-se e encheu um copo de uísque.
— Como lhe ia dizendo, ao chegar a Broad Pace vi que a sua situação é admirável e oferece um brilhante futuro. Tornei-me dono deste «saloon», de sociedade com este meu amigo e companheiro, Babe Custer. Se a povoação prosperar, nós também prosperaremos. É este o motivo que me leva a opor-me a esse «trust».
— Eu já calculava! — exclamou Babe Custer.
— Que queres dizer? — Tive o pressentimento de que aquele negócio do gado te indignou!
— E a ti, não?...
— Atreves-te a perguntar-me isso ?1...
— Eu supus...
— E afinal, não me disseste nada... E estava impaciente por conhecer a tua decisão.
O xerife sorriu francamente ao ouvir esta discussão original. Aqueles dois homens eram completamente alheios ao que se passava no vale, e, no entanto, ambos estavam resolvidos a combater o poderoso «trust», sem os preocupar o perigo que teriam de enfrentar.
— Para que te havia de dizer fosse o que fosse, se estava absolutamente convencido de conhecer a tua opinião?
Babe voltou-se para o xerife e lamentou-se :
— Não se pode tratar com Ron Delaney, caro senhor. Leva sempre a sua avante, sem lhe importar a opinião dos outros.
— Se o senhor está conforme...
— Que remédio tenho eu!
Ron e o xerife puseram-se a rir, ante a expressão resignada de Babe. Depois, o xerife pôs-se de pé:
— Afinal, o senhor ainda não me explicou bem o seu interesse. O senhor nada tem a perder. Pelo contrário, o vale é frequentado por gente sem escrúpulos e isso para vocês é um bom negócio.
— Não creia, xerife. Eu posso ganhar muito dinheiro, é certo, mas também estou exposto a receber uma bala. Nunca permiti, nem permito que num estabelecimento meu se faça batota. Este é um dos aspetos. O outro ainda é mais importante. Se se conseguir restabelecer a ordem, Broad Pace aumentará, e mais ainda se se conseguir que o caminho de ferro chegue até aqui. Um «saloon» é necessário. Toda a gente que trabalha e ganha dinheiro, precisa de divertir-se. E eu procurarei dar-lhe divertimentos diversos, que estão no meu plano... Como vê, os meus lucros serão superiores.
— Tens razão, rapaz ! — exclamou o xerife, estendendo-lhes a mão, que ambos estreitaram. —Estou orgulhoso por ter conhecido dois valentes.
— O senhor é muito generoso...
— Nada disso... Só lamento não poder oferecer-lhes todo o meu auxílio. Mas contem comigo.
E com um cordial movimento de despedida, o xerife saiu do escritório. Os dois amigos fitaram-se sorridentes.
— Boa pessoa! — comentou Ron.
— Excelente homem — concordou Babe. —Mas agora diz-me: não existe outro motivo, além dos dois que citaste?

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