sexta-feira, 21 de março de 2014

PAS270. De feroz pistoleiro a ama seca


A ceia decorreu com completa calma. Ao retirar-se da cozinha Ivey fez um sinal a McCool e este saiu atrás de si, até ao declive da lomba próxima. Ali viu o bandido deixar-se cair no chão, enrolar calmamente um cigarro e convidá-lo a que se sentasse a seu lado.
- Não trocámos uma só palavra desde que abandonaste os currais, Tex. Que se passou entre ti e o dono desta fazenda?
- Agradeceu-me sinceramente o que tinha feito por sua filha.
- Fez-te alguma promessa?
- Não creio que seja fácil fazer promessas a toda a gente.
- Assim me parece. Amanhã falaremos largamente dos meus planos. Temos de regressar ao vale, não para marcar gado, mas a fim de continuar a levar novas cabeças para o local em que se acha o grosso da manada. Conferenciei com os rapazes, há um par de horas. Percy não quer esperar muito tempo e temo que seja necessário forçar os acontecimentos.
McCool não respondeu naquele instante. Guardou uns segundos de silêncio e depois disse:
- Pressinto que não poderei ir convosco.
Harry voltou-se quase completamente, cravou as suas pupilas aceradas no rosto do seu interlocutor e perguntou secamente:
- Porquê?
- Porque me escolheram para um novo trabalho. Millbunr pediu-me e eu não pude negar-me, porque a filha estava presente. Ainda que eu seja um pistoleiro, tal como todos vós, compreendo quando fica bem um comportamento galante com as senhoras.
- Folgo que tenhas prosperado, rapaz. E podes dizer-me qu espécie de emprego é esse?
- Ama seca!
(Coleção Bisonte, nº 58)

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