Eleonor Horner sentia outra vez a alegria de viver. O seu coração batia apressadamente, o seu olhar adquirira de novo aquele brilho que fazia que os seus formosos olhos resplandecessem, dando-lhe um encanto peculiar que a tornava irresistível para qualquer homem. Já sem isso Harry Milton sentira-se rendido pela sua beleza, tal como Eddie Bipsho.
O homem amado voltava a ser o que ela sonhara, superava, na sua esperada reação, o Richard que fora seu noivo, antes de se sentir atraído pelos encantos de Linda Morgan, aquela aventureira a quem aborrecia. O jovem nunca fora mau, apenas fizera uso do seu revólver uma vez e a sua atitude fora justificada, demonstrando a sua admirável pontaria.
Se Linda não tivesse chegado a Evil Town, estava convencida de que o jovem teria voltado aos seus costumes anteriores, não dando lugar ao atual estado de coisas, que era sumamente perigoso, e ela temia pela vida do seu amado.
Não se podia equivocar, o seu instinto de mulher não a podia enganar. Richard continuava a amá-la, talvez com maior intensidade que antes e ela desejava imenso que assim fosse. Seus pais estavam contentes ao verem que a atitude tristonha da jovem desaparecera; ambos gostavam de Richard, conheciam-no desde criança e sempre haviam abrigado a esperança de que fosse o homem indicado para fazer feliz a sua filha querida.
John Horner era um homem que tinha perto de sessenta anos, duro e curtido nas rudes tarefas de ganadeiro. Depois de muitos anos de esforço tenaz, de lenta, mas continua prosperidade, quando pensava poder legar a sua filha única uma fazenda importante, vira-se envolvido nos sujos manejos daqueles bandidos que haviam chegado à povoação de improviso e lhe dizimavam o gado. Mas não deixava de lutar com afinco na defesa dos seus direitos, rogando a Deus que não tardasse a chegar àquele longínquo recanto do Oeste a verdadeira justiça, aquela que não permitia que um grupo de bandidos, ao amparo dos seus «Colt», semeasse o pânico entre os homens honrados.
Eleonor montou o seu cavalo. Desejava ver Richard e ao mesmo tempo esperava que este não se apercebesse das suas intenções e que a sua chegada ao rancho dos Graham fosse tomada com uma visita a Ruth. De maneira nenhuma queria que o jovem soubesse a verdade sobre a sua visita. A simples ideia de que isto pudesse ocorrer fazia corar intensamente as suas lindas faces.
Galopava com brio, sentindo prazer com o ar que lhe afagava o rosto e a sua cabeleira flutuava como se estivesse sustentada por uma mão invisível. A vista do rancho reduziu a velocidade do cavalo pois se continuasse naquele galope ninguém duvidaria do verdadeiro motivo que a impulsionara a visitar Ruth Graham.
Serenou, aspirando o ar com prazer, gozando aquela
manhã cheia de luz; o sol punha maravilhosos reflexos nas montanhas longínquas, fazendo-as parecer irreais.
De súbito estremeceu, pois um cavaleiro aproximava-se do rancho e, apesar da distância que os separava, não duvidou de que se tratava de Linda Morgan. Esta visão fê-la mudar instantaneamente de humor, todo o encanto que flutuava à sua volta desapareceu como por artes de magia e os raios ardentes do sol pareceram-lhe cruéis e desapiedados,
Por que se dirigiria aquela mulher para o rancho?
O motivo não podia ser outro senão o de encontrar-se com Richard. Isto produziu-lhe um profundo desassossego. Sentindo um repentino mal-estar. mordeu os lábios para não soltar um gemido de dor. Aquela mulher atravessava-se novamente na sua vida
Por um instante esteve tentada a voltar o animal, mas conteve-se. Era preferível certificar-se da realidade, comprovar por si mesma se as suas suspeitas eram verdadeiras. Por muito doloroso que pudesse ser, sempre seria melhor que ter dúvidas de que tudo tivesse consistido numa simples coincidência.
O seu orgulho de mulher resistia àquela espionagem, pois parecia-lhe um ato indigno, mas o amor que sentia por Richard foi superior e por isso decidiu seguir Linda Morgan.
Procurando não ser vista pela artista, prosseguiu a marcha com lentidão. Pela atitude de Linda compreendeu que ela não ia a uma entrevista, mas que procurava alguém e embora esse alguém devesse ser Richard Graham, um raio de esperança entrou no seu espírito abatido.
Linda Morgan galopou ao longo da cerca de arame farpado, olhando com atenção para o interior da fazenda.
De súbito deteve-se e agitou uma das mãos num gracioso gesto de chamamento. Eleanor viu Richard que respondia à artista e depois de dizer algumas palavras aos dois vaqueiros que estavam junto de si, iniciou o galope na direção da cerca, que devia ter mais de jarda e meia de altura. Ao chegar junto do arame o nobre animal, destramente conduzido pelo cavaleiro, lançou-se no espaço e, num salto espetacular, caiu no outro lado, prosseguindo a marcha com normalidade.
As duas mulheres olhavam com admiração para o hábil e elegante cavaleiro. Eleonor ocultou-se atrás de um tufo de mato, pois teria escolhido a morte de preferência a ser vista por Richard.
Do seu improvisado observatório viu como o jovem cumprimentava Linda, e como ele desmontava e oferecia a mão para ajudar a artista. O par, conduzindo os cavalos pelas rédeas, caminhou lentamente e Eleonor, que não perdia nenhum pormenor, apesar de não poder ouvir o que diziam, viu que ela se mostrava atrevida e que o homem parecia render-se aos seus encantos.
Pararam num lugar onde não podiam ser vistos do rancho e, depois de uma breve troca de palavras, Richard enlaçou a cintura da artista e beijou-a apaixonadamente. Eleonor sentiu que um calafrio percorria todo o seu ser e uma dor aguda, como um punhal acerado feriu-lhe o coração.
O seu pressentimento confirmara-se. Não esperou mais. Montou o seu cavalo e iniciou o regresso a casa. Aquele seria o seu último desengano amoroso; não voltaria a amar.
O homem amado voltava a ser o que ela sonhara, superava, na sua esperada reação, o Richard que fora seu noivo, antes de se sentir atraído pelos encantos de Linda Morgan, aquela aventureira a quem aborrecia. O jovem nunca fora mau, apenas fizera uso do seu revólver uma vez e a sua atitude fora justificada, demonstrando a sua admirável pontaria.
Se Linda não tivesse chegado a Evil Town, estava convencida de que o jovem teria voltado aos seus costumes anteriores, não dando lugar ao atual estado de coisas, que era sumamente perigoso, e ela temia pela vida do seu amado.
Não se podia equivocar, o seu instinto de mulher não a podia enganar. Richard continuava a amá-la, talvez com maior intensidade que antes e ela desejava imenso que assim fosse. Seus pais estavam contentes ao verem que a atitude tristonha da jovem desaparecera; ambos gostavam de Richard, conheciam-no desde criança e sempre haviam abrigado a esperança de que fosse o homem indicado para fazer feliz a sua filha querida.
John Horner era um homem que tinha perto de sessenta anos, duro e curtido nas rudes tarefas de ganadeiro. Depois de muitos anos de esforço tenaz, de lenta, mas continua prosperidade, quando pensava poder legar a sua filha única uma fazenda importante, vira-se envolvido nos sujos manejos daqueles bandidos que haviam chegado à povoação de improviso e lhe dizimavam o gado. Mas não deixava de lutar com afinco na defesa dos seus direitos, rogando a Deus que não tardasse a chegar àquele longínquo recanto do Oeste a verdadeira justiça, aquela que não permitia que um grupo de bandidos, ao amparo dos seus «Colt», semeasse o pânico entre os homens honrados.
Eleonor montou o seu cavalo. Desejava ver Richard e ao mesmo tempo esperava que este não se apercebesse das suas intenções e que a sua chegada ao rancho dos Graham fosse tomada com uma visita a Ruth. De maneira nenhuma queria que o jovem soubesse a verdade sobre a sua visita. A simples ideia de que isto pudesse ocorrer fazia corar intensamente as suas lindas faces.
Galopava com brio, sentindo prazer com o ar que lhe afagava o rosto e a sua cabeleira flutuava como se estivesse sustentada por uma mão invisível. A vista do rancho reduziu a velocidade do cavalo pois se continuasse naquele galope ninguém duvidaria do verdadeiro motivo que a impulsionara a visitar Ruth Graham.
Serenou, aspirando o ar com prazer, gozando aquela
manhã cheia de luz; o sol punha maravilhosos reflexos nas montanhas longínquas, fazendo-as parecer irreais.
De súbito estremeceu, pois um cavaleiro aproximava-se do rancho e, apesar da distância que os separava, não duvidou de que se tratava de Linda Morgan. Esta visão fê-la mudar instantaneamente de humor, todo o encanto que flutuava à sua volta desapareceu como por artes de magia e os raios ardentes do sol pareceram-lhe cruéis e desapiedados,
Por que se dirigiria aquela mulher para o rancho?
O motivo não podia ser outro senão o de encontrar-se com Richard. Isto produziu-lhe um profundo desassossego. Sentindo um repentino mal-estar. mordeu os lábios para não soltar um gemido de dor. Aquela mulher atravessava-se novamente na sua vida
Por um instante esteve tentada a voltar o animal, mas conteve-se. Era preferível certificar-se da realidade, comprovar por si mesma se as suas suspeitas eram verdadeiras. Por muito doloroso que pudesse ser, sempre seria melhor que ter dúvidas de que tudo tivesse consistido numa simples coincidência.
O seu orgulho de mulher resistia àquela espionagem, pois parecia-lhe um ato indigno, mas o amor que sentia por Richard foi superior e por isso decidiu seguir Linda Morgan.
Procurando não ser vista pela artista, prosseguiu a marcha com lentidão. Pela atitude de Linda compreendeu que ela não ia a uma entrevista, mas que procurava alguém e embora esse alguém devesse ser Richard Graham, um raio de esperança entrou no seu espírito abatido.
Linda Morgan galopou ao longo da cerca de arame farpado, olhando com atenção para o interior da fazenda.
De súbito deteve-se e agitou uma das mãos num gracioso gesto de chamamento. Eleanor viu Richard que respondia à artista e depois de dizer algumas palavras aos dois vaqueiros que estavam junto de si, iniciou o galope na direção da cerca, que devia ter mais de jarda e meia de altura. Ao chegar junto do arame o nobre animal, destramente conduzido pelo cavaleiro, lançou-se no espaço e, num salto espetacular, caiu no outro lado, prosseguindo a marcha com normalidade.
As duas mulheres olhavam com admiração para o hábil e elegante cavaleiro. Eleonor ocultou-se atrás de um tufo de mato, pois teria escolhido a morte de preferência a ser vista por Richard.
Do seu improvisado observatório viu como o jovem cumprimentava Linda, e como ele desmontava e oferecia a mão para ajudar a artista. O par, conduzindo os cavalos pelas rédeas, caminhou lentamente e Eleonor, que não perdia nenhum pormenor, apesar de não poder ouvir o que diziam, viu que ela se mostrava atrevida e que o homem parecia render-se aos seus encantos.
Pararam num lugar onde não podiam ser vistos do rancho e, depois de uma breve troca de palavras, Richard enlaçou a cintura da artista e beijou-a apaixonadamente. Eleonor sentiu que um calafrio percorria todo o seu ser e uma dor aguda, como um punhal acerado feriu-lhe o coração.
O seu pressentimento confirmara-se. Não esperou mais. Montou o seu cavalo e iniciou o regresso a casa. Aquele seria o seu último desengano amoroso; não voltaria a amar.
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