O sol desaparecia no horizonte e não tardaria a escurecer. Mas isso não parecia preocupar Keighley. Dominado a rapariga que levava ao lado com a sua imponente estatura, agarrou-lhe de repente um braço, obrigando-a a voltar-se para ele.
- Já estamos sós e ninguém nos incomodará – declarou, com agitada respiração. – Durante estes cinco dias fizeste-me passar o incrível, mas chegou a hora das compensações – agora tratava-a por tu. – Sou o dono, ouviste? Pertences-me totalmente. Se és boa rapariga…
A mão livre de Emily Bradfford estalou contra o rosto do gigante, fazendo-o calar. Embora demasiado tarde, a rapariga acabava de compreender o que Keighley se propunha ao afastar-se dos companheiros. Devia tê-lo adivinhado antes, ao descobrir aquele brilho estranho que vira nos seus olhos quando ele regressou do acampamento dos índios.
Ao receber a bofetada, Keighley dobrou-se um pouco para a prender com o outro braço, procurando ansiosamente beijá-la na boca.
Emily Bradfford deixou escapar um grito de desespero, que se abafou bruscamente ao sentir no pescoço o hálito ardente daquele homem que nada podia já conter.
De nada lhe serviu espernear e gritar, num último esforço de se afastar dele. Nos braços daquele gigante ela era uma frágil boneca sentenciada a claudicar. E Keighley, embora excitado com o contato daquele corpo de mulher que julgara nunca poder tocar sequer, parecia recrear-se demorando a posse do que tinha ao seu alcance.
Os beijos do miserável queimavam a pele de Emily Bradfford e todavia era gelo o que sentia na sua alma. Desesperada, ante o pensamento de saber-se perdida, continuava a lutar com todas as suas forças, sem reparar que o gigante a sustinha em peso e regressava com ela nos braços.
Emily Bradfford fechou os olhos no derradeiro instante. E, naquele momento,…
Quase do mesmo sítio onde ambos estiveram pouco antes, surgiu uma somra que, sem fazer o menor ruído, e em grande velocidade aproximou-se, nas costas de Keighley.
A sua chegada junto do par que lutava, coincidiu com o grito desesperado da rapariga ao considerar-se perdida. Mas o gigante estava tão obcecado, que só notou a presença do que vinha interrompê-lo demasiado tarde.
Emilly Bradfford, por seu lado, também não se apercebeu de que alguém vinha em seu auxílio. Atribuiu a lassitude dos braços que a seguravam a nova tática daquele colosso para vencer a sua resistência.
Só depois, quando Keighley se estendeu ao comprido como fulminado, deixando-a livre, é que ela compreendeu a ajuda providencial que lhe chegava naquele momento.
Apesar da escuridão que os envolvia, Emily verificou que o seu salvador não pertencia ao bando do gigante. E aquilo encheu-a de alegria. Instintivamente ia dizer qualquer coisa, mas o desconhecido impediu-a de o fazer, inclinando-se sobre ela e dizendo num sussurro:
- Não fale. Continue calada e sem se mexer daqui até que eu volte.
(Coleção Bisonte, nº60)
(Coleção Bisonte, nº60)
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