quarta-feira, 16 de abril de 2014

PAS288. Simplesmente Eva

Ao cabo de alguns minutos, a rapariga, já completamente estabelecida da emoção causada pelo tiroteio, envolveu o jovem num olhar brilhante de admiração:
- Permita-me que lhe agradeça o que fez por mim, senhor Gale – disse. – Não sei o que aconteceria sem a sua pronta intervenção.
- Por vezes, os pistoleiros encontram estas oportunidades!
- Não me parece que esteja contente com o seu ofício… Porque o não deixa e se dedica a outro qualquer, menos arriscado?
 - Sempre gostei deste modo de vida… embora, com uma pontinha de paroxismo, eu agora principie a lamentar não o ter feito já.
- Por que razão?
- Você é a única razão, Eva… Quer que lhe diga uma coisa?
- Fale… - animou-o a rapariga. – Não tenha receio de falar.
Roy Gale encostou a cabeça no estofo, mais para perto do rosto da rapariga e, num fio de voz, murmurou:
- Sabe que… Bem, eu quero dizer que me parece que estou a ficar enamorado por você.
Entre ambos fez-se uma ligeira pausa.
- Perdoe-me! – prosseguiu Roy. – Conhecemo-nos há tão pouco tempo, ainda não sei o seu nome completo e…
- E isso é culpa sua? Não, por favor! As suas palavras sensibilizam-me e creia que lhes agradeço.
- Poderei, pelo menos, alimentar alguma esperança?
- Penso que sim… O meu nome é Eva Rawson.
Os dois jovens tinham sistematicamente baixado o tom de voz, para que mais ninguém, entre eles, ouvisse as suas palavras. Somente quando pronunciou o nome, a rapariga ergueu a voz, inconscientemente.
Nesse momento, Dan Karpis voltou rapidamente a cabeça, exclamando:
- Rawson? Dar-se-á o caso de pertencer à família dos Rawson do Rancho «Santa Rosália»?
- Sim… Ali vivem o meu irmão e minha tia.
-Sou um bom amigo de ambos. Além disso, aspiro a que Elisa, um dia, se decida a aceitar-me para marido.
Eva Rawson deixou escapar um ligeiro sorriso e voltou a prestar atenção ao jovem Gale.
- Não me diz nada? Parece que ficou mudo…
- Desejava-lhe dizer tanta coisa, menina Rawson… - exclamou Roy Gale, baixando de novo a voz. – Porém, o lugar e a ocasião não se prestam…
- Será melhor, então, deixar isso para depois. Mas peço-lhe que não me trate por menina Rawson. Chame-me simplesmente Eva.
(Coleção Búfalo, nº 70)

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