segunda-feira, 17 de março de 2014

PAS266. O protetor


A rapariga ficou ali, sem pressa de ir deitar-se, recapitulando toda a conversa que tinha tido com Roy, e sentindo-se com coragem para afrontar tudo. Quando por fim se resolveu a voltar para casa, encontrou Steve no alpendre.
- Que faz aqui?
O velho, longe de responder à pergunta, disse:
- Quando seu pai compreendeu que ia morrer, pediu-me a promessa de que velaria por si como se fosse minha filha…
- Agradeço-lhe, mas…
- Vi-a sair para encontrar-se com Bruce.
- Steve!
- Estive a vigiar de perto até ele partir, sem todavia me atrever a escutar a conversa, mas alerta para evitar qualquer contratempo.

- Estou-lhe muito agradecida…
- Não tem nada que me agradecer. Cumpri apenas o meu dever… e continuo a cumprir, dizendo-lhe que o seu procedimento é muito mau. Loucuras dessa natureza não conduzem a nada de bom.. Roy Bruce está à margem da lei, dispararão contra ele onde quer que o encontrem e as balas podem atingir quem se encontra perto. Agora, junte a esse perigo o do seu nome poder andar por aí, de boca em boca, como encobridora… ou talvez pior.
- Cale-se!
- Não me calo. Sabe que lhe obedeço em tudo, mas, nesta questão, revolto-me. Se perdeu a cabeça, eu tenho a minha no seu lugar. Hei-de impedir que aconteça o irremediável.
Continuava empertigado, duro como uma estátua. Nos seus olhos brilhava uma firme decisão. Elvia chegou a ter medo. Nunca o vira assim.
- Repito, Steve – disse, dominando a sua inquietação – qe lhe agradeço muito o seu interesse, mas não deve exceder-se. Sei perfeitamente o que faço. Roy Bruce está inocente. Tenho a prova e estou resolvida a ajudá-lo. Os que me queiram bem devem secundar esta minha decisão. Boas noites.
Entrou na casa. Steve, vendo-a desaparecer, sussurrou:
- Eu, que te quero bem, tenho o direito de afastar os escolhos do teu caminho.
(Coleção Bisonte, nº 57)

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