domingo, 5 de janeiro de 2014

PAS211. Conversas de barbearia

O aguazil levantou-se e apoiou firmemente no solo a sua perna ferida. Resistia bem. Mirou-se ao espelho. No seu colete brilhava a estrela de que o mascarado do trajo aos quadrados havia escarnecido. Tentou comparar-se com o homem que fora dez anos atrás, no dia em que lha colocaram. Os seus escassos cabelos tinham-se tornado cinzentos. Os seus gestos haviam adquirido dureza, rigidez. O seu ventre estava o dobro. Sentia-se velho, cansado, gasto.
Mas era o mesmo, o mesmo Jess Banks que os habitantes de Rosalita escolheram quase unanimemente para o cargo público de maior transcendência na vida da comunidade. Não perdera a sua coragem, nem a sua resolução, nem a sua energia, nem a sua habilidade com o revólver.
Era o mesmo!
- Boyd!
- Diga, senhor Banks.
-Pete, Hank e Jerry Custer eram os melhores rapazes do mundo. Se surge o menor indício de Frank McDonald os assassinou, juro-te que deixarei as mãos livres a Johnny, ainda que primeiro tenha de me demitir do meu cargo para me poder sentar a presenciar em paz como se faz carnificina com esse homem!
O barbeiro não disse nada. Havia muito tempo, muitíssimo tempo já, que não via os olhos do aguazil brilharem daquela maneira.
(Coleção Búfalo, nº53)

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