KNS128. Epílogo

Dois dias depois, realizou-se o julgamento do juiz e dos pistoleiros sobreviventes.
O júri foi inflexível, condenando à morte esses criminosos. Lawrence Godfrey, o homem soberbo, ávido de poder e dinheiro, manteve-se firme, imperturbável. Ninguém o viu estremecer. Nem mesmo no momento de parar a sua montada, debaixo da árvore onde seria enforcado, nem quando sentiu na garganta o nó da corda de cânhamo. Os outros também sofreram a mesma pena.
Quando tudo acabou, as gentes mais destacadas da povoação afastaram-se. O xerife ia à frente, ao lado de Ron e de Babe.
— Nunca esqueceremos o que o senhor fez, Ron Delaney. Por que não aceita o cargo de juiz?
— Obrigado. Não posso aceitar. Deve haver gente mais competente para isso, do que eu... De resto, vou vender o «saloon» e deixar Broad Pace...
— O senhor afirmou que a nossa terra teria um futuro brilhante.
— E repito-o. Mas Babe e eu partiremos.
— O senhor não pode fazer isso, não deve...


O hercúleo Custer, de rosto infantil, sorriu e disse num tom enigmático:
— Xerife! Faça de conta que não disse agora nada. Espere até amanhã...
Quando se separaram do xerife, Ron fitou o seu amigo:
— Que quiseste dizer?.
— O que ouviste: que esperem até amanhã...
— Porquê?
— Talvez esta noite, mudes de opinião...
— Não mudarei! — asseverou, num tom firme.
— Nunca se podem fazer afirmações tão categóricas! Que diabo ! Por causa de uma mulher não vamos perder um paraíso.
— Vai para o diabo ! — retorquiu, furioso, voltando-lhe as costas.
Foram encontrar Danny acordado. A seu lado, Virgínia estava intensamente pálida. O doente estendeu a mão a Ron, que teve de apertar-lha.
— Meu grande amigo. Nunca lhe poderemos pagar tudo quanto fez por esta terra...
— Já sei... Todos me dizem o mesmo.
E furioso, deu meia volta e saiu apressadamente. Os três olharam-se e Babe foi o único que sorriu, fazendo um sinal significativo a Virgínia:
— Agora, compete-lhe a si.
Ela hesitou por instantes, mas levantou a cabeça e, sem responder, saiu também. Os dois homens olharam-se sorridentes. Danny perguntou:
— Ela conseguirá?
— Podes ter a certeza de que, dentro de pouco tempo, Ron Delaney será teu cunhado.
Ron acabou de encher o copo, levantou a cabeça e olhou estupefacto para a porta, onde se destacava a encantadora figura de Virgínia.
— Quero falar... consigo, Ron.
— Para me insultar outra vez? — perguntou, num tom amargo.
— Nunca poderá perdoar-me isso?
Ele levou o copo à boca. Virgínia, porém, segurou-lhe o braço, com toda a sua força.
— Não deve beber...
— Um copo não me faz mal...
Ron sentia-se desassossegado, pela proximidade dela.
— Custer disse-me que...
— Que lhe disse esse charlatão? — interrompeu, colérico.
— Que... estás enamorado de mim!
— Traidor! Desta vez é que vai ficar-lhe de emenda...
E tentou sair. Mas Virgínia dão o deixou levar a sua avante.
— Traidor?! Então, é verdade !... Dessa vez foi ele que não pôde responder. Virgínia rodeou-lhe o pescoço com os braços e muito naturalmente deixou os seus lábios à disposição do homem que amava.
— Virgínia! Isso não está bem.
— Porquê?...
Ele deu-se por vencido e beijou-lhe a adorada boca, pondo nesse beijo toda a paixão reprimida durante tanto tempo.

FIM