A rua principal de Amarillo tinha bastante movimento àquela hora do meio-dia. Os três homens avançaram por ela, sérios, conscientes da responsabilidade que sobre eles impendia naqueles momentos.
Pararam em frente do gabinete do xerife Johnson. O representante da Lei em Amarillo era um tipo gorducho, de aspeto indolente, mas, segundo se comentava, muito poucos habitantes da terra lhe levavam a palma no manejo das armas, embora ele procurasse não o demonstrar, a julgar pela sua atitude aparentemente negligente. Recebeu os recém-chegados com um dos seus melhores sorrisos.
— Entrem e sentem-se — disse.
— Não, Johnson, não viemos fazer-lhe uma visita. Trata-se de uma grave acusação frisou James Lawer.
— Quê? — exclamou o xerife.
— E mais intrigado ficará quando souber o que queremos, xerife — declarou Bacher.
— Quem é você? Que me lembre, nunca o vi em Amarillo.
— Não te metas nisso, Johnson — interrompeu o médico. — Acompanha-nos e garanto-te que vais ter uma das maiores surpresas da tua vida.
— Bem, então, vamos lá.
Os quatro homens, em silêncio, caminharam rua abaixo, seguidos por um grupo de curiosos, até pararem uns dois quarteirões a seguir. Antes de entrar no edifício, James pôs Johnson ao corrente do sucedido e do que iria passar-se em breve. O doutor Galvert confirmou as palavras do rapaz.
— De acordo. Mas, isto é um assunto que diz respeito exclusivamente a mim — disse o xerife. — Vocês virão comigo... e nada mais. Percebido?
— Vamos — limitou-se a dizer James.
Um homem saiu ao encontro deles e o xerife ordenou-lhe que o levasse ao seu patrão. O empregado obedeceu, detendo-se em frente de uma porta de vidro.
— Já podes ir-te embora — declarou Johnson, ao mesmo tempo que empurrou a porta.
O homem que trabalhava no interior ergueu os olhos dos papéis que tinha sobre a mesa e...
— Eh! Não sabe pedir licença para entrar na casa alheia, Johnson? — perguntou o indivíduo, olhando por cima do ombro do representante da Lei para os que o seguiam.
— Conforme os casos. Quando a casa alheia é um ninho de víboras, não costumo fazê-lo, senhor Walter.
Walter, o banqueiro de Amarillo, ao ouvir aquelas palavras, tentou endireitar-se, mas logo desistiu, ao ver assomar James Lawer, o homem que, sem dúvida, era o causador daquela irrupção.
— Que pretende insinuar, Johnson? — indagou.
— Considere-se preso em nome da Lei, Walter! Hunter, antes de morrer, denunciou-o — acusou o xerife.
Walter fez menção de erguer os braços, mas, no último instante, efetuou um rápido movimento e um pequeno «Derringer» apareceu, disposto a fazer fogo.
Ernest Bacher foi mais veloz que ele. O xerife e James encontravam-se tão juntos que se estorvavam um ao outro para sacarem as armas, mas o velho bandido, num alarde de pontaria e destreza, disparou contra o banqueiro por cima do ombro de James. Walter recebeu a bala na testa e tombou pesadamente no cadeirão.
— Salvou-nos a vida, amigo — foi o breve comentário do representante da Lei.
E Ernest Bacher pensou que era paradoxal que ele, reclamado pela Justiça em vários Estados, tivesse chegado ao Texas precisamente para salvar a vida a um xerife. Naquela mesma tarde, Ernest Bacher, o célebre bandido de Novo México e Colorado, abandonava Amarillo, depois de prometer a James Lawer que jamais voltaria a trilhar o caminho do passado.
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