sábado, 21 de maio de 2022

FBV159.09 Até logo, irmão

 — Desejaria falar com o meu irmão, xerife. 

Toomey hesitou, olhando para Dick. Weis, sentado numa cadeira, indolente, comentou: 

— Para que complica a vida, amigo? Seu irmão é um assassino, e se você se empenha em afirmar o contrário... pode arranjar sarilhos... 

— Você não quer que se esclareça o caso, hem? — perguntou Dick. — Tem medo de quê? 

— Que está você a insinuar?... — Volveu Weis levantando-se e tomando um ar ameaçador. 

O xerife interpôs -se: 

— Cala-te, Weis. Vai dar uma volta. 

Weis obedeceu, resmungando e saiu. O xerife e voltou-se então para Dick, que tinha ficado impassível, e acrescentou: 

— Não provoque o. meu ajudante, Steiner. É perigoso... e não esqueça que é um agente da Lei. 

— Não esqueço... e essa é uma das coisas que me intrigam. 

— Desconfia dele? 

— Talvez. 

— E de mim também, não? 

— Não tenho tempo a perder, xerife. Quero provar que meu irmão não matou o juiz, e o tempo urge. Preciso falar com Gilbert. 

— Está bem, venha. 

Quando Dick e o irmão ficaram sós, este último perguntou: 

— É certo que não encontraram o corpo caído na estrada, Dick? Eu disse a verdade... 

— Bem sei..., mas eu próprio vi, procurei... 

— Porque não veio Lee? Está ainda zangado? 

— Quis vir, mas não o deixei. Preciso de liberdade de movimentos, e a presença de Lee poria de sobreaviso os suspeitos... 

— Têm alguma ideia, vocês? 

— Desconfio de Merrill, do xerife e de Weis, mas é preciso ter provas. 

— Quando vão julgar-me, Dick? 

— Creio que amanhã à tarde. 

— Ah! Depois de amanhã serei enforcado... 

— Antes disso provarei a tua inocência. É possível que tentem eliminar-me.…, mas isso talvez sirva para se desmascararem. Se isso acontecer, Gilbert t garanto-te que lincharei os culpados, embora deteste o processo... Por onde vais começar? 

— Não sei ainda. A propósito, dá-me a chave da gaveta onde guardas as balas de oiro. Quantas tinhas? 

— Quatro…, mas isso nada prova. 

— Bem sei, mas quero certeza se lá estão ainda as quatro. 

— Qualquer pessoa pode fabricar balas dessas... eu espalhei virias por aí. Por outro lado, na mina ninguém teria interesse em me fazer mal. Os homens são-me dedicados, e Lee é como um irmão. 

— Eu sei. Mas não quero deixar nada ao acaso. Agora vou a casa Elizabeth Marlowe... Se conseguir fazê-la compreender que não foste tu quem assassinou o pai...talvez isso obrigue Merrill a mostrar-se. 

— Não o conheces. É astuto e mal intencionado. 

— Todo têm uma falha na couraça. Talvez eu encontre a dele. 

— E quanto a Toomey e Weis?

— Deixa-os comigo. Agora tenho de ir, Gilbert. 

— Dick... Por que fazes tudo isso? Eu não soube compreender-te... portei-me como um estúpido, um palhaço. 

— Sou teu irmão, Gilbert, e o resto não interessa... 

— Quero que saibas que me sinto envergonhado que daria tudo o que tenho para recuperar a tua amizade... 

— Nunca a perdeste. Tenho de ir, Gilbert. Até logo.

— Até logo, irmão... 


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