Quando desprendiam os seus cavalos, atados à barra, um vivo ruído de tacões fez levantar a cabeça ao forasteiro que soltou um assobio de admiração, ao ver uma esbelta mulher.
A beldade sustentou o seu olhar até o deixar para trás de si. No último instante, Ronald pareceu surpreender um sorriso nos seus lábios vermelhos, mas tão fugaz que ficou sem ter a certeza disso. Contudo, seguiu-a com o olhar, até ela desaparecer, ao voltar a esquina.
— Que preciosidade! — murmurou, ainda deslumbrado.
— Encandeou-te?
— Bastante!... E não se pode dizer que seja muito tímida!
— É o melhor partido da região. Tem um rancho como não há outro em muitas léguas, em redor.
— Isso não deixa de ser interessante! É filha única?
— Não! Tem um irmão. Mas há para dois… e para mais, também... Vamos?
— Vamos! Montaram e afastaram-se rua abaixo. Ronald ia pensativo.
— Trabalhas para eles? — perguntou pouco depois.
— Não!
— Pois parece-me que vou ficar.
— Esplêndido!
— Dizes que os rapazes daqui são brandos?
— Se são!
— Mas que fazem eles?
— Miséria e... companhia. Reses sem importância, algum gado extraviado e, por acaso, de vez em quando uma pequena manada...
— Podes reuni-los? Deve haver, certamente, um sítio onde possamos trocar impressões.
— É claro que há!... Amanhã, tenho o dia livre, reuni-los-ei e virei buscar-te. Onde estás?
— Estou hospedado no hotel, precisamente em frente do saloon, onde nos encontrámos.
— Foi uma sorte teres aparecido aqui. Contigo é mais do que certo que isto se animará...
— Assim o espero. Vou regressar já. Esperarei por ti.
— Não faltarei. Até amanhã.
Agitou a mão direita num gesto de despedida e esporeando o cavalo, afastou-se a galope.
Rod sorriu, ao vê-lo partir e, depois, fez voltar o seu garanhão preto, encaminhando-o novamente para a cidade.
Preocupado com projetos que o encontro com o seu amigo lhe sugerira, tardou a descobrir os três cavaleiros que iam na sua direção, só dando por eles, a cinco metros de distância. Reconheceu então imediatamente num deles a jovem que atraíra a sua atenção pouco antes.
Ela também o reconheceu e correspondeu-lhe mesmo com um sorriso ao seu rasgado cumprimento. Depois, como respondendo a um impulso repentino, soltou o francalete do seu chapéu que, arrebatado pelo vento, foi cair à frente do cavalo de Ronald.
A beldade sustentou o seu olhar até o deixar para trás de si. No último instante, Ronald pareceu surpreender um sorriso nos seus lábios vermelhos, mas tão fugaz que ficou sem ter a certeza disso. Contudo, seguiu-a com o olhar, até ela desaparecer, ao voltar a esquina.
— Que preciosidade! — murmurou, ainda deslumbrado.
— Encandeou-te?
— Bastante!... E não se pode dizer que seja muito tímida!
— É o melhor partido da região. Tem um rancho como não há outro em muitas léguas, em redor.
— Isso não deixa de ser interessante! É filha única?
— Não! Tem um irmão. Mas há para dois… e para mais, também... Vamos?
— Vamos! Montaram e afastaram-se rua abaixo. Ronald ia pensativo.
— Trabalhas para eles? — perguntou pouco depois.
— Não!
— Pois parece-me que vou ficar.
— Esplêndido!
— Dizes que os rapazes daqui são brandos?
— Se são!
— Mas que fazem eles?
— Miséria e... companhia. Reses sem importância, algum gado extraviado e, por acaso, de vez em quando uma pequena manada...
— Podes reuni-los? Deve haver, certamente, um sítio onde possamos trocar impressões.
— É claro que há!... Amanhã, tenho o dia livre, reuni-los-ei e virei buscar-te. Onde estás?
— Estou hospedado no hotel, precisamente em frente do saloon, onde nos encontrámos.
— Foi uma sorte teres aparecido aqui. Contigo é mais do que certo que isto se animará...
— Assim o espero. Vou regressar já. Esperarei por ti.
— Não faltarei. Até amanhã.
Agitou a mão direita num gesto de despedida e esporeando o cavalo, afastou-se a galope.
Rod sorriu, ao vê-lo partir e, depois, fez voltar o seu garanhão preto, encaminhando-o novamente para a cidade.
Preocupado com projetos que o encontro com o seu amigo lhe sugerira, tardou a descobrir os três cavaleiros que iam na sua direção, só dando por eles, a cinco metros de distância. Reconheceu então imediatamente num deles a jovem que atraíra a sua atenção pouco antes.
Ela também o reconheceu e correspondeu-lhe mesmo com um sorriso ao seu rasgado cumprimento. Depois, como respondendo a um impulso repentino, soltou o francalete do seu chapéu que, arrebatado pelo vento, foi cair à frente do cavalo de Ronald.
Um dos cavaleiros que acompanhavam a jovem desviou-se no mesmo instante para apanhar o largo Stetson; mas Ronald foi muito mais rápido e, inclinando-se sem esforço aparente, numa soberba exibição equestre, alcançou o chapéu, sem que fosse necessário parar o animal e, retrocedendo, aproximou--se da jovem amazona que o esperava sorridente.
Os últimos raios do Sol poente pareciam acender os acobreados anéis de cabelo que rodeavam o rosto da linda rapariga e faziam brilhar os seus olhos glaucos.
— Obrigada, forasteiro! — murmurou ela, sorridente, aceitando o chapéu de feltro, branco, que ele lhe estendia com um respeitoso gesto, que desmentia a sua maneira descarada de fitá-la, embora não conseguisse com isso fazê-la baixar ou desviar os olhos. — Foi muito amável!...
— Julga que mereço uma recompensa? — perguntou ele, com audácia. A jovem pestanejou levemente, fitando-o, divertida e intrigada.
— Naturalmente… desde que as suas pretensões não sejam excessivas.
— Não me parece. Trata-se simplesmente de uma pergunta.
— Pode fazê-la, embora não lhe garanta a resposta.
— Correrei esse risco. Intriga-me simplesmente saber se... quando fecha os olhos pode tornar a abri-los sozinha ou precisa de ajuda para levantar as pálpebras.
Lea endireitou a cabeça e soltou um riso cristalino e encantador.
— Abro-os sozinha e sem o menor esforço — respondeu. — Tem mais alguma coisa a dizer?
— Que a senhorita me parece muito curiosa.
— Porquê? Antes dele responder, o cavaleiro que pretendera apanhar o chapéu, adiantou-se, com má catadura.
— Não acha que são tolices demais, amigo?
— Ninguém pediu a tua opinião, Harry— interrompeu a rapariga, num tom seco. — E também não preciso da tua companhia. Podes pôr-te a andar e deixa-me em paz. –
O cavaleiro, ainda jovem e bem constituído, apertou os lábios, olhando com rancor para Ronald, a quem atribuiu a culpa do caso e, fazendo voltar o seu cavalo, esporeou-o e afastou-se na direção da cidade.
Sem ligar importância à animadversão do jovem, e divertido com a cena, o aventureiro fitou com ironia o outro cavaleiro que escoltava a deliciosa amazona. E perguntou:
— O senhor fica?
— Fica, sim! — respondeu a jovem, sem dar tempo a que o outro replicasse. — Agora, cabe ao senhor a vez de pôr-se a andar. Mas antes, quer responder à minha pergunta?
— Seria muito amável se a repetisse.
— Porque disse que sou ansiosa?
— Por que nos reduziu o Céu, ao roubar-lhe dois pedacinhos para os seus olhos.
Ela tornou a rir, agradavelmente satisfeita e, sem responder, roçou as esporas nas ilhargas do seu cavalo que partiu a galope, afastando-se, seguida pelo outro cavaleiro.
Ronald viu-a partir, sorrindo levemente, e só quando ela ia longe, continuou o caminho.
Os últimos raios do Sol poente pareciam acender os acobreados anéis de cabelo que rodeavam o rosto da linda rapariga e faziam brilhar os seus olhos glaucos.
— Obrigada, forasteiro! — murmurou ela, sorridente, aceitando o chapéu de feltro, branco, que ele lhe estendia com um respeitoso gesto, que desmentia a sua maneira descarada de fitá-la, embora não conseguisse com isso fazê-la baixar ou desviar os olhos. — Foi muito amável!...
— Julga que mereço uma recompensa? — perguntou ele, com audácia. A jovem pestanejou levemente, fitando-o, divertida e intrigada.
— Naturalmente… desde que as suas pretensões não sejam excessivas.
— Não me parece. Trata-se simplesmente de uma pergunta.
— Pode fazê-la, embora não lhe garanta a resposta.
— Correrei esse risco. Intriga-me simplesmente saber se... quando fecha os olhos pode tornar a abri-los sozinha ou precisa de ajuda para levantar as pálpebras.
Lea endireitou a cabeça e soltou um riso cristalino e encantador.
— Abro-os sozinha e sem o menor esforço — respondeu. — Tem mais alguma coisa a dizer?
— Que a senhorita me parece muito curiosa.
— Porquê? Antes dele responder, o cavaleiro que pretendera apanhar o chapéu, adiantou-se, com má catadura.
— Não acha que são tolices demais, amigo?
— Ninguém pediu a tua opinião, Harry— interrompeu a rapariga, num tom seco. — E também não preciso da tua companhia. Podes pôr-te a andar e deixa-me em paz. –
O cavaleiro, ainda jovem e bem constituído, apertou os lábios, olhando com rancor para Ronald, a quem atribuiu a culpa do caso e, fazendo voltar o seu cavalo, esporeou-o e afastou-se na direção da cidade.
Sem ligar importância à animadversão do jovem, e divertido com a cena, o aventureiro fitou com ironia o outro cavaleiro que escoltava a deliciosa amazona. E perguntou:
— O senhor fica?
— Fica, sim! — respondeu a jovem, sem dar tempo a que o outro replicasse. — Agora, cabe ao senhor a vez de pôr-se a andar. Mas antes, quer responder à minha pergunta?
— Seria muito amável se a repetisse.
— Porque disse que sou ansiosa?
— Por que nos reduziu o Céu, ao roubar-lhe dois pedacinhos para os seus olhos.
Ela tornou a rir, agradavelmente satisfeita e, sem responder, roçou as esporas nas ilhargas do seu cavalo que partiu a galope, afastando-se, seguida pelo outro cavaleiro.
Ronald viu-a partir, sorrindo levemente, e só quando ela ia longe, continuou o caminho.
(Coleção Colorado, nº 6)
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