Passados vários dias, a ferida de «Faro» Robinson estava suficientemente cicatrizada para permitir ao cabecilha dos bandidos descer a Rapid City, a fim de visitar 'William O'Brien e combinar com este a melhor forma de libertar os presos.
Morto «Maneta» Abraham, o jovem foragido tinha a certeza absoluta de que, se os tirasse da prisão, todos os homens que haviam pertencido ao bando daquele se uniriam a ele de bom grado.
O problema estava, pois, no modo de os libertar. Sabia por experiência própria que nenhum dos batedores se deixaria subornar, pelo que pensava sinceramente que a solução tinha de ser encontrada noutro lado, com a ajuda do pai de Eleonor. Ele era bom para assaltar caravanas em grupo, mas não para idealizar um plano em que a inteligência predominasse sobre a força.
Pouco depois de anoitecer, selou o cavalo e partiu para o povoado. Sabia que não se podia apresentar ali despreocupadamente e, por isso, esperou que as sombras noturnas se apoderassem da terra.
Uma vez em Rapid, conduziu a sua montada a passo por algumas ruas pouco frequentadas. Estava quase a alcançar o seu objetivo — a porta traseira do «saloon» de O'Brien — quando algo lhe chamou a atenção.
Uma das janelas posteriores da residência do seu amigo estava iluminada e, através dos vidros, percebiam--se várias figuras, que se moviam no interior. Numa dê-las reconheceu Eleonor e não teve força de vontade para passar de largo.
Aproximou-se da vidraça e pôde comprovar que a jovem se encontrava acompanhada por uma rapariga morena, de visíveis traços índios, e por um homem de uns vinte e cinco anos, vestido como os caçadores.
«Faro» Robinson não podia adivinhar que os hóspedes de Eleonor eram Minetake e Tony Mitchell.
Os dois jovens haviam sido apresentados à rapariga naquela mesma tarde e a filha de O'Brien fizera questão em que o caçador e a rapariga pele-vermelha a acompanhassem a casa para tomarem todos um refresco. Nem Tony Mitchell nem Minetake haviam sabido recusar e ali estavam os três, percorrendo os salões, sob a admiração de Minetake e os elogios de Tony Mitchell ao muito e belo que a casa encerrava.
«Faro» Robinson sentiu-se invadido pelo ódio e pela inveja só pelo fato dos jovens serem convidados da rapariga que desejava de modo doentio. Apertou os punhos com raiva.
— Que faz aí, amigo? Que observa com tanta insistência?
A voz de «Pecos» Burt soou à retaguarda de «Faro» Robinson e este voltou-se com os revólveres nas mãos. Não respondeu nem articulou a menor palavra. Tinha visto a morte demasiado perto da última vez que estivera no povoado e o medo de cair de novo ferido fê-lo premir o gatilho sem permitir ao outro o menor movimento de defesa.
Na noite, os dois disparos ecoaram lugubremente e as balas acertaram em cheio no peito do mais velho dos Mitchell. Sob todos os prismas, foi um assassínio.
«Pecos» Burt cambaleou. Quis sacar as suas armas, mas, sem forças para isso, caiu de costas. O foragido, receoso, correu para o cavalo e perdeu-se na noite. Tony Mitchell saiu à rua, atraído pelos disparos, e encontrou-se com o corpo moribundo.
Quando se aproximou e viu que era seu irmão, algo como uma forte descarga elétrica sacudiu o seu corpo. O grito que proferiu pareceu mais o de uma estranha fera.
— Burt! Quem disparou sobre ti?
«Pecos» Burt sorriu tristemente. Pela comissura dos seus lábios começou a deslizar um fio de sangue.
— Agora... fui... eu... o caçado... — arquejou. — Não... o... conheço...
Minetake e Eleonor haviam acudido também e lágrimas de verdadeiro pesar corriam-lhes pelas faces. As de Minetake pareciam de fogo.
Tony Mitchell não permitiu a «Pecos» Burt continuar a falar. Levantou-se do chão e com ele nos braços dirigiu-se para o posto de «rurais». Maloney surpreendeu-se ao avistar Tony Mitchell carregado com o ferido. Aproximou-se dos recém-chegados e urna exclamação de surpresa e dor acudiu aos seus lábios ao verificar de quem se tratava. Colocaram Burt Mitchell numa cama e tentaram por todos os meios estancar-lhe a hemorragia.
— Vou... andando... Tony — falou «Pecos» Burt, entre estertores. — Acertaram-me... bem...
— Não fales, Burt -- recomendou o irmão, com lágrimas nos olhos. — inútil... Tony... O meu assassino é... um homem jovem... com pupilas... amarelas.
— «Faro» Robinson! — exclamou Richard Maloney. — Pelos sinais não pode ser outro.
Minetake e Eleonor O'Brien choravam em silêncio. Tony Mitchell tinha os dentes cerrados e os olhos fixos no descomposto rosto do moribundo.
— Que sejais... muito... felizes... Tu, Minetake... cuida... dele...
Não voltou a pronunciar qualquer palavra. Deu um suspiro, inclinou a cabeça e morreu. No rosto ficou a pairar-lhe um leve sorriso.
Tony Mitchell mostrou-se aniquilado. Burt e ele jamais se haviam separado desde que ficaram órfãos. Haviam crescido juntos e juntos percorreram a pradaria, dedicados à sua profissão de caçadores. Quantas vezes se haviam salvado a vida mutuamente, em luta contra os índios, contra os bandoleiros, contra as feras!... E agora, um maldito cocote havia-o privado do seu companheiro de sempre. Ergueu-se perante o cadáver de «Pecos» Burt e murmurou com voz rouca:
— Eu vingar-te-ei, irmão. O sangue desse assassino pagará o teu!
Morto «Maneta» Abraham, o jovem foragido tinha a certeza absoluta de que, se os tirasse da prisão, todos os homens que haviam pertencido ao bando daquele se uniriam a ele de bom grado.
O problema estava, pois, no modo de os libertar. Sabia por experiência própria que nenhum dos batedores se deixaria subornar, pelo que pensava sinceramente que a solução tinha de ser encontrada noutro lado, com a ajuda do pai de Eleonor. Ele era bom para assaltar caravanas em grupo, mas não para idealizar um plano em que a inteligência predominasse sobre a força.
Pouco depois de anoitecer, selou o cavalo e partiu para o povoado. Sabia que não se podia apresentar ali despreocupadamente e, por isso, esperou que as sombras noturnas se apoderassem da terra.
Uma vez em Rapid, conduziu a sua montada a passo por algumas ruas pouco frequentadas. Estava quase a alcançar o seu objetivo — a porta traseira do «saloon» de O'Brien — quando algo lhe chamou a atenção.
Uma das janelas posteriores da residência do seu amigo estava iluminada e, através dos vidros, percebiam--se várias figuras, que se moviam no interior. Numa dê-las reconheceu Eleonor e não teve força de vontade para passar de largo.
Aproximou-se da vidraça e pôde comprovar que a jovem se encontrava acompanhada por uma rapariga morena, de visíveis traços índios, e por um homem de uns vinte e cinco anos, vestido como os caçadores.
«Faro» Robinson não podia adivinhar que os hóspedes de Eleonor eram Minetake e Tony Mitchell.
Os dois jovens haviam sido apresentados à rapariga naquela mesma tarde e a filha de O'Brien fizera questão em que o caçador e a rapariga pele-vermelha a acompanhassem a casa para tomarem todos um refresco. Nem Tony Mitchell nem Minetake haviam sabido recusar e ali estavam os três, percorrendo os salões, sob a admiração de Minetake e os elogios de Tony Mitchell ao muito e belo que a casa encerrava.
«Faro» Robinson sentiu-se invadido pelo ódio e pela inveja só pelo fato dos jovens serem convidados da rapariga que desejava de modo doentio. Apertou os punhos com raiva.
— Que faz aí, amigo? Que observa com tanta insistência?
A voz de «Pecos» Burt soou à retaguarda de «Faro» Robinson e este voltou-se com os revólveres nas mãos. Não respondeu nem articulou a menor palavra. Tinha visto a morte demasiado perto da última vez que estivera no povoado e o medo de cair de novo ferido fê-lo premir o gatilho sem permitir ao outro o menor movimento de defesa.
Na noite, os dois disparos ecoaram lugubremente e as balas acertaram em cheio no peito do mais velho dos Mitchell. Sob todos os prismas, foi um assassínio.
«Pecos» Burt cambaleou. Quis sacar as suas armas, mas, sem forças para isso, caiu de costas. O foragido, receoso, correu para o cavalo e perdeu-se na noite. Tony Mitchell saiu à rua, atraído pelos disparos, e encontrou-se com o corpo moribundo.
Quando se aproximou e viu que era seu irmão, algo como uma forte descarga elétrica sacudiu o seu corpo. O grito que proferiu pareceu mais o de uma estranha fera.
— Burt! Quem disparou sobre ti?
«Pecos» Burt sorriu tristemente. Pela comissura dos seus lábios começou a deslizar um fio de sangue.
— Agora... fui... eu... o caçado... — arquejou. — Não... o... conheço...
Minetake e Eleonor haviam acudido também e lágrimas de verdadeiro pesar corriam-lhes pelas faces. As de Minetake pareciam de fogo.
Tony Mitchell não permitiu a «Pecos» Burt continuar a falar. Levantou-se do chão e com ele nos braços dirigiu-se para o posto de «rurais». Maloney surpreendeu-se ao avistar Tony Mitchell carregado com o ferido. Aproximou-se dos recém-chegados e urna exclamação de surpresa e dor acudiu aos seus lábios ao verificar de quem se tratava. Colocaram Burt Mitchell numa cama e tentaram por todos os meios estancar-lhe a hemorragia.
— Vou... andando... Tony — falou «Pecos» Burt, entre estertores. — Acertaram-me... bem...
— Não fales, Burt -- recomendou o irmão, com lágrimas nos olhos. — inútil... Tony... O meu assassino é... um homem jovem... com pupilas... amarelas.
— «Faro» Robinson! — exclamou Richard Maloney. — Pelos sinais não pode ser outro.
Minetake e Eleonor O'Brien choravam em silêncio. Tony Mitchell tinha os dentes cerrados e os olhos fixos no descomposto rosto do moribundo.
— Que sejais... muito... felizes... Tu, Minetake... cuida... dele...
Não voltou a pronunciar qualquer palavra. Deu um suspiro, inclinou a cabeça e morreu. No rosto ficou a pairar-lhe um leve sorriso.
Tony Mitchell mostrou-se aniquilado. Burt e ele jamais se haviam separado desde que ficaram órfãos. Haviam crescido juntos e juntos percorreram a pradaria, dedicados à sua profissão de caçadores. Quantas vezes se haviam salvado a vida mutuamente, em luta contra os índios, contra os bandoleiros, contra as feras!... E agora, um maldito cocote havia-o privado do seu companheiro de sempre. Ergueu-se perante o cadáver de «Pecos» Burt e murmurou com voz rouca:
— Eu vingar-te-ei, irmão. O sangue desse assassino pagará o teu!
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