Os dois amigos galopavam pela planície, sem rumo determinado, somente com o desejo de se colocarem fora do alcance dos perseguidores.
Dave, que fechava a marcha, voltava, de vez em quando, a cabeça para ver se surgia no horizonte algum perseguidor, pois estava convencido de que eles não se conformariam com a fuga.
De súbito, gritou para o companheiro:
— Vêm atrás de nós, "Niño"!
O mexicano cerrou os dentes, sentindo que o cavalo não respondia ao esforço que lhe exigia, pois levava sobre si uma dupla carga, e a fadiga da longa viagem pesava sobre o animal. Seria outra coisa, se ele e Dave se encontrassem sós. Soltou uma praga e olhou para trás.
— Pisam-nos os calcanhares, Dave.
A planície estendia-se à sua frente, inóspita, interminável.
— Temos de aguentar até sair deste terreno — gritou Dave.
A distância manteve-se ainda durante algum tempo. Entretanto, os pobres animais não podiam aguentar, indefinidamente, aquele esforço e começaram a fraquejar na carreira, quando, a menos de duzentos metros, se avistava um pequeno bosque.
Tinham de chegar por qualquer preço!
Já eram percetíveis os gritos dos perseguidores, galopando furiosamente, com os revólveres prontos a entrar em ação.
Quando soaram as primeiras detonações, o grupo de árvores estava a menos de cinquenta metros. Uma bala passou por cima da cabeça de Dave, no preciso instante em que chegavam ao bosquezito.
— Desmontem! — berrou Dave.
O mexicano desmontou, rapidamente, ajudando a rapariga a fazer o mesmo. A "Loira Jane" estava branca como a cal.
— Proteja-se! — gritou Dave, para a rapariga, escondendo-se atrás duma arvore grossa.
Os perseguidores tinham parado e formavam dois grupos para os cercar.
— Chegou o momento de apertar o gatilho, "Niño”!
As detonações quase coincidiram com a queda dos dois cavaleiros que iam à cabeça do grupo do lado direito. Em seguida, sem transição, outro resvalou do cavalo para o chão, alcançado por uma bala, em cheio, na cabeça.
— Todos em terra! — exclamou um deles, ao ver a fulminante pontaria dos fugitivos.
Dave falou de novo:
— Os da esquerda são teus. "Niño"...
— Vais ver como os “arrumo"! — foi a resposta do mexicano.
Os perseguidores, deitados sobre o solo, e aproveitando os escassos acidentes de terreno abriram fogo contra eles. Durante uns minutos, o chumbo cruzou os ares como um vendaval furioso.
Dave e "Niño" mantiveram-se firmes nas suas posições, provocando mais três baixas. Anoiteceu e o primeiro disse:
— Em breve estará escuro e, depois, poderemos escapar-nos.
Depois, observando a rapariga que tinha os olhos dilatados pelo terror, tranquilizou-a:
— Não tenha medo. O pior já passou.
Os outros pareciam dispostos a reacender a luta.
— Esperam ainda que se faça noite — murmurou Dave —. Creio que lhes vai sair o tiro pela culatra. Chegou, sem ruido, perto da rapariga e disse-lhe, em voz baixa:
— Arraste-se pelo bosque dentro.
Ela assim fez. Quando ela já estava algo distante, Dave fez um sinal a "Nino" e, silenciosos como índios, começaram a rastejar. As sombras invadiam o bosque e dentro em pouco não se veria além de poucos metros. O silêncio não pressagiava nada de bom.
De súbito, ouviu-se dizer:
— A eles!
Várias sombras, antes imóveis, tomaram vida própria. A obscuridade começou a ser cortada pelo relampaguear dos disparos. Dave e "Nino" acolheram-se atrás de árvores e começaram a fazer estrondear os "Colts", guiados pela luz dos disparos dos perseguidores. Durante alguns minutos as armas troaram, ouvindo-se gritos de dor, lamentos entrecortados e vozes apagadas, mas coléricas.
"Niño" com os olhos multo abertos, tratava de divisar alguns Inimigos. Assomou a cabeça para o lado esquerdo, na altura de ver uma sombra que se lançava sobre Dave.
— Cuidado! — avisou.
Dave desviou-se, instantaneamente, mas, embora tivesse sido muito rápido, teria sido morto se o outro não tentasse apanhá-lo vivo, agredindo-o com a coronha. Dave limitou-se a meter-lhe um joelho no ventre, fazendo-o cair para trás. Em seguida, atirou-se sobre ele, e bateu-lhe com a arma, até o deixar desmaiado.
— Vamos, "Niño"! Temos de sair daqui!
Blondie esperava-os junto dos cavalos, com o medo estampado no rosto. Montaram e fugiram por entre as árvores. Uma descarga ouviu-se por detrás deles.
— Escapam-se!
— Malditos!
Ao galope dos corcéis, lograram sair do bosque.
Ao longe, escondidos na obscuridade, elevavam-se os imponentes montes Cedar. Dave assinalou-os e dirigiu o cavalo para lá, seguido por “Niño”. Era o melhor refúgio que podiam encontrar.
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