A voz de «Alto» saiu por detrás de um tufo de árvores quando Mac Gregor com o cavalo a passo, divisava a construção do «rancho» de Terrence.
Puxou com suavidade as rédeas e «Thunder» deteve-se elevando a sua orgulhosa cabeça. Depois, Mac Gregor, pousou ambas as mãos no pomo da sela, enquanto vagueava a vista à sua volta.
Um vaqueiro saiu de um esconderijo com uma arma na mão. Apontando-a ao centro do peito de Mac Gregor, perguntou:
— Que perdeu por aqui, amigo?
— Ainda não sei, vaqueiro. O meu nome é Mac Gregor e desejo falar com Terrence.
— O senhor é Mac Gregor do «Três Barras»?
Perante o mudo assentimento do jovem, o vaqueiro replicou:
— Ah! Nesse caso eu sou o presidente Lincoln.
— Deixe-se de brincadeiras, homem, e leve-me até junto do seu patrão. Irei imediatamente. Mas não sem primeiro... sai daí, Tellow! Desarma este amigo. Veremos o que se fará dele no «rancho».
A figura sombria de outro vaqueiro saiu da parte contrária do caminho. Procurando não se cruzar na linha de tiro do seu companheiro, foi-se aproximando de «Thunder». Uma vez junto do cavalo estendeu a mão para a espingarda da sela.
Mac Gregor deixou-o agir à vontade sem se mover. Não precisamente pelo medo da espingarda do outro, mas simplesmente porque assim lhe convinha. Não tinha ido ali para lutar.
Em menos de cinco segundos, os «Colt» passaram das suas fundas para as mãos do vaqueiro. Então o homem da espingarda fez um sinal.
— Para a frente Mac Gregor. Mas devagar. OC chumbo corre mais depressa.
Silenciosamente, o jovem obedeceu. Com aquela eram várias as coisas que o tinham intrigado desde que pisara os pastos de Terrence. Uma delas, a mais poderosa, a ausência total de rezes. A falta de homens. Agora, aquela receção.
Pouco a pouco foram-se aproximando da casa. Mac Gregor conseguiu ver mais do que um, e todos com espingardas, situados nos lugares mais diversos. Aquilo, mais do que um rancho, dava a sensação de ser um fortim. Porquê?
Precisamente ao fazer a pergunta a si próprio aos seus ouvidos chegou o mugir das rezes. Mac Gregor compreendeu que estas se encontravam concentradas em algum curral situado nas traseiras do edifício. Voltou a perguntar a si próprio porquê.
Sempre sob a ameaça da espingarda, e sem que nenhum dos vaqueiros com os que se cruzaram perguntasse nada sobre esse pormenor, Mac Gregor chegou junto do pórtico.
— Desça. E com cuidado.
Mac Gregor sorriu para consigo. Não importava que o tomassem por qualquer outra pessoa. Nos bolsos levava documentação suficiente para demonstrar a sua identidade, sem qualquer espécie de dúvida. Fez o que o vaqueiro lhe mandava, e uma vez pé em terra, voltou-se para olhar para este.
— E agora que mais?... — Perguntou.
Mas o vaqueiro não lhe respondeu. As suas palavras foram dirigidas para outro deles que se encontrava a menos de três jardas de distância, encostado junto de um dos barrotes da cerca e olhando-os com ar, ao que parecia, aborrecido, mas no fundo mais alerta do que um puma.
— Diz ao patrão que saia, Morris. Pesquei este tipo no caminho. Vamos ver o que ele tem para nos dizer.
O homem deu uma passada impressionante, e encontrou-se, milagrosamente, junto da porta do edifício. Mas não fazia falta a sua presença ali, já que naquele mesmo instante, no umbral, aparecia o fazendeiro.
Mac Gregor não precisou mais do que observá-lo para ver que se tratava de Terrence. Bastante alto e forte como um touro, aparentava uns quarenta anos. Mas Mac Gregor sabia que tinha mais de sessenta, a julgar pelo que tinha ouvido contar em mais de uma ocasião. Cabelo branco, sobrancelhas espessas e hirsutas, o rosto picado das bexigas e porte altivo e desdenhoso, eram as notas mais salientes da sua personalidade, além do duplo cinturão repleto de munições, juntamente com os dois «Colt» de calibre máximo e culatras para fora.
— Que perdeu nas minhas terras, Mac Gregor? -- perguntou após um minuto de hesitação e perante o assombro deste.
Todavia não foi tanto, visto que o vaqueiro, olhava agora para ambos, de boca aberta e sem saber o que fazer da espingarda, que não respondesse rapidamente:
— Assunto a tratar entre você e eu. Posso entrar?
— Ora essa! Entre.
E Mac Gregor seguiu-o para o interior da casa. O vaqueiro ali ficou a olhar para a espingarda. Depois voltou-se para o chamado Morris, perguntando:
— Ouve cá, Morris, que faço eu agora a isto?
— Come-a!
E afastou-se rindo, enquanto o «cow-boy» olhava de revés, para depois dar meia-volta e afastar-se em direção ao lugar que ocupara anteriormente no caminho.
Junto de uma ampla chaminé, Mac Gregor, sentou-se convidado por Terrence. O fazendeiro fez o mesmo a seguir, olhando intensamente com os seus olhinhos estranhamente azuis.
— Faça favor de dizer, Mac Gregor.
E Mac Gregor foi direito ao assunto, como tinha por costume.
— Oh! Julguei que bastaria ver-me, Terrence. Venho para lhe comprar a propriedade. Pago muito mais do que Kennedy. Se isto lhe diz alguma coisa.
Não percebeu a princípio o riso que aflorou aos lábios do proprietário. Mas esperou sem fazer um só gesto que Terrence acabasse de rir. Sofreu uma tremenda surpresa. Porque Terrence começou a dizer:
— Quem foi que disse que eu vendia a propriedade? Certamente que lhe mentiu essa tal pessoa..., e não sei com que intenção. Nunca sairei do «Cruces» é a sua. Mas ir-se-á tal como veio, Mac Gregor, embora em Cheyenne se diga que mantenho relações com essa fera.
— Mas?...
— Não insista. Não vendo a ninguém. E se o fizesse, fá-lo-ia a si. Não pelo dinheiro, precisamente, mas sim porque entre um homem decente e... Alguém fez correr o boato, e não sei com que intenção. Que pensa disso?
Mac Gregor não replicou imediatamente. Com os olhos cravados no rosto de Terrence, parecia querer adivinhar os seus mais recônditos pensamentos. O fazendeiro, adivinhando-o, aguentava o olhar valentemente.
— Quer dizer que alguém propagou a notícia com o único objetivo de me fazer vir aqui? Isso é de todo absurdo!
— Isso é consigo, Mac Gregor. Só me limito a dizer-lhe que o não vendo. Que o «Cruces» não está, nem estará nunca à venda, não obstante o facto de ser um homem como você que o pretende.
Mac Gregor não sabia se devia sentir-se envaidecido pelas palavras de Terrence. Enquanto olhava para ele, o seu cérebro trabalhava ativamente. Se Terrence não mentia, a única verdade estribava-se naquilo: «que alguém tinha tido interesse em afastá-lo em determinada ocasião de «Três Barras» ou de... Marah Stivens!». Seria por acaso Richard Kennedy, talvez? Podia ser a verdadeira razão. Mas, porquê? Então ocorreram-lhe aquelas perguntas.
— Desculpe-me a curiosidade, Terrence — disse, — não vi gado nos seus pastos, mas ouvi-o por detrás do edifício do «Cruces». Um dos seus homens saiu-me ao caminho de espingarda na mão e trouxe-me até aqui. Você tratou-me pelo meu nome quando me viu. Que há em tudo isto, Terrence?
— Ora! São perguntas em demasia para tão curto espaço de tempo, Mac Gregor. Mas vou responder-lhe, se puder. Vi-o várias vezes em Cheyenne, soube como se chamava, como todos os fazendeiros honrados da região. Soube da sua luta pela posse do comércio da cidade. Quanto ao gado, retirei-o dos pastos. Era uma presa a menos para as raposas como Kennedy, sim, porque quem me diz que estes rumores, estes boatos, não são para fazer, pela mesma razão, que eu confie até ao ponto de que qualquer tipo possa cair sobre as reses e dar-me golpe de morte. Então seria forçado a vender, Mac Gregor. Seria a minha ruína, e os homens como Kennedy, que não hesitam em atravessar as entranhas de qualquer pessoa com chumbo, tentariam comprar depois. Por isso reuni o gado junto de casa e ordenei aos meus homens que vigiassem. Emprego essa tática outras vezes.
Mac Gregor pusera-se de pé. Não era preciso continuar a contemplar a cara de Terrence para verificar de que, pelo menos naquilo, o rancheiro não mentia. Este imitou-o, perguntando-lhe:
— Vai-se embora?
— Pois vou, Terrence. Há qualquer coisa que não compreendo. E vamos tirar isso a claro.
Estendeu a mão, que Terrence apertou. Montou e dirigiu-se para o «Três Barras». De ambos os lados do caminho, calhaus, pedras, rochas e espessos grupos de sicómoros e um ou outro pinheiro manso.
A luz pálida do luar foi iluminando o seu caminho, ao mesmo tempo que o povoava de estranhas sombras. Mac Gregor continuava pensativo. Via em tudo aquilo a mão de Richard Kennedy, embora não conseguisse compreender ainda porquê. Não percebia o fim que poderia ter alguém em lançar em Cheyenne o boato de que Terrence deixava a propriedade e estava a tratar disso com o cacique. Que havia ali uma ratoeira para ele, disso não tinha dúvida. Mas qual seria?
E voltou a pensar «nela», no que acontecera aquela tarde no caminho e... Nunca fora homem que se assustasse demasiado, e tinha-o demonstrado uma infinidade de vezes.
Mas perante este último e incompleto pensamento Mac Gregor deu um pulo, maquinalmente, sobre a sela. Depois bateu afavelmente no pescoço de «Thunder», falando-lhe como a uma pessoa.
As patas do nobre animal pareceram perder todo o contacto com a terra. O seu galope tornou-se fantástico e os cascos voaram sobre as rochas, envoltos em pó e pedras do caminho.
Os prateados raios do luar iluminavam à frente dele a grande construção do «Três Barras», precisamente quando uma sombra saiu do refúgio de um espesso grupo de sicómoros galopando na sua direção.
Mac Gregor viu-o e acto contínuo puxou pela espingarda da funda da sela. Uns segundos depois voltava a metê-la no mesmo lugar ao reconhecer silhueta do cavalo de Pancho Suárez. Abrandou o galope de «Thunder» até que o mexicano se pôs a seu lado.
— Boas noites a Vossa Excelência.
— Olá, Pancho. Que é que perdeu por este lado do rancho?
— Saiba Vossa Excelência que nada. É que Pancho não tinha sono e saiu para passear um pouco à luz da lua.
Mac Gregor olhou-o fixamente. A fisionomia do capataz era uma máscara impenetrável, mas alguma coisa ocultava. Tinha parecido a Mac Gregor perceber algo oculto nas simples palavras do homem. Mas perguntou por outra coisa, que apesar de tudo, estava em primeiro plano no seu pensamento:
— Aconteceu alguma coisa no «Três Barras», Pancho?
— Não, nada, que eu saiba. E que queria Vossa Excelência que se tivesse passado?
Novo momento de silêncio entre eles, enquanto prosseguiam a galope. Depois Mac Gregor voltou a perguntar:
— Há quanto tempo saiu do «Três Barras», Pancho?
Pancho retesou-se sobre a sela. Que responder agora? Porque na verdade não podia dizer que havia horas que andava na peugada do seu amo: que sabia o que acontecera entre ele e a rapariga no caminho, sem ter visto, claro está, Curley. É que em vez de seguir Marah Stivens e Sinclair até Cheyenne, o seguira a ele. Não podia dizer tão-pouco que tinha estado durante longo tempo vagueando pelas imediações do «Cruces», disposto a cair sobre ele com todos os vaqueiros do «Três Barras» caso ele não aparecesse no prazo que a si próprio fixara de antemão.
Mac Gregor percebeu as hesitações do seu capataz, mas nada disse. Depois de tudo se ao homem lhe apetecera ir a qualquer sítio, que não queria que se soubesse, não era da sua conta saber do que se tratava, desde que ele não abandonasse o trabalho, e estando como estava descansado quanto ao comportamento do capataz em todos os sentidos. Portanto podia dar-se ao luxo de efetuar uma ou outra escapada.
Já junto do alpendre, e no momento em que desmontava, Pancho confessou então, parte da verdade.
— Saiba Vossa Excelência que saí daqui há algumas horas, Pancho tinha vontade de sair e saiu. Pronto!
Outro que não fosse Mac Gregor talvez tivesse soltado uma gargalhada. Mas permaneceu impassível olhando para ele.
— Quem ficou aqui?
Então Pancho Suárez zangou-se, perante tantas perguntas seguidas. O seu novo patrão nunca for: daquelas coisas. Porque o era agora? Respondeu, olhando-o fixamente nos olhos.
— Marty e Burton ficaram aqui os dois.
— Que venham cá.
Pancho deu meia-volta e afastou-se para os barracões, estranhando, evidentemente, a rudeza da ordem que em seus ouvidos tinha soado como se fosse um disparo.
Um momento depois, Marty e Burton chegaram meio vestidos. Mac Gregor embora tivesse olhado para ambos, perguntou a Burton:
— Há muito tempo que a menina Stivens se foi embora?
Pancho julgou compreender imediatamente, julgar pelo que vira no caminho. Burton e Marty abriram muito os olhos em sinal de assombro. E foi o último quem respondeu:
— Não nos afastámos daqui, senhor Mac Gregor. E a menina não pode ter saído porque não veio
— Explique-se!
— Não há nada que explicar. Marah Stivens não veio hoje. Pergunte a Burton.
Mas não foi preciso. Aquele estava meneando com a cabeça em ar negativo, ao mesmo tempo que Mac Gregor crispava ainda mais o rosto.
Depois, os homens ouviram-no dizer num tom de voz que punha calafrios no corpo:
— Maldito sejas Richard Kennedy! — e dirigindo-se para os seus homens: — Vão acordá-los todos. Vamos para Cheyenne. Andem depressa, por todos os diabos do inferno!
Ficou só, pensativo, sobre a dupla jogada de Kennedy. Porque naquele momento acabava de compreender toda a verdade. Sem lugar para dúvidas, sabia que aquele tinha raptado a rapariga para o obrigar a abandonar o terreno sob a ameaça de a matar. Sabia isto com a mesma certeza de que o faria perante a primeira oportunidade, e mais ainda se suspeitasse de que ele estava enamorado dela. Não havia lugar para dúvidas acerca disso. Marah tinha ido para Cheyenne na companhia de Sinclair para receber as rendas daquele mês nos diferentes estabelecimentos de sua propriedade. O total deviam ser uns cento e cinquenta mil dólares, que tinha de trazer para o «Três Barras». Boa jogada a de Kennedy! Agora possuía a mulher e o dinheiro! Mas que teria acontecido aos três homens que a acompanharam como escolta?
— Devia tê-lo compreendido — murmurou, como que falando consigo próprio. — E Marah! Nunca... nunca me perdoarei se lhe acontecer alguma coisa.
Seguiu-se depois uma rajada de impropérios e maldições em voz baixa que só cessaram quando os vaqueiros começaram a aparecer aos atropelos pela porta dos barracões. Então, Mac Gregor saltou para cima de «Thunder». De cima da sela, falou enquanto os vaqueiros o olhavam expectantes.
— A menina Stivens trazia dinheiro para o «Três Barras». Alguém, que nós não sabemos quem é, saiu--lhe ao caminho. Talvez a tivesse morto ou não. Isso saber-se-á depois. O meu plano fará correr sangue. Vamos até Cheyenne acabar com os estabelecimentos de Kennedy e com os seus homens também. Depois, atirar-nos-emos ao seu rancho. Não deve ficar ninguém vivo. Sutton, Sullivan e Sinclair juntamente com os outros, dar-vos-ão uma ajuda. O que quiser pode...
Fez um gesto com a mão, interrompendo o avanço dos vaqueiros que silenciosamente davam um passo em frente antes que ele pudesse ter completado a frase. Depois acrescentou, soltando uma violenta praga:
— Por todos os diabos do inferno! Preciso de Richard Kennedy vivo! — Depois já num tom mais brando: — Não quero que ele morra. É um favor que vos peço... particular. Se alguém quiser fazer o gosto ao dedo contra ele, que fique... não... não pode morrer, por minha ordem.
Havia uma nota de extrema angústia na sua voz ao terminar de falar, que foi percebido por todos. Olharam-no fixamente, perguntando a si próprios que segredo seria que ele guardava em seu peito e que o obrigava a pedir uma coisa como aquela, quando todos estavam certos de que pela parte de Kennedy, este obraria de maneira muito distinta.
Pancho foi quem deu o passo em frente, olhando fixamente e falando ao mesmo tempo, sem qualquer hesitação:
— Saiba Vossa Excelência que iremos todos! Palavra de Pancho e destes que estão calados que nem uns ratos. Essa agora! Eu que apanhe algum ao alcance do meu «45». Mas esse tal não conta. E não se amofine. Terá vivo Richard Kennedy, ainda que Pancho pense, muito dentro de si, que ele o não merece.
Calou-se. Mac Gregor perscrutou-lhe o rosto com toda a atenção. Que sabia o mexicano? Esta pergunta martelou-lhe o cérebro. Mas o rosto de Pancho Suárez nada denotava, a não ser o desejo de pôr-se quanto antes a caminho.
Mac Gregor deixou de olhar para ele para cravar acto contínuo o olhar sobre o compacto grupo de vaqueiros.
— Obrigado, rapazes — disse. — A cavalo.
Instantes depois partiam por entre nuvens de pó. Marty e Burton cavalgavam juntos a um dos extremos, enquanto Pancho o fazia ao lado do jovem, olhando-o de vez em quando, disposto, como pensara em certa ocasião, a converter-se na sua sombra, para onde quer que ele fosse. Arriscaria a pele, mas Richard Kennedy não lhe havia de fazer mal. Pelo menos enquanto ele vivesse. Para mais sabendo o que sabia e suspeitando muitas coisas mais.
Foi a duas milhas mais adiante que o grupo se deteve ao som de uma ordem seca que partiu de um dos vaqueiros. Mac Gregor permaneceu imóvel sem fazer menção de se dirigir para onde aquela partira. O mesmo não aconteceu com Pancho, que partiu a galope para regressar instantes depois, dizendo: — Saiba Vossa Excelência que a levaram. Há três homens mortos. Pancho viu-os. Mas não vale a pena preocupar-se. Mas deve ir vê-los. Meteram-lhe: uma bala nas costas.
Mac Gregor não replicou, mas esporeou «Thunder» encaminhando-o para lá. O compacto grupo de vaqueiros ficara silencioso com o olhar cravado no solo, olhando para os três corpos que em trágicas e grotescas posições estavam caídos sobre o pó do caminho. Desmontou e foi-os reconhecendo um a um. Quando ergueu os olhos para os seus homens, estes afastaram os seus. Aquele olhar queimava. Esperaram então que desse ordem de se lançarem contra Kennedy. Mas esta não chegou. Unicamente o ouviram murmurar o nome dos três mortos.
— Millan, Talbot e Rigdon... Canalhas!...
E afastou-se do caminho. Pela posição dos cadáveres e o facto de todos apresentarem tiro nas costas, tinha compreendido donde partira agressão.
Meteu-se por entre a artemisa que bordejava o caminho. Pancho encontrava-se ali também a examinar o terreno. O mexicano tinha tido a mesma ideia que ele.
Um quarto de hora mais tarde, os dois homens consultaram-se com o olhar. Depois, Mac Gregor, soltou a pergunta:
— Para onde a levaram? Para o rancho, não.
— Pois não. O rancho desse suíno imundo fica do lado contrário. E saiba Vossa Excelência aqui foram três. Que pensa fazer agora?
— Ir atrás deles, Pancho. Que o diabo me leve se eu a não trouxer!
— E leva-o mesmo, se for sozinho. Deixe-me acompanhá-lo e não se oponha.
Mac Gregor aceitou com um movimento de cabeça. A seguir explicou:
— Se for só será mais fácil. Vocês vão para Cheyenne. Condu-los tu, Pancho — acabou, tuteando o mexicano. — E encarrega-te de Kennedy.
O mexicano não retorquiu, mas seguiu-o com os olhos até que o viu chegar junto de «Thunder» e montar. Depois quando a figura de Mac Gregor se perdeu na distância iluminada difusamente pelo pálido luar, Pancho Suárez avançou lentamente até ao grupo dos expectantes vaqueiros. Olhou para Marty e Burton enquanto sorria gaiatamente.
— A caminho de Cheyenne. Vamos fritar esses canalhas. Depois para o rancho de Kennedy. Mas primeiro... escutem...
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