quinta-feira, 30 de junho de 2022

FBV026.06 A fuga de cavalos que enganou os perseguidores

Era já noite quando avistaram as primeiras casas de Candelaria. A povoação parecia calma.

— Temos de chegar ao escritório do xerife, sem ser vistos — disse Dave, em voz baixa.

Começou a andar, seguido pelo companheiro. Tinham adotado um ar descuidado, como se fossem dois pacíficos vizinhos, mas levavam as mãos caídas ao longo do corpo, perto dos revólveres. Andaram algum tempo sem encontrar vivalma, até desembocarem na rua principal.

Quando cruzavam em frente duma taberna, as portas batentes abriram-se. Era demasiado tarde para se esconderem.

— Calma — recomendou Dave a "Niño".

O bebedor, um tanto alegre pelas variadas libações, fixou-se em "Niño", não reparando em Dave. Avançou para o mexicano e deu-lhe uma palmada familiar no ombro. "Niño” voltou-se rapidamente, cravando-lhe o cano do revólver no estômago.

— Quieto, idiota!

O borracho obedeceu, mas não pôde evita r uma exclamação de surpresa. Dave entrou, naquele momento, em ação.

De um salto, colocou-se ao pé do borracho, batendo-lhe com força na nuca, com a coronha da arma. O tipo vacilou e não chegou a cair, porque "Niño" o recebeu nos braços, deixando-o, depois, cair, lentamente, para o chão.

— O que foi, Bill? — perguntou uma voz do interior.

Dave fez um sinal ao companheiro e começaram a afastar-se. Mas o tipo que tinha feito a pergunta a Bill, surpreendido por este não responder, saiu da taberna.

 Viu o companheiro estendido no solo e duas sombras que me afastavam pressurosamente, e gritou.

— Cuidado, rapazes! São os amigos da "Loira”.

 Quatro homens saíram da taberna, todos de armas na mão.

— Vão pela rua abaixo — indicou o que saíra primeiro.

Dave e "Niño” pressentiram o perigo. Tinham sido descobertos no momento mais inoportuno. Detiveram-se atrás dumas pesadas barricas.

— Ao solo — gritou.

Os cinco homens avançavam para eles, tomando toda a largura da rua. “Nino” foi o primeiro a fazer fogo e o homem que caminhava no meio deu um salto para o lado, disparando ao mesmo tempo.

A rua começou a animar-se. Vários homens se juntaram aos que atacavam e algumas mulheres não cessavam de apostrofar os "malditos intrusos".

— Isto está muito feio — comentou Dave, enquanto disparava sobre um dos assaltantes, que vinha junto à parede.

Começaram a recuar e quando chegaram à esquina deitaram a correr. Foi ao voltar de novo, desta vez à direita, que "Nino" fez uma descoberta. A menos de vinte metros, estavam dois cavalos.

— Justamente o que precisávamos.

Correram para os animais. Estavam quase a chegar junto deles, quando dois tiros saudaram a sua presença. Eram os proprietários dos animais que tratavam de "caçá-los". A velocidade que levavam, salvou-os de serem atingidos, pois os atiradores não puderam precisar a pontaria.

"Niño" deteve-se apenas um momento para disparar sobre o local donde tinham vindo os tiros. De entre as sombras, um indivíduo se pôs em pé. Deu alguns passos/cambaleando e, por fim, caiu de borco sobre a madeira do passeio. O seu companheiro tentou mudar de posição, mas Dave disparou, fazendo com que ele rodasse ainda um ou dois metros, para depois cair e ficar imóvel.

Peia esquina mais próxima, apareciam, agora, os primeiros perseguidores. Uma aparição que coincidia com o galope dos cavalos, assustados pelas detonações. Tinham deixado escapar a melhor oportunidade de fugir!

Dispunham-se a fazer frente aos que chegavam, quando alguns destes começaram a gritar:

— Escaparam-se!

— Temos de persegui-los!

A fuga dos cavalos fora providencial. Efetivamente, os atacantes passaram por eles, sem os verem, berrando imprecações e, pouco depois, escutaram o violento bater dos cascos dos cavalos sobre o solo.

— A sorte está do nosso lado, "Nino". Esses tipos acreditaram que nos escapámos.

— Não tardarão em dar conta do equívoco.

— Iremos ver o xerife. Quando alcançarem os cavalos, pensarão que os abandonámos para os despistar.

Voltaram para trás com todo o cuidado. O xerife não se encontrava no seu escritório. Um contratempo com que deviam ter contado.

— Que vamos fazer agora? — perguntou “Niño".

— Conseguir um par de cavalos... E creio que sei onde.

Pôs-se a caminho sem fazer caso dos protestos do companheiro. Momentos depois chegavam à cocheira publica.

— Vamos roubá-los? — perguntou "Niño". — Temos dinheiro para comprá-los...se é que está algum à venda. Bateu com o punho fechado na porta, até que respondeu uma voz:

— Quem chama?

— Vimos recolher uns cavalos — respondeu.

Apenas a porta se abriu, encostou o cano do revólver h barriga do outro.

— Entra, amigo.

— Que querem? — perguntou, arrastando as palavras como se lhe custasse muito falar.

— Queremos comprar um par de cavalos, amigo.

O homem fitou-os com desconfiança, mas decidiu-se a seguir até ao fim da casa.

— Venham.

E dizendo isto conduziu-os diante de cinco cavalos de boa estampa. Enquanto os dois o observavam, ele comentou:

— Foi uma boa jogada, a vossa.

Dave fitou-o.

— Que quer dizer?

— Uma boa jogada, a de salvarem a "Loira" Jane.

Dave encolheu os ombros e disse:

— Não podíamos permitir que a linchassem. Assassinou um homem, mas tem direito a ser julgada.

O outro olhou para ele com ar incrédulo:

— Já sei, mas... custa-me a acreditar. Uma rapariga como ela, é incapaz de matar alguém e muito menos um tipo como Tony.

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