- Foi horrível. Julguei que morria de medo quando os vi atirarem-se sobre mim. Na verdade o único índio bom é o índio que já está morto…
Clay encolheu os ombros. Tinha uma expressão dura e grave.
- Conheci índios melhores que muitos brancos. Dantes eles não eram assim. Os brancos trataram-nos duma forma pouco exemplar. Como são homens valentes seguiram o caminho da guerra.
Mildred estava cada vez mais surpreendia.
- Parece-lhe bem que os homens lutem para se defenderem?
O rapaz não respondeu. Deixou-se cavalgar mais algumas dezenas de metros. Depois falou no mesmo tom.
- Quando não têm quem os proteja, quando não existe a Lei, é natural que empunhem as armas para defender a vida!
Nada mais disseram durante algum tempo. Os cavalos galopavam através do bosque. Era uma correria que parecia a Mildred nunca mais ter fim.
Clay parou a montada, por fim, e aconselhou:
- Deve desmontar. Vamos descansar um pouco.
Mildred suspirou, aliviada. Estava arrasada do corpo e dos nervos.
Abriu os alforges para tirar o imprescindível café.
O rapaz gritou-lhe:
O rapaz falara com tal autoridade que Mildred não sentiu coragem para lhe desobedecer.
A rapariga começou a estudá-lo. Até então pouco contatara com ele. Era ajudante do xerife e antes fora um proscrito. Isso bastava para que essa rapariga, que desde menina vivera entre foragidos, que era filha dum bandido e fora protegida de outro, o considerasse como um renegado e um cobarde que resolvera atraiçoar os amigos para ter uma vida mais fácil.
Sempre tinham afirmado a Mildred – e ela acreditava-o firmemente – que as pessoas que viviam dentro da legalidade não passavam de egoístas e de cobardes que faziam, afinal, triunfar a injustiça.
Clay era valente. Sobre isso não tinha ela a menor dúvida. Tinha demonstrado a sua bravura na luta desigual contra os índios. Tinha podido fugir e abandoná-la como haviam feito os seus companheiros.
- Ainda não lhe agradeci…
(Coleção Búfalo, nº 67)
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