domingo, 26 de janeiro de 2014

PAS236. Quando o ódio é a única paixão

Lorna moveu a cabeça.
- Nem sequer negas o ódio que te domina. Reconheces que é a paixão mais forte que se alberga no teu coração... Inclusivamente, procuraste a maneira de ser eu que te indicasse quem deverias matar. E julguei eu, quando tal me perguntavas, que era tudo causado pelos teus ciúmes. Além disso, nem se altera a injustiça.
Templewood não quis continuar a ouvi-la. Era preciso retÊ-la consigo, pois de outro modo não lograria convencê-la para que não o abandonasse.
Acercou-se da jovem e abraçou-a com força, enquanto lhe dizia:
- Amo-te, Lorna, amo-te muito.
A jovem tentou libertar-se do seu abraço, mas impediram-na os músculos do mancebo. Reteve-a com força, apertando-a apaixonadamente contra o coração.
- Lorna! Lorna! Não podes deixar-me se me amas - gritou.
Acercou-se para a beijar, mas a jovem não correspondeu À carícia. Pelo contrário, permaneceu imóvel, com os olhos bem abertos e os lábios cerrados. Sherry, assombrado, largou-a.


Lorna, pálida, contendo a sua amargura, mas com uma decisão que o mancebo não esperava, disse:
- Não posso continuar a teu lado, Sherry. Quis-te muito e só vivi para esperar-te. Mas nunca julguei que pudesses mudar tanto. Não és o mesmo de quem me enamorei.
- Ninguém o seri depois daquilo.
- Seguramente... Mas nem tu mesmo te reconhecerias. Deverias ver esses olhos sem vida, esses olhos que só esperam ver a vingança e a morte. Em ti, Sherry, morreu todo o sentimento, mas, além disso, tu também o desejas morto. Não queres voltar a viver.
Templewood baixou a cabeça olhando a terra em que se encontrava. Tudo parecia ter-se afundado em torno dele.
Lorna murmurou, contendo as lágrimas:
- Adeus, Sherry, adeus.
Depois disto, deitou a correr, tão depressa quanto pôde.
(Coleção Búfalo, nº 60)

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