segunda-feira, 23 de maio de 2022

FBV159.11 O ataque da serpente


Uma sombra moveu-se furtivamente na ruela, por detrás da prisão. Levava nas mãos uma coisa que parecia um pequeno cesto de verga. Aproximou-se de uma das janelas gradeadas, entreabriu o cesto e deixou cair qualquer coisa para dentro da cela... ocupada por Gilbert Steiner. 

O vulto afastou-se, rápido. Gilbert estava deitado na tarimba. O cansaço e a tensão de nervos tinham acabado por vencê-lo. Dormia... 

Não viu a serpente que caíra no chão junto da janela, não ouviu qualquer ruído. Só abriu os olhos quando sentiu, sobre o peito, o contacto frio e viscoso. E então, compreendendo num relance a situação, quis estender os braços, quis afastar o réptil...

Quando caiu no chão, na sua ânsia de fugir, já tinha sido mordido no pescoço e no peito. Começou a gritar... 

O xerife e o ajudante estavam de guarda... convencidos de que Dick seria capaz de qualquer acto desesperado para salvar o irmão e fazê-lo evadir-se. Acorreram, de armas em punho, trazendo luz... e a primeira coisa que viram, ao abrir a porta da cela, foi a serpente. 

— Cuidado! ... — exclamou o xerife, afastando o ajudante e disparando ao mesmo tempo. 

Foram precisas três balas para esmigalhar a cabeça da serpente... e, entretanto, Gilbert Steiner rebolava pelo chão, num estertor doloroso. 

— Vai buscar o dr. Speelling... — exclamou Toomey. — Não há nada, a fazer, porque a serpente era uma mocassim... e mordeu-o no pescoço... Mas não quero que digam que o deixámos morrer. Apressa-te! 

Weis saiu, mas sem pressa. Parecia satisfeito. Quando, um quarto de hora depois, o médico entrou na cela, Gilbert Steiner estava completamente imóvel. O médico limitou-se a verificar a morte, comentando: 

— Sofreu mais do que se o tivessem enforcado. O veneno atacou-lhe o. cérebro e os centros nervosos. Foi uma terrível morte. Vão avisar o irmão? 

— Sim, claro... — murmurou Toomey, sombriamente. 


Sem comentários:

Enviar um comentário