— É aquele o «rancho» — disse James ao seu companheiro.
— Convém que Cameron não se inteire da minha presença aqui. Se suspeitasse alguma coisa, desapareceria para sempre.
— Não é fácil sabê-lo. Se alguém te visse, julgaria que eras o substituto do pobre Mike Sperry. — De acordo. Vamos até lá. Tenho um vivo desejo de abraçar o Velho.
James estranhou que ninguém acorresse ao seu encontro e ficou alarmado. Dispunham-se a entrar em casa quando apareceu Agnes.
— Agnes! — gritou James, correndo para ela.
— Oh! James!
—E Widmar? E o teu pai, e Eric? — perguntou o rapaz, procurando acalmar-se, porque acabava de adivinhar uma tragédia.
Agnes rompeu a chorar amargamente. Depois de uns segundos, a rapariga informou:
— O meu pai está lá dentro. Tem um ferimento muito grave no peito; o doutor está com ele. Widmar e Eric...
— Onde estão? Por amor de Deus, fale, Agnes!
— Ali — sussurrou ela, tristemente.
James olhou para o local assinalado pela jovem. O seu olhar deteve-se junto da árvore cujas imediações haviam utilizado ultimamente como cemitério e viu duas cruzes toscas cravadas no solo.
— Morto? — perguntou Bacher, com expressão sombria. James assentiu lentamente, em silêncio.
— Quem o fez? — inquiriu o bandido, agarrando a rapariga pelos braços e sacudindo-a.
Agnes fitou James antes de responder. A um sinal do rapaz, informou:
— Há três dias, vieram Tab Hunter e os seus amigos. Estavam dispostos a tudo, mas foi Eric quem iniciou a peleja. Generalizou-se a luta e apenas Hunter e mais dois ficaram vivos. Os restantes... O meu pai ficou como morto, mas logo se reanimou um pouco e chamámos o médico.
— Cameron Quinn vinha com eles? — perguntou Blacher.
— Sim. Eric e Widmar ficaram feridos e Hunter decidiu enforcá-los. Foi Cameron quem os executou.
— Maldito! — exclamou Ernest, brandindo o punho furiosamente.
— Hunter disse que hoje voltariam e que não queriam encontrar ninguém no «rancho» -- continuou a rapariga.
Ernest Bacher não respondeu. Maquinalmente, puxou dos revólveres e verificou as cargas. Depois, efetuou vários movimentos, tirando-os dos coldres com rapidez fulminante.
— Hoje, sou eu quem te pede um favor, James: quando esses homens vierem, não te intrometas no caso. Será melhor para ti, porque te livrarei deles para sempre, sem que manches as mãos de sangue. Terás depois tempo para me agradecer.
— Widmar, antes de morrer, disse que isto não terminaria enquanto não caísse o principal culpado, que se oculta na sombra — disse Agnes.
— Lamento, Ernest, mas não posso permitir que estragues tudo. Esses homens, antes de morrerem, hão de dizer-nos o nome do chefe.
— Não estou disposto a prolongar isto, James! A única coisa que me importa é que assassinaram o meu melhor amigo e tenho de vingá-lo.
— Está bem. Procurarei não intervir em nada, mas é necessário que fiquemos a saber a identidade do misterioso chefe.
— Concordo. Eu esperarei aqui mesmo a chegada desses homens.
— Como queiras. Vamos, Agnes — disse James, pegando no braço da jovem.
Uma hora mais tarde, o doutor Galvert dispunha-se a abandonar a casa. No mesmo instante, descobriram três cavaleiros que se aproximavam de casa.
— Aí estão eles! — avisou Agnes, assustada.
— Vai para casa, Agnes! — ordenou James. — O senhor também, doutor, mas fique junto da porta. Talvez precisemos dos seus serviços novamente e pode tomar conhecimento de alguma coisa interessante.
Ernest Bacher ocultou-se no alpendre, deixando James completamente só.
— Caramba! — exclamou Hunter, ao deter-se. — Até que enfim que encontramos o senhor Lawer em casa. Já sabe ao que vimos, não é verdade? — perguntou o bandido, com ironia.
— Sim, vieram morrer — respondeu James, com calma absoluta. — Mas, antes de os enviar para o inferno, quero que me digam quem é o verdadeiro chefe, para que cobre também a sua parte.
As gargalhadas de Tab Hunter ressoaram nervosas, impressionado talvez pela serenidade de James. Apear de tudo, não disse nada e foi Cameron Quinn quem gritou:
— O único a morrer serás tu, Lawer! Enforcado como o porco de Widmar!
— Enganas-te, Cameron! Os únicos mortos serão vocês, dentro de uns segundos! — reboou a voz de Ernest Bacher, que apareceu diante dos três homens com os revólveres empunhados.
O rosto de Cameron adquiriu uma Intensa lividez. Ao ver aquele inesperado adversário, a sua voz ficou presa na garganta e balbuciou a custo o nome do sem antigo chefe:
— Bacher...
— Sim, Ernest Bacher. Um Bacher desconhecido para ti. Traidor!
— Escuta-me, Ernest, estás enganado. Eu...
— Cala-te! — gritou o bandido, furioso. — Atirem as armas ao chão!
Os três homens obedeceram, lentamente.
— Agora, desce do cavalo, Cameron — prosseguiu Ernest. — E os teus amigos também.
Os três homens permaneceram imóveis frente a Bacher e James, que também empunhara os revólveres.
— Bom... Agora, falaremos com mais sossego. Primeiro, vão dizer-me o nome desse chefe misterioso, hem? Vamos, fala, Cameron!
— Eu... não sei, Ernest, mas...
— Fala! — rugiu o bandido, apontando o «Colt» à cabeça do traidor. — Chama-se...
O nome pronunciado por Cameron Quinn caiu como uma bomba entre os presentes. Apenas Bacher continuou imperturbável, sem se importar muito com a identidade daquela nova personagem.
— Bem, agora, vamos ao resto. Traíste-me duas vezes, Cameron: uma em Trindade e a outra aqui, ao assassinar o meu melhor amigo, o pobre Widmar, a quem tanto odiavas. Por isso, vais morrer!
— Não fui eu que o matei, Ernest — protestou Cameron. — Hunter é que disparou contra Widmar.
— Porco asqueroso! — increpou Hunter.
— Não se preocupem, que morrerão os três.
— Não nos dará nenhuma oportunidade?
— Nenhuma!
Tab Hunter, ao ouvir aquelas palavras e julgando Bacher distraído, baixou o braço rapidamente e o pequeno revólver que ocultava na manga reluziu. Contudo, nada pôde fazer com ele. Do «Colt» de Bacher saiu uma língua de fogo e Hunter tombou para trás, com o peito atravessado.
O terceiro bandido saltou sobre o cavalo e tentou fugir, mas uma bala na cabeça fê-lo voltear grotescamente e rolar pelo solo.
Cameron Quinn, entretanto, quis aproveitar o descuido de Bacher, que disparava contra os seus companheiros, e, deixando-se cair no chão, procurou ansiosamente apanhar as armas que soltara minutos antes. Foi demasiado lento porque Bacher, ao dar-se conta da manobra do traidor, disparou contra ele até esgotar os carregadores das suas armas. Cameron recebeu o chumbo candente na cabeça, no peito e na barriga. Depois de ficar imóvel por terra, Bacher começou a agredi-lo a pontapé, com fúria indescritível.
— Basta, Ernest! — gritou James, que, conforme prometera, se mantivera à margem da luta.,
Bacher deixou-se levar, submisso. O médico vistoriou os feridos e abanou a cabeça.
— Nada se pode fazer por eles — disse, olhando para Bacher.
— Tanto melhor — murmurou o bandido.
— Doutor — disse James. — O senhor ouviu tão bem como nós o nome do causador de todas as desgraças que têm ocorrido neste «rancho», não ouviu?
— Sim, e juro-lhes que me surpreendeu. Nunca imaginei esse homem capaz de fazer uma coisa assim.
— Está disposto a acompanhar-nos a Amarillo, doutor?
— Meu amigo, para defender a ordem e a Justiça, sou capaz de ir até ao próprio inferno — respondeu o médico, risonho. E depois, dirigindo-se a Agnes:
— Pequena, amanhã de manhã virei novamente ver o teu pai... se estiver em condições.
James sorriu e, uns minutos mais tarde, acompanhado pelo médico e por Bacher, tomaram o caminho da povoação.
Sem comentários:
Enviar um comentário