sexta-feira, 1 de julho de 2022

FBV026.07 Revelação importante: o homem que subiu pelas traseiras

Efetivamente, a "Loira" e o vigilante tinham fugido

 — Vejo que a conhece bem — disse Dave com interesse.

— O "saloon" está aqui em frente e, de vez em quando, Jane oferecia-me uma garrafa... Boa rapariga, digo-lhe eu! Ao contrário, Tony era um fanfarrão, um desordeiro, que julgava que nada lhe podia ser recusado.

— Sendo como diz, amigo, porque é que o povo reagiu daquela forma? Os habitantes de Candelaria sempre foram pacíficos,

— Jane criou muitos inimigos, pois houve quem pensasse que ela era uma qualquer, e não lhe perdoaram, depois, que os tivesse repelido.

— Estes parecem os melhores, Dave — afirmou "Niño", apontando para dois dos animais.

Dave concordou e perguntou ao homem:

—Quanto custam?

— São os dois melhores animais que tenho! O seu amigo tem bom olho! Quarenta dólares por cada um, penso que não será excessivo.

Dava não se encontrava em condições de discutir, porque tinha pressa. Tirou do bolso um maço de notas, contou oitenta dólares e entregou-os ao homenzinho.

— Que fizeram da rapariga? — perguntou o homem dos cavalos.

— Está em lugar seguro e só a entregaremos se nos prometerem que a julgarão.

— Não haverá julgamento! O rancheiro Madigan dispõe de muitos homens. Tarde ou cedo, vocês cairão nas suas mãos. Quando isso suceder, vocês os dois e a “Loira" acabarão os vossos dias, pendurados numa árvore.

— Se é tão amigo da “Loira", como diz, podia ajudar-nos...

— Estou pronto a fazê-lo!

— Então, escute: quando o xerife regressar, diga-lhe que viemos aqui e que estamos dispostos a entregar-lhe a rapariga, se ele nos prometer que fará o julgamento.

Fez-se uma pausa. O homem teve um gesto de dúvida.

— Crê que isso favorecerá a "Loira"?

— Sim, creio. E diga-lhe também, que, dentro de três dias, voltarei a saber resposta.

O homem dos cavalos acenou com a cabeça, a concordar, e lamentou:

— E pensar que eu vi esse maldito do Tony, quando se dispunha a subir!

O comentário produziu estranha reação em Dave.

Como podia ele ter visto Tony Madigan se a porta da cocheira dava para as traseiras do "saloon"

"Niño” olhava o homem com ar estupefacto, confundido pelo que acabava de ouvir.

— É certo que viu chegar Tony? — inquiriu, por fim, Dave.

— Como o estou vendo a si, agora. Vi-o de costas quando subia pela janela do quarto de Jane.

Dave quase ficou sem fala. Diabos! Aquilo era mais importante do que surpresa! O homem que fora visto não podia ser Tony, que entrara pela porta da frente.  Não podia ser senão o assassino! Jane tinha dito a verdade! Nada tinha que ver com o assassínio do filho do rancheiro!

Passou a mão pela fronte suada. Tomou o cavalo pelas rédeas e saiu para a rua, seguido de "Niño". Afastaram-se a trote e não falaram, enquanto não abandonaram a povoação.

Então, "Niño" exclamou:

-- A rapariga falava verdade! O tipo que entrou pela janela foi quem liquidou Tony.

— Assim deve ter sido, "Niño". Mas como tem ela em seu poder os dois mil dólares do morto?

"Niño" encolheu os ombros.

— Não sei. Mas já não tenho dúvidas da inocência da rapariga.

Era verdade. A revelação do homem dos cavalos dava um novo aspeto ao caso. Tinha tratado a rapariga com demasiada dureza, mas, agora, iria fazer tudo para demonstrar aos habitantes de Candelaria e ao pai de Tony Madigan, que Jane nada tinha a ver com a morte do rapaz. Enquanto tratassem de provar a sua inocência, Jane estaria num bom refúgio, a coberto de todos os riscos.

Sobressaltou-se ao ouvir o trote de vários cavalos, que se dirigiam na direção de Candelaria. Ocultaram-se atrás dumas medas de feno e viram acercar-se um grupo, à frente do qual marchava o xerife, e que, a pouco e pouco, se foi afastando.

Depois de retomar a marcha, Dave comentou:

Temos de procurar um bom esconderijo para a rapariga, para atuarmos sem preocupações.

— Vais ajudá-la? — perguntou "Niño".

— Sim. Todos nos enganamos uma vez por outra.

Quando chegaram perto do local onde tinham deixado Jane e o rapaz, desmontaram e subiram o íngreme caminho levando os cavalos pelas rédeas. "Niño" foi o primeiro que reparou na ausência da rapariga e do outro tipo.

— Não estão!

Efetivamente, a "loira" e o vigilante tinham fugido.

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