quarta-feira, 8 de julho de 2015

PAS497. Budy King, o pistoleiro de Yegua City

Apenas numa ocasião da sua história, recordada precisamente em atenção à escassez de acontecimentos, o nome de Yegua City correra de boca em boca durante algum tempo. Devia haver já uns bons vinte anos, quando Budy King lhe dera para ganhar a celebridade a tiros de revólver. Budy nascera ali, criara-se entre as terras de pasto, e, certo dia, ansioso de aventuras, selara o seu cavalo para se lançar a galope pela planície.
Devia ter tido alguma contrariedade e, como Budy era ligeiro de mãos, acabara por se converter num «homem mau». A sua fama de pistoleiro propagara-se velozmente, mas fora tão fugaz quanto rápida. Por fim, Budy King regressara a Yegua City e a sua presença, que deveria orgulhá-los nem que fosse apenas pelo terramoto que armara com os revólveres, enchera-os de vergonha.
Agora, Budy estava transformado num velho que vivia encerrado nas suas recordações. A gente nova de Yegua City, que conhecia a sua história de ouvido, mal dava crédito à triste auréola que ainda flutuava em torno da sua lenda. Dizia-se que fora um dos homens mais rápidos e perigosos do Kansas. Todavia, para os novos, Budy King só significava um pobre diabo, amargurado e taciturno, que vivia graças à generosidade de Jess Sylvan, o único rancheiro que não tivera escrúpulos em alojá-lo em sua casa e dar-lhe trabalho quando os demais lho negavam. Estava acabado. Era uma sombra fugidia que não conservava o menor resplendor dos outros tempos. Às vezes, até sentiam vontade de rir ao vê-lo armado com os seus antiquados revólveres, de coronhas cobertas de entalhes denegridos pelo tempo.
 

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