segunda-feira, 6 de julho de 2015

PAS495. Tiros em Madalena

Madalena.
 Sheila Brice saltou do comboio para a gare da pequena estação banhada de sol, o claro e forte sol mexicano. Olhou de novo o letreiro branco, em que os raios de luz se refletiam: Madalena. Era um nome de expiação, do arrependimento e boa vontade de regresso ao bom caminho... Talvez algo superior à vontade de Sinclair Edison elegesse aquele lugar para o epílogo da tragédia de tantos anos. Teria regressado Edison ao bom caminho? Ou seria Alex Brampton quem teria de fazê-lo, precisamente ali?
Sheila não tinha esperança alguma. Alex crescera em ambiente de ódio, do qual ninguém seguiria arranca-lo enquanto existisse a razão desse ódio. Pelo menos, esperava chegar antes de Alex. Se ela dera com o esconderijo de Edison... quanto tempo demoraria Brampton a fazê-lo? E se ele tivesse terminado?
Um calafrio percorreu a espinha dorsal de Sheila Brice. Os seus grandes olhos cor-de-âmbar estudaram minuciosamente o local. Viu a estação de caminho de ferro, um edifício de adobe, escalavrado, e só, no meio da planície calcinada pelo sol.
***

No dia seguinte, Sheila acordou, com pena, no seu amplo leito: cómodo e fofo. Gostaria de ter dormido mais, mas o sol ia já muito alto e queria estar alerta o mais tempo possível, não fossem precipitar-se os acontecimentos. De um momento para o outro podia chegar Alex e, com ele, a tempestade que acabaria com a paz cordial de Madalena.
Arranjou-se em' escassos minutos., saiu para a rua e pôs-se a observar as nuvens escuras que enegreciam o céu, para as bandas de Oeste, como que numa ameaça contra o fone sol que dardejava de Sul. Sheila sentiu um arrepio, à medida que subia a íngreme ladeira que dava para a casa dos Edison. Era como que um presságio...
Nesse mesmo instante, um tiro de revólver quebrou a calma manhã da pequena povoação mexicana. Seguiu-se um outro, quase ao mesmo tempo.
Sheila Brice soltou um gemido, o seu rosto ficou branco como a cal e começou a correr, rua acima, sentindo fraquejarem-lhe as pernas. Ouviu-se um novo tiro, mas este disparado por um «rifle».
— Meu Deus. Não! Não, Alex, não podes tê-lo; feito... ou odiar-te-ei toda a vida! — gemeu, sem parar de correr em direcção à casinha branca de portas e janelas verdes.

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