domingo, 19 de julho de 2015

PAS507. Uma forca no cruzamento

Sally esporeou o animal e partiu rapidamente, em direcção ao grupo de árvores que se destacavam como uma mancha escura na planície ocre e amarelada. Uma vez, voltou-se e levantou a mão, dizendo adeus a Chuck Não o via, pois a vegetação do acampamento o ocultava mas sabia que ele a estaria a ver e seguia com atenção a sua carreira.
A rapariga depressa chegou às imediações de um dos caminhos. Nele estavam marcados os sulcos que as diligências e outras carruagens traçavam na terra poeirenta. A estrada seguia a direcção sudeste-noroeste e perdia-se nas colinas longínquas. O caminho que ali se cruzava com ela era de menor importância. Ou melhor, tratava-se de um atalho que seguiam os cavalos procedentes do rio e que se dirigiam para as montanhas.
Sally, atraída por uma estranha curiosidade, fez avançar o cavalo até às árvores que davam, no meio da planície, uma sombra protectora aos caminhantes, nos ardentes dias de Verão. A silhueta lúgubre do enforcado destacava-se na dourada claridade que precedia o crepúsculo. Um silêncio solene envolvia aquele local. Nem o menor sopro de brisa movia uma só folha. Parecia que a vida se tinha ausentado daquele lugar destinado à morada da morte.
Por instantes, Sally sentiu-se sacudida por um estranho estremecimento; mas reagiu e continuou a avançar. Ao chegar a poucos passos do condenado, parou e apeou-se do seu cavalo.
Tratava-se de um homem de uns cinquenta anos, com o rosto meio oculto por uma emaranhada barba. Tinham-lhe atado as mãos atrás das costas e as suas feições estavam contraídas numa horrível careta.
A menos de cinco jardas, havia um poste branqueado pelo sol, chuva e ventos agrestes do deserto. Nele tinham prendido uma folha de papel e, logo por baixo, um segundo escrito avisava os caminhantes que por ali pudessem passar.
Atraída pela sua crescente curiosidade, Sally foi até lá e leu:
«Jed Kissey. Julgado e condenado por ladrão e homicida. Assassinou Bill Breehane e sua esposa, para depois os roubar. Os criminosos não escapam à Justiça. Deus tenha compaixão da sua alma.»
O segundo escrito tinha sido colocado ali posteriormente, pois estava preso sobre a borda inferior do precedente. Era mais longo e dizia assim:
«Procuram-se Johnnie e Chuck Alston de 25 e 28 anos de idade. Ambos de elevada estatura. O primeiro de cabelo escuro e o outro ruivo. Estão acusados de três assassínios, um deles na pessoa de Sam Sterling, ajudante do xerife de Tucson. É provável que vá com eles uma mulher de 21 anos, cabelo escuro e cujo nome é Sally' Foster. Dirigem-se de Tucson para Phoenix e podem oferecer resistência a quem tente detê-los São oferecidos dois mil dólares a quem conseguir a sua captura.»
Imediatamente, Sally retrocedeu um passo. Um medo repentino acabava de se apoderar do seu coração. Voltou-se para ir buscar o cavalo e, no mesmo instante parou, como se estivesse cravada no cruzamento dos dois caminhos.

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