quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

PAS568. Procurar bandidos e encontrar formoosas meninas

A cada saraivada de chumbo que enviavam para a caverna, respondia-lhes um novo e agónico alarido.
Ao fim de algum tempo, ao verificarem que do lado de dentro já ninguém respondia ao fogo, Richard Maloney e o companheiro deixaram de disparar, embora mantivessem os revólveres em posição de recomeçar a luta ao primeiro sinal de perigo.
— Não disparem... entrego-me...
— Estás sozinho? — perguntou Mitchell. — E os teus companheiros? — Mortos... Estão todos mortos... Não disparem, por favor! — Sai com as mãos atrás da cabeça — ordenou Maloney —e muito cuidado com o que fazes.
O foragido apareceu na abertura da caverna e deteve-se. Tony Mitchell pôs-se em pé, para ordenar que o outro avançasse até eles. Nesse momento, o bandido moveu uma das mãos que trazia atrás da cabeça e nela apareceu uma arma de fogo.
Não chegou a disparar. O próprio Mitchell levantou o revólver e apertou o gatilho duas vezes consecutivas. Um dos projéteis alcançou-o no coração e o outro no estômago.
Embora tudo tivesse acontecido com grande rapidez, ambos os jovens se admiraram de que o resto da quadrilha não houvesse acudido em seguida ao ponto onde se havia desenrolado a fugaz e sangrenta peleja. Mas nem por isso perderam tempo. Saíram do seu refúgio com grandes precauções e aproximaram-se do caído.
Depois de comprovarem que estava morto, apuraram o ouvido para verificar se na caverna ainda restava alguém com vida. Ouviram uns gemidos e Richard Maloney decidiu acender a pequena lanterna que normalmente usava suspensa no cinto, como um instrumento de ajuda no seu trabalho.
Voltou para o interior da caverna e avistou quatro vultos imóveis.
Tony Mitchell lançou-se ao solo e rastejou até junto do moribundo. Atrás dele, e após se ter certificado de que não havia perigo, surgiu Maloney.
— Aonde estão «Faro» Robinson e os outros ? Fala depressa ou acabo contigo como se fosses um cão! — ameaçou Mitchell.
O ferido abriu os olhos e passeou o olhar vidrado pelos companheiros mortos. Por fim, deteve-o no homem que o interrogava.
— Não... não... me mates... — arquejou. — O chefe... saiu... para a caça... com quatro dos nossos... Outro desapareceu... Teve medo e deixou-nos.
O foragido fez uma pequena pausa. Não lhe restava já muito tempo de vida.
Richard Maloney e Tony Mitchell recordaram o indivíduo que estava em poder dos «comanches» e que Merrill se vira obrigado a matar. Quando abandonara o refúgio dos companheiros, os peles-vermelhas haviam-no surpreendido e aprisionado.
— Quanto... às raparigas... foi coisa do chefe...
— Que raparigas ? — admirou-se Maloney. — A quem te referes ?
— A filha de... O'Brien... e a essa outra... que tem aspeto de índia...
— Eleonor e Minetake! — exclamou Mitchell, que estava a acabar de recarregar os revólveres. Corno se encontram elas aqui?
— Encontrámo-las... numa cabana... e o chefe... trouxe-as...
— Céus! E nós que as julgávamos tranquilamente no povoado. Temos de as procurar, Richard!
Tony Mitchell deixou o foragido no solo, pois este acabava de expirar, e olhou o seu amigo angustiosamente. Maloney continuava com a lanterna numa mão dante revólver na outra.
— Vamos, Tony!
Ambos os jovens, possuídos de uma impaciência bastante compreensível, percorreram os húmidos labirintos que a caprichosa Natureza havia criado.
No seu errante caminhar, e após chocarem um infinito número de vezes nas saliências das paredes, acertaram com o corredor que conduzia ao lugar onde se encontravam as raparigas. '
Ao descobrir a nesga de luz que se escapava por debaixo da cortina de peles, Mitchell gritou:
— Minetake! Eleonor!
Ato contínuo, os jovens apareceram na abertura. Abriram os braços e as jovens, presas de incontível emoção, refugiaram-se contra os peitos varonis, chorando de felicidade.
— Oh, não! Lágrimas não! — recomendou Maloney, sorridente, enquanto enxugava ternamente o pranto de sua noiva.
— Tivemos tanto medo! — exclamou esta. -- Houve um momento em que receei... receei que Robinson se excedesse... Tentou vencer-me com lisonjas e como não o conseguisse... –
— Esquece-o... Pensa que foi um pesadelo.
— A mim ameaçou-me com as coisas mais horríveis... — interveio Minetake, ainda não refeita do tremendo choque recebido. — Disse-me que se eu não convencesse Eleonor a amá-lo, me entregaria aos seus homens... Nunca conheci um indivíduo como esse...
— Já passou tudo... Não deves preocupar-te agora disse Mitchell com o sobrolho franzido e o rosto sombrio. — Chegará o momento, prometo-vos, em que «Faro» Robinson ficará à vossa mercê, para que lhe devolvais um pouco do medo com que ele vos obsequiou.
— Prefiro não o voltar a ver! — comentou a filha de «Urso Prateado».
A lua ia alta e as estrelas pestanejavam num céu sem nuvens. Uma aragem suave e perfumada acariciava o rosto dos quatro jovens.
— Saiamos daqui — disse Maloney. — Robinson pode regressar a qualquer instante...
Mitchell fitou o amigo com estranheza. Não compreendia tal prudência.
— Isso precisamente o que eu quero! — exclamou. — Que apareça!
— Não é ocasião de o enfrentarmos. Estão aqui Minetake e Eleonor e, agora que as libertámos, não as podemos expor.
— Que propões então?
— Que regressemos a Rapid City.
— E deixemos «Faro» Robinson em liberdade? Não te compreendo.
— Quando Minetake e Eleonor se encontrarem em lugar seguro, recrutarei uns quantos homens e regressaremos. Talvez consigamos voltar antes de Robinson, e poderemos então preparar-lhe uma emboscada.
— Eu ficarei, para observar...

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