Naquela manhã houve três enterros, o primeiro dos quais foi o do juiz Marlowe. Muita gente havia acompanhado o velho juiz, e no regresso encontraram-se com o cortejo que seguia atrás do caixão de Gilbert. O acompanhamento deste era menor, mas havia ainda uma dúzia de homens, entre os quais alguns dos trabalhadores da mina.
Strafford caminhava em companhia de Lee Stevens e de Dick. Este último avistou Elizabeth e foi falar-lhe.
— Não lhe disse ontem quanto sinto a morte à e seu pai, Elizabeth. Sei que era um grande homem, estimado por todos. Permitir-me-á que a visite, logo? Gostaria de falar consigo.
— Sim, Dick. Agradeço-lhe que vá...será sempre bem recebido. Rezarei pela alma de Gilbert, Dick.
Separaram-se.
John Merrill, que vinha um pouco atrás de Elizabeth, olhou com ódio para Dick. O jovem Steiner fitou-o friamente. Por momentos pensou que o ódio de Merrill talvez fosse também causado pelo receio de que Elizabeth se interessasse por ele, e intimamente a ideia agradou-lhe. Por seu lado, Elizabeth interessava-o, profundamente.
O terceiro enterro foi o de Weis, a quem só o xerife acompanhava. Weis era mau e odiado por toda a gente.
— Pensas ir à mina? — perguntou Stevens a Dick, quando voltaram à povoação. — Temos coisas a ver...
— Irei depois, Lee. Agora vou visitar Elizabeth.
— Agrada-te?
— Creio que sim... é estranho...
— Não vejo que seja estranho, Dick. Talvez tu possas fazê-la feliz... o que Gilbert nunca conseguiria.
— Talvez...
Despediram-se.
***
Dick ia a caminho de casa de Elizabeth, quando uma ideia surgiu no seu espírito. Tinha notado, quase inconscientemente uma coisa que...
Montou a cavalo e saiu da povoação, a galope. Parou a meio do caminho da mina, junto de uma árvore de onde pendia um enforcado...e teve a certeza de que a sua ideia era certa. Aquele homem, que ele vira ao passar, não era Rush. Era outro, apenas vagamente parecido...e não tinha morrido por enforcamento... Uma bala atravessara-lhe o peito... Tudo começou a tomar forma no espírito de Dick a partir desse momento. Aquele era, sem dúvida, o homem a quem Gilbert se referira, o irmão de Rush, e o seu corpo havia sido retirado do caminho e posto ali, em lugar do outro. Decerto haviam enterrado Rush... ou talvez o próprio irmão tivesse feito isso antes de morrer...
Voltou a montar a cavalo e galopou para a mina. Entrou na casa, chamou Lee, mas não obteve resposta. Lee Stevens ainda não voltara...ou saíra novamente.
Dick tirou do bolso a chave que o irmão lhe tinha dado e abriu a gaveta das balas de oiro..., mas a gaveta estava vazia…
Excitado, abriu outras gavetas... procurou... e encontrou um estranho documento. Era um acordo legalizado, feito perante um notário... segundo o qual os dois sócios da mina se comprometiam a não ceder a terceiros a sua parte... nem mesmo por herança... Se qualquer deles morresse, o outro ficaria único proprietário de tudo. Era um documento perfeitamente legal e inatacável, com uma única exceção... Porque Lee Stevens teria agora de responder por várias mortes...a de Marlowe... a de Gilbert... e a do desgraçado Byrnes, o homem das serpentes...
— Já compreendeste tudo, Dick?
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