Linda Morgan viu Richard Graham (aliás Harry Milton) sair do «saloon», e o seu olhar ficou fixo nele.
Sabia que o jovem devia ser vítima de uma armadilha e eis que saía tranquilamente do gabinete de Bipsho como se a sua visita fosse apenas de cortesia.
Não lhe agradava o curso que os acontecimentos tomavam; temia aquele homem. Não acreditava que fosse Richard Graham. Tinha a certeza de que não era; apesar de a ideia ser absurda continuava a acreditar que aquele homem não era o jovem indolente com quem ela estava acostumada a lidar e dominar com um só olhar.
Pelo contrário, sentia-se aturdida perante a fixidez dos seus olhos escuros. Em que se fundamentava para não acreditar que era Richard Graham? Não podia precisar. Era igual, mas por outro lado existia qualquer coisa de indefinido que lho dizia. O seu aspeto era mais varonil e o seu passo mais firme.
Por um instante os seus olhares cruzarem-se e Linda inclinou a cabeça num cumprimento amistoso, mas ele fingiu não a ver. Esta indiferença indignou-a, pois estava acostumada a que os homens a admirassem e não podia perdoar aquela demonstração de desdém.
Se o seu pressentimento fosse certo e aquele homem não era realmente Richard Graham, quem seria então? Devia ser um audaz aventureiro e já dera fartas provas de que era perigoso ao derrotar de forma tão rotunda um lutador extraordinário como Joe Murphy. Ela estava ligada pelos mesmos interesses a Eddie Bipsho e se o desconhecido representava um obstáculo para os seus planos, devia ser suprimido por muito que a atraísse a sua varonil presença.
Sabia que o jovem devia ser vítima de uma armadilha e eis que saía tranquilamente do gabinete de Bipsho como se a sua visita fosse apenas de cortesia.
Não lhe agradava o curso que os acontecimentos tomavam; temia aquele homem. Não acreditava que fosse Richard Graham. Tinha a certeza de que não era; apesar de a ideia ser absurda continuava a acreditar que aquele homem não era o jovem indolente com quem ela estava acostumada a lidar e dominar com um só olhar.
Pelo contrário, sentia-se aturdida perante a fixidez dos seus olhos escuros. Em que se fundamentava para não acreditar que era Richard Graham? Não podia precisar. Era igual, mas por outro lado existia qualquer coisa de indefinido que lho dizia. O seu aspeto era mais varonil e o seu passo mais firme.
Por um instante os seus olhares cruzarem-se e Linda inclinou a cabeça num cumprimento amistoso, mas ele fingiu não a ver. Esta indiferença indignou-a, pois estava acostumada a que os homens a admirassem e não podia perdoar aquela demonstração de desdém.
Se o seu pressentimento fosse certo e aquele homem não era realmente Richard Graham, quem seria então? Devia ser um audaz aventureiro e já dera fartas provas de que era perigoso ao derrotar de forma tão rotunda um lutador extraordinário como Joe Murphy. Ela estava ligada pelos mesmos interesses a Eddie Bipsho e se o desconhecido representava um obstáculo para os seus planos, devia ser suprimido por muito que a atraísse a sua varonil presença.
Na manhã seguinte, Linda Morgan levantou-se decidida a confirmar as suspeitas que tão profundamente arraigadas tinha no espírito. Admirava o porte varonil e a temeridade do ousado farsante, sentia-se atraída pela sua forte personalidade, mas tratava-se de um poderoso obstáculo que se interpunha no caminho para os seus ambiciosos projetos, pelo que estava decidida a eliminá-lo.
Vestiu umas elegantes calças de montar e o seu admirável busto ficou coberto por uma fina blusa que lhe dava um aspeto muito atraente. Montou uma formosa égua e encaminhou-se para o rancho dos Graham.
Não deu pela presença de Eleonor e foi observando com atenção o outro lado da rede de arame, procurando Richard. Teve sorte, pois não tardou a divisar o jovem que estava acompanhado de dois vaqueiros. Chamou-o com um gesto e o jovem apressou-se a ir junto dela.
Admirou o salto que obrigou a dar à montada, demonstrando ser um bom cavaleiro. Não pôde conter um sorriso ao ver a rapidez com que Richard atendia o seu chamamento; a sua vaidade de mulher ficava compensada do desprezo que lhe manifestara na noite anterior.
— Bons dias, Linda. É um prazer vê-la por aqui —cumprimentou Harry.
— Creio que me engana, Richard — respondeu ela aceitando a mão que o jovem lhe oferecia para a ajudar a desmontar.
—Por que diz isso? Ofende-me com essa suposição, é como se me acusasse de que a sua presença não me é grata.
— Exatamente.
— É muito cruel.
— Tenho motivos para isso.
Harry estava em guarda contra o ataque que a artista ia lançar contra si. Aquela mulher era muito sagaz e o verdadeiro móbil da sua presença naquele lugar era certificar-se da sua verdadeira personalidade. Além disso era muito formosa e a sua proximidade era perturbante.
Pararam num lugar onde não podiam ser vistos do rancho.
— Que motivos são esses? — perguntou Harry com ousadia.
— Ontem à noite vi-o no 4<saloon» e nem respondeu ao meu cumprimento.
— Garanto-lhe que não a vi, Linda.
— Não acredito...
— Acaso me julga capaz de semelhante ação?
— Sim.
E Linda olhou-o fixamente, apoiando a mão direita no peito varonil. Se se tratasse de Richard Graham, este teria corado, mas o homem que estava diante dela continuava
impassível e o seu rosto bronzeado não demonstrava perturbação alguma.
— Engana-se.
— O senhor é um farsante, não me convencerá.
E inclinou-se sobre ele, cheia de mimo. Harry enlaçou-a pela cintura e não pôde resistir à tentação de beijar aqueles lábios vermelhos que se lhe ofereciam tentadores.
Foi isto que Eleonor viu, apressando-se a afastar-se para não ver aquela cena que lhe fazia tanto mal.
Linda sentiu-se subjugada e, por um instante, deixou--se vencer pelo atração que sobre ela exercia Harry Milton, mas refez-se imediatamente. Agora já tinha a certeza de que aquele homem não era Richard Graham.
— Quem é o senhor? — perguntou com rudeza, empurrando-o para trás.
— Quem sou eu? — respondeu Harry, fingindo uma grande admiração.
— Sim, o senhor não é Richard Graham.
— Não sou Richard Graham? Então quem sou?
— Isso gostaria eu de saber, o seu verdadeiro nome.
— Está muito brincalhona esta manhã.
— Não, esta manhã consegui averiguar o que me interessava.
E, com um gesto enérgico, desprendeu-se dos braços de Harry e montou agilmente sobre a sua égua, afastando--se a galope.
O jovem olhou-a a sorrir. Acontecera o que ele temia, aquela mulher era muito astuta e não se deixara enganar pelo jogo organizado tão habilmente por Frankie Sim-mons. Agora tinha de evitar que fugisse. Custava-lhe ter de agir contra uma mulher, mas era preciso fazê-lo; havia muitas coisas em jogo para andar com contemplações.
Linda galopava para Evil Town quando Harry montou o seu cavalo, seguindo-a, segundo parecia, sem pressa nenhuma; mas o potente galopar da sua montada ganhava terreno à égua a olhos vistos. A artista voltou-se, e ao compreender que era perseguida, açoitou a sua montada, sendo inútil o seu esforço, pois Harry não tardou a chegar junto dela.
— Lamento, Linda, mas tenho de o fazer.
— Canalha! — rugiu ela, exasperada.
O braço férreo do jovem rodeou-lhe a cintura e, sem esforço aparente, arrancou-a da sela, colocando a jovem sobre a sua montada, sem reduzir a velocidade do animal. Linda tentou agredir o seu raptor, mas não lhe foi possível pois este, apercebendo-se das suas intenções, apertou-a com força contra si, privando-a de todos os movimentos.
— É inútil tudo o que fizer, minha bela inimiga. É muito esperta, mas enganou-se ao dar-me conhecimento da sua descoberta.
— É um miserável! Largue-me!
— Não o farei. Não tenho outro remédio se não encerrá-la em lugar seguro.
— Não se atreverá a fazê-lo.
— Quem me vai impedir?
— Eddie Bipsho matá-lo-á por causa desta façanha.
Harry começou a rir.
— Continua a enganar-se, minha bela menina — disse com o seu peculiar acento texano —, serei eu a matar esse malvado. Não o temo, nem aos seus pistoleiros e creio que todos eles me temem.
Estava satisfeito de ter podido falar sem fingir uma voz que não era a sua, fazendo-o com a lentidão que lhe era habitual.
Linda mordeu os lábios com despeito, compreendendo que aquele homem era capaz de fazer o que dizia. Também compreendia a sua falta de tato ao revelar que conhecia a identidade do seu raptor, ou melhor, que ele não era Richard Graham. Mas fora qualquer coisa superior à sua vontade, a satisfação que lhe produzira a certeza de que as suas suspeitas eram certas e por julgar que o desconhecido não se atreveria a detê-la. Estava furiosa por se ter deixado apanhar de forma tão estúpida.
Tentou libertar-se, mas a pressão do braço varonil aumentou de tal forma que a sua respiração se tornou entrecortada, tendo de desistir, com o receio de perecer asfixiada.
— Não tente resistir — avisou Harry — de contrário, ver-me-ei obrigado a magoá-la e garanto-lhe que não o desejo fazer.
Linda, compreendendo que o seu inimigo tinha razão, ficou quieta, resignando-se à situação em que se encontrava. Harry galopou na direção da égua que trotava desconcertada, como se não encontrasse explicação para o que sucedia, visto que a amazona se desprendera da sela em pleno galope, Tinha de se apoderar do animal para evitar que aparecesse só na povoação, semeando o alarme entre os seus inimigos. Foi-lhe fácil apanhar a égua pelas rédeas. Acariciou-a com a mão, tranquilizando-a. Apoderou-se então de um minúsculo revólver que Linda levava e, com movimento rápido, colocou-a novamente sobre a égua.
Vestiu umas elegantes calças de montar e o seu admirável busto ficou coberto por uma fina blusa que lhe dava um aspeto muito atraente. Montou uma formosa égua e encaminhou-se para o rancho dos Graham.
Não deu pela presença de Eleonor e foi observando com atenção o outro lado da rede de arame, procurando Richard. Teve sorte, pois não tardou a divisar o jovem que estava acompanhado de dois vaqueiros. Chamou-o com um gesto e o jovem apressou-se a ir junto dela.
Admirou o salto que obrigou a dar à montada, demonstrando ser um bom cavaleiro. Não pôde conter um sorriso ao ver a rapidez com que Richard atendia o seu chamamento; a sua vaidade de mulher ficava compensada do desprezo que lhe manifestara na noite anterior.
— Bons dias, Linda. É um prazer vê-la por aqui —cumprimentou Harry.
— Creio que me engana, Richard — respondeu ela aceitando a mão que o jovem lhe oferecia para a ajudar a desmontar.
—Por que diz isso? Ofende-me com essa suposição, é como se me acusasse de que a sua presença não me é grata.
— Exatamente.
— É muito cruel.
— Tenho motivos para isso.
Harry estava em guarda contra o ataque que a artista ia lançar contra si. Aquela mulher era muito sagaz e o verdadeiro móbil da sua presença naquele lugar era certificar-se da sua verdadeira personalidade. Além disso era muito formosa e a sua proximidade era perturbante.
Pararam num lugar onde não podiam ser vistos do rancho.
— Que motivos são esses? — perguntou Harry com ousadia.
— Ontem à noite vi-o no 4<saloon» e nem respondeu ao meu cumprimento.
— Garanto-lhe que não a vi, Linda.
— Não acredito...
— Acaso me julga capaz de semelhante ação?
— Sim.
E Linda olhou-o fixamente, apoiando a mão direita no peito varonil. Se se tratasse de Richard Graham, este teria corado, mas o homem que estava diante dela continuava
impassível e o seu rosto bronzeado não demonstrava perturbação alguma.
— Engana-se.
— O senhor é um farsante, não me convencerá.
E inclinou-se sobre ele, cheia de mimo. Harry enlaçou-a pela cintura e não pôde resistir à tentação de beijar aqueles lábios vermelhos que se lhe ofereciam tentadores.
Foi isto que Eleonor viu, apressando-se a afastar-se para não ver aquela cena que lhe fazia tanto mal.
Linda sentiu-se subjugada e, por um instante, deixou--se vencer pelo atração que sobre ela exercia Harry Milton, mas refez-se imediatamente. Agora já tinha a certeza de que aquele homem não era Richard Graham.
— Quem é o senhor? — perguntou com rudeza, empurrando-o para trás.
— Quem sou eu? — respondeu Harry, fingindo uma grande admiração.
— Sim, o senhor não é Richard Graham.
— Não sou Richard Graham? Então quem sou?
— Isso gostaria eu de saber, o seu verdadeiro nome.
— Está muito brincalhona esta manhã.
— Não, esta manhã consegui averiguar o que me interessava.
E, com um gesto enérgico, desprendeu-se dos braços de Harry e montou agilmente sobre a sua égua, afastando--se a galope.
O jovem olhou-a a sorrir. Acontecera o que ele temia, aquela mulher era muito astuta e não se deixara enganar pelo jogo organizado tão habilmente por Frankie Sim-mons. Agora tinha de evitar que fugisse. Custava-lhe ter de agir contra uma mulher, mas era preciso fazê-lo; havia muitas coisas em jogo para andar com contemplações.
Linda galopava para Evil Town quando Harry montou o seu cavalo, seguindo-a, segundo parecia, sem pressa nenhuma; mas o potente galopar da sua montada ganhava terreno à égua a olhos vistos. A artista voltou-se, e ao compreender que era perseguida, açoitou a sua montada, sendo inútil o seu esforço, pois Harry não tardou a chegar junto dela.
— Lamento, Linda, mas tenho de o fazer.
— Canalha! — rugiu ela, exasperada.
O braço férreo do jovem rodeou-lhe a cintura e, sem esforço aparente, arrancou-a da sela, colocando a jovem sobre a sua montada, sem reduzir a velocidade do animal. Linda tentou agredir o seu raptor, mas não lhe foi possível pois este, apercebendo-se das suas intenções, apertou-a com força contra si, privando-a de todos os movimentos.
— É inútil tudo o que fizer, minha bela inimiga. É muito esperta, mas enganou-se ao dar-me conhecimento da sua descoberta.
— É um miserável! Largue-me!
— Não o farei. Não tenho outro remédio se não encerrá-la em lugar seguro.
— Não se atreverá a fazê-lo.
— Quem me vai impedir?
— Eddie Bipsho matá-lo-á por causa desta façanha.
Harry começou a rir.
— Continua a enganar-se, minha bela menina — disse com o seu peculiar acento texano —, serei eu a matar esse malvado. Não o temo, nem aos seus pistoleiros e creio que todos eles me temem.
Estava satisfeito de ter podido falar sem fingir uma voz que não era a sua, fazendo-o com a lentidão que lhe era habitual.
Linda mordeu os lábios com despeito, compreendendo que aquele homem era capaz de fazer o que dizia. Também compreendia a sua falta de tato ao revelar que conhecia a identidade do seu raptor, ou melhor, que ele não era Richard Graham. Mas fora qualquer coisa superior à sua vontade, a satisfação que lhe produzira a certeza de que as suas suspeitas eram certas e por julgar que o desconhecido não se atreveria a detê-la. Estava furiosa por se ter deixado apanhar de forma tão estúpida.
Tentou libertar-se, mas a pressão do braço varonil aumentou de tal forma que a sua respiração se tornou entrecortada, tendo de desistir, com o receio de perecer asfixiada.
— Não tente resistir — avisou Harry — de contrário, ver-me-ei obrigado a magoá-la e garanto-lhe que não o desejo fazer.
Linda, compreendendo que o seu inimigo tinha razão, ficou quieta, resignando-se à situação em que se encontrava. Harry galopou na direção da égua que trotava desconcertada, como se não encontrasse explicação para o que sucedia, visto que a amazona se desprendera da sela em pleno galope, Tinha de se apoderar do animal para evitar que aparecesse só na povoação, semeando o alarme entre os seus inimigos. Foi-lhe fácil apanhar a égua pelas rédeas. Acariciou-a com a mão, tranquilizando-a. Apoderou-se então de um minúsculo revólver que Linda levava e, com movimento rápido, colocou-a novamente sobre a égua.
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