(Após ter assassinado o velho juiz Fawcett a mando de Willerd Usher) Lone Francis parecia abstraído na sua conversa com Linda. Encontrara na cantora muitos pontos de contacto com o seu próprio temperamento, e o prazer de encontrar uma mulher que compartilhasse as suas paixões e sentimentos fazia-o experimentar uma sensação desconhecido para ele até então.
— A minha vida não é limpa nem exemplar — dissera-lhe a rapariga na noite anterior, brilhando-lhe nos olhos um profundo ódio,— mas não é minha toda a culpa. Gostaria de ser muito diferente; por infelicidade, tive de ser o que me deixaram e me obrigaram a ser os que, desprezando-me pelo sangue que me corre nas veias, sentiam os mais torpes desejos ao contemplarem a minha beleza. Ofenderam-me e humilharam-me centena de vezes, cobrindo-me de lama e vergonha. Agora, que posso fazê-lo, pago-lhes na mesma moeda.
Lone Francis falou com idêntica sinceridade ao expor o seu caso. Nas linhas gerais eram iguais. Ambos foram desprezados e feridos; ambos feriam e desprezavam per sua vez. A única diferença eram as armas utilizadas: ela a sua beleza, ele os, seus revólveres.
— Fomos feitos um para o outro — afirmou o mestiço, com plena segurança do que dizia.
— Sim — respondeu Linda, sorridente. — Creio seres o único homem capaz de me compreender, precisamente porque estás nas mesmas condições.
Selaram o seu pacto com um abraço e ficaram de se encontrar na manhã seguinte, cerca do meio-dia.
Francis foi buscá-la à pensão onde ela se hospedava e deram um passei pela cidade. Dirigiam-se para o «Copper Ring» quando tropeçaram com Pat.
— Parece-me que e xerife não anda muito longe da verdade — disse a rapariga, olhando-o fixamente; quando se sentaram a um canto e onde ninguém podia ouvi-los.
— Que queres dizer com isso? — perguntou Lone, enrugando a frente.
— Que sou menos parva do que pareço, os olhos servem-me para ver, os ouvidos para ouvir e a cabeça para pensar.
— Fala claro! — exigiu o mestiço. — Que viste e pensaste?
— O bastante para passares mau bocado, se eu o dissesse a alguém.
Sem levantar a voz, aproximando a boca do ouvido de Lone para maior segurança, Linda disse algo que fez estremecer o pistoleiro. Na tarde anterior vira Willard entrar no seu escritório, abrir e cofre e tirar algum dinheiro, que em seguida entregou com a maior dissimulação a Francis. Depois, à noite, viu-o sair pela porta traseira.
— Voltaste quando eu comecei a cantar, e estiveste ausente durante quinze minutos. Ficarias muito surpreendido sabendo que mataram Fawett precisamente nesses quinze minutos?
— E que mais sabes? — inquiriu Lone, fitando Linda com um olhar onde se lia o receio e a desconfiança.
— Que Willard tinha um interesse especial no desaparecimento do Juiz Fawcett.
(Coleção Pólvora, nº 3)
— A minha vida não é limpa nem exemplar — dissera-lhe a rapariga na noite anterior, brilhando-lhe nos olhos um profundo ódio,— mas não é minha toda a culpa. Gostaria de ser muito diferente; por infelicidade, tive de ser o que me deixaram e me obrigaram a ser os que, desprezando-me pelo sangue que me corre nas veias, sentiam os mais torpes desejos ao contemplarem a minha beleza. Ofenderam-me e humilharam-me centena de vezes, cobrindo-me de lama e vergonha. Agora, que posso fazê-lo, pago-lhes na mesma moeda.
Lone Francis falou com idêntica sinceridade ao expor o seu caso. Nas linhas gerais eram iguais. Ambos foram desprezados e feridos; ambos feriam e desprezavam per sua vez. A única diferença eram as armas utilizadas: ela a sua beleza, ele os, seus revólveres.
— Fomos feitos um para o outro — afirmou o mestiço, com plena segurança do que dizia.
— Sim — respondeu Linda, sorridente. — Creio seres o único homem capaz de me compreender, precisamente porque estás nas mesmas condições.
Selaram o seu pacto com um abraço e ficaram de se encontrar na manhã seguinte, cerca do meio-dia.
Francis foi buscá-la à pensão onde ela se hospedava e deram um passei pela cidade. Dirigiam-se para o «Copper Ring» quando tropeçaram com Pat.
— Parece-me que e xerife não anda muito longe da verdade — disse a rapariga, olhando-o fixamente; quando se sentaram a um canto e onde ninguém podia ouvi-los.
— Que queres dizer com isso? — perguntou Lone, enrugando a frente.
— Que sou menos parva do que pareço, os olhos servem-me para ver, os ouvidos para ouvir e a cabeça para pensar.
— Fala claro! — exigiu o mestiço. — Que viste e pensaste?
— O bastante para passares mau bocado, se eu o dissesse a alguém.
Sem levantar a voz, aproximando a boca do ouvido de Lone para maior segurança, Linda disse algo que fez estremecer o pistoleiro. Na tarde anterior vira Willard entrar no seu escritório, abrir e cofre e tirar algum dinheiro, que em seguida entregou com a maior dissimulação a Francis. Depois, à noite, viu-o sair pela porta traseira.
— Voltaste quando eu comecei a cantar, e estiveste ausente durante quinze minutos. Ficarias muito surpreendido sabendo que mataram Fawett precisamente nesses quinze minutos?
— E que mais sabes? — inquiriu Lone, fitando Linda com um olhar onde se lia o receio e a desconfiança.
— Que Willard tinha um interesse especial no desaparecimento do Juiz Fawcett.
(Coleção Pólvora, nº 3)
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