Carlos Market desistiu de perseguir o tipo de lenço amarelo, o qual, levando vantagem de uma centena de metros, descia já, com risco de cair, a rampa de acesso à planície e, vencendo a perigosa descida, internou-se a todo o galope no pequeno bosque que conduzia às margens do Rogue.
Um terceiro tiro alarmou Market, que, voltando-se na garupa, correu para o ponto onde o rifle disparara duas vezes. No solo, esperneando, um potro agonizava. Ao encabritar-se, o animal havia recebido no peito o segundo balázio, salvando assim Taylor.
O terceiro tiro de pistola fora disparado por Taylor, e fizera voar o chapéu do indivíduo que o atacara, o qual, ao encravar-se-lhe o rifle, e para melhor se defender, atirou-o raivosamente contra a massa humana de músculos representada por Taylor que, ao cair do potro, dera um salto ginástico e ficara de pé, pronto a atacar, de pistola em punho, o seu traiçoeiro agressor, que sacou logo da pistola, mas não teve tempo de fazer uso dela.
Taylor aplicara-lhe nos dedos uma violenta pancada com a coronha da sua pistola, fazendo o adversário soltar um uivo de dor. Este, como tivesse ficado com os dedos da mão direita quase esmagados, tentou agarrar com a esquerda a pistola que largara. Antes de que o conseguisse, Taylor agarrou-lhe o pulso esquerdo e, sem dó nem piedade, torceu--lho. O desconhecido, por efeito da torcedura, caiu de joelhos, volteando-se no solo, para evitar que o seu pulso se desarticulasse.
— Devia esmagar-te com os pés, cão maldito... mas vais falar e dizer-me quem te acompanhava e por que é que tu querias matar quem não te cheirara ainda o pelo sujo.
Taylor largou o pulso contuso e o outro, agarrando com a mão esquerda, entumecida, os dedos da direita, transformados em massa sanguinolenta, foi respirando entrecortadamente, enquanto fitava o seu antagonista. Depois, olhou furtivamente, de soslaio, Market que, detido o cavalo, comentou:
— Mataste um potro que vale muito, rapaz, porque era propriedade de Luther Dalton.
À esquerda, era o abismo sobre o barranco, e à direita, cortando a passagem, estava Market. Em frente o potro, morto pelo segundo tiro.
Com um acento vagaroso, procurando evitar o castigo, o desconhecido tentou uma desculpa:
— Pensávamos que eramos perseguidos...
Interrompeu-se, retrocedendo, sem poder evitar a bofetada que, violentamente, lhe tapou a boca.
— Não venhas come contos... Qual é a tua maldita graça?
No momento em que ele ia responder, certamente para dar algum nome falso, Market e Taylor olharam, receosos, para um pequeno grupo de cavaleiros, que se aproximava por entre os cedros. Cinco deles detiveram-se e o que ia à frente avançou. Era um homem de cabelos de um loiro amarelado, uma larga cabeça de equino, de olhos estrei-tos, fixos como os de um lagarto, repelentes no seu opaco matiz.
— Boas tardes, Market. O senhor não ignora que estão resolvendo assuntos a tiro, na minha propriedade?
— Assim é, Chet Muldorf. Este tipo e outro que fugiu na direção do rio espiavam no barranco por onde nós íamos a passar. E este patife matou o cavalo do meu companheiro, Bart Taylor. Mas tranquilize-se. Vou laçá-lo e levá-lo-ei para fora do seu domínio, Muldorf.
Bart Taylor tinha ido desprender o cavalo do agressor e, em silêncio, foi tirar a sela do potro morto.
Os vaqueiros de Chet Muldorf apearam-se quando seu patrão fez o mesmo. Entretanto, Muldorf, depois de se apear, conduziu o cavalo pela rédea e aproximou-se do prisioneiro. E, sem proferir palavra, assestou-lhe uma chicotada em pleno peito. A segunda chicotada alcançou-o nas costas, em virtude de o outro se ter voltado repentinamente. Market fez um sinal a Taylor, convidando-o a esperar. Muldorf dirigiu-se ao atacante de Taylor, num tom áspero:
— Entraste nas minhas terras para disparar contra viajantes e se um deles tivesse caído, eu pagaria pelas tuas culpas. Levanta-te, porco cobarde, para experimentares a força dum galho, onde te pendurarei, se mentires. Como te chamas? Donde vieste? Por que querias matar estes viajantes? Responde, porco cobarde.
Um dos vaqueiros gritou, nesse momento:
— Olhem para ali!
Todos olharam para o outro lado do barranco, de entre as árvores do qual se elevou uma pequena coluna de fumo. Ressoou um estampido, e logo o prisioneiro interrogado por Muldorf levou as mãos à cabeça. E dando uma volta sobre as suas pernas, que se dobraram, caiu morto pelo tiro certeiro do rifle do seu próprio cúmplice, o do lenço amarelo.
Os vaqueiros, porém, que haviam já saltado rapidamente para cima dos seus cavalos, galoparam na direção da outra vertente, dois deles pela boca do lado nascente, enquanto outros se adiantavam, descendo com temerário arrojo pela rampa do barranco.
Market não se pôde conter:
— Voltará a escapar, o maldito, e por este já não podemos saber quem lhes pagou para nos matar. Faz-se tarde e ainda temos bastante para percorrer. Boas tardes, Muldorf!...
Muldorf montou, começando a cavalgar ao lado de Market, enquanto Taylor, mais adiantado, se dirigia para a planície entre o barranco e o Rogue.
— Não tem ideia de quem teria pago a estes dois cobardes? — interrogou Market.
Chet Muldorf cravou o seu estranho olhar no ponto onde se esfumava o horizonte, em volta de um ponto negro, e respondeu asperamente:
— Pelas minhas terras não enviamos torpes assassinos baratos para liquidar uma questão com um advogado de Seattle.
— E de Eagle, também... — E, depois, noutro tom, o advogado acrescentou: -- Os seus rapazes já regressam, um pouco desgostosos e tristes. O tipo do lenço amarelo leva um bom cavalo e tem uma excelente pontaria. Está-se mesmo a ver que ele não queria alvejar-me... porque, quando eu corri para ele, deitou a fugir.
— Ele devia saber que a morte de um advogado de Seattle e Eagle poderia favorecer Dalton, conseguindo assim, a intervenção do governo de Oregon. Nós não somos tão selvagens, nem tão ingénuos, Market. Chegámos ao limite das minhas terras. Boa viagem.
Chet Muldorf subiu para o lado dos cedros, seguido dos seus vaqueiros. Atravessando o vau do Rogue, Market, ao chegar à margem oposta, esperou que Taylor se reunisse a ele. Quando o novo chefe de equipa se aproximou, esclareceu:
— Uma ponte de uns escassos doze metros e um fundo de pedra.
— Você mede tudo como um bom técnico, Taylor, mas esquece-se de que esta senda é vizinha de Wilburn Lang, precisamente aquele que disse que as suas sete milhas seriam o cemitério dos que tentassem sulcá-las com carris.
A rítmico trote, pelo plaino, entre os dois rios, Taylor ia examinando os contornos. Ao sul, no pequeno planalto, viam-se extensas cercas e um vasto edifício de um só piso.
— Aqui é o rancho de Lang, o «Triple Star». — explicou Market — Que lhe pareceu Muldorf?
— Eu não sou técnico em donos de rancho, mas em «trail».
— Eles sabiam que eu voltaria com outro chefe de equipa, porque em Eagle e em Elkhorn nenhum homem competente para fazer trabalhar os «traçadores» aceitou o trabalho, apesar da excelente recompensa.
— Já sei. Os outros foram mortos a tiro, pelejando. Um provocado por Chet Muldorf, no «Upperriver», com testemunhas de que foi uma luta leal. O outro, ferido por Lang, ficou como um crivo. E o terceiro, estando embriagado, atirou whisky ao rosto de Walker, quando este lhe chamou fanfarrão e mata-mouros. Ora eu sou o quarto, mas não será aqui o meu cemitério. Devolvo-lhe a pistola, senhor... conselheiro. É aqui lei que, se crivam um homem que não traz arma de fogo, enforcam o outro, não é verdade? Pois bem: quero demonstrar que não sou pistoleiro, mas um chefe de equipa. Quero ganhar os trinta mil dólares e assim demonstrarei que não sou nenhum brigão e que sei conter o meu génio. Nestas doze milhas, aquele que pretender provocar-me perderá o seu tempo.
— Isso é hábil, mas é impossível, Bart Taylor. Tire a mama a um vitelo e ele morrerá. A você agrada-lhe a peleja e morreria de asco, se tivesse de suportar provocações e lhe chamassem cobarde.
— Eu ligarei as duas linhas, porque os donos destas zonas não se exporão a que o governo intervenha e proteja os que fazem o traçado, se me meterem uma bala no corpo, estando eu desarmado. Para os tipos do jaez desse do lenço amarelo, andarei com uma escolta de três homens armados. Ora bem: se perder a pele, uma mulher receberá a quantia que Dalton oferece para o traçado definitivo, porque então poderá terminar-se. Não é a mesma coisa um capataz ébrio ou impertinente e rabugento, morto numa pendência, que um chefe de equipa consciente e ordeiro.
O advogado riu:
— Magnífica cobardia a sua, meu valente chefe de equipa. E muito amor também, porque você quer demonstrar a uma mulher que não é um brigão... ainda que seja com um cadáver. Quem é ela?
— Eu jogo limpo consigo... e faça o mesmo comigo, Market. De mais sabe o senhor que se trata de Olímpia.
E Bart partiu a galope, no cavalo do foragido. Escurecia já quando ambos entraram na localidade de Eagle, criação de Luther Dalton, ao adquirir todos os «claims» de cobre da vertente sul das Blue Mountains.
Eagle era um desses tantos povoados mineiros, nascidos em volta de explorações auríferas, mas notava-se na sua estrutura uma orientação e mão organizadora. O pessoal habitava uns barracões nas cercanias das galerias que penetravam na montanha, e numerosos estabelecimentos prosperavam no núcleo que cresceu, quando se revelaram bastante extensos os veios do metal e se encontraram filões de quartzo e de grafite. Várias casas, construídas de pedra e cal, dominavam o conjunto, sobressaindo de entre elas a que era a sede administrativa da Companhia Dalton & Dalton, em cujo piso superior residiam Tigger e Luther Dalton, o segundo dos quais passava dias em frequentes viagens.
No Salão onde Market o deixou, Taylor examinou a rica mobília, entre a qual abundavam veludos vermelhos e molduras douradas. Era o luxo mais em concordância com a mentalidade de ex-pesquisadores de fortunas, como o triunfador Luther e o «irmão desafortunado», Tigger Dalton, batizados ambos pela seita dos Peregrinos, no norte do Oregon, quarenta e trinta e oito anos antes.
Havia três minutos que ele estava embebido nesse exame quando entrou no salão um homem de feições duras. Vestia um fato cinzento e ostentava ao pescoço um lenço de seda amarela.
Um terceiro tiro alarmou Market, que, voltando-se na garupa, correu para o ponto onde o rifle disparara duas vezes. No solo, esperneando, um potro agonizava. Ao encabritar-se, o animal havia recebido no peito o segundo balázio, salvando assim Taylor.
O terceiro tiro de pistola fora disparado por Taylor, e fizera voar o chapéu do indivíduo que o atacara, o qual, ao encravar-se-lhe o rifle, e para melhor se defender, atirou-o raivosamente contra a massa humana de músculos representada por Taylor que, ao cair do potro, dera um salto ginástico e ficara de pé, pronto a atacar, de pistola em punho, o seu traiçoeiro agressor, que sacou logo da pistola, mas não teve tempo de fazer uso dela.
Taylor aplicara-lhe nos dedos uma violenta pancada com a coronha da sua pistola, fazendo o adversário soltar um uivo de dor. Este, como tivesse ficado com os dedos da mão direita quase esmagados, tentou agarrar com a esquerda a pistola que largara. Antes de que o conseguisse, Taylor agarrou-lhe o pulso esquerdo e, sem dó nem piedade, torceu--lho. O desconhecido, por efeito da torcedura, caiu de joelhos, volteando-se no solo, para evitar que o seu pulso se desarticulasse.
— Devia esmagar-te com os pés, cão maldito... mas vais falar e dizer-me quem te acompanhava e por que é que tu querias matar quem não te cheirara ainda o pelo sujo.
Taylor largou o pulso contuso e o outro, agarrando com a mão esquerda, entumecida, os dedos da direita, transformados em massa sanguinolenta, foi respirando entrecortadamente, enquanto fitava o seu antagonista. Depois, olhou furtivamente, de soslaio, Market que, detido o cavalo, comentou:
— Mataste um potro que vale muito, rapaz, porque era propriedade de Luther Dalton.
À esquerda, era o abismo sobre o barranco, e à direita, cortando a passagem, estava Market. Em frente o potro, morto pelo segundo tiro.
Com um acento vagaroso, procurando evitar o castigo, o desconhecido tentou uma desculpa:
— Pensávamos que eramos perseguidos...
Interrompeu-se, retrocedendo, sem poder evitar a bofetada que, violentamente, lhe tapou a boca.
— Não venhas come contos... Qual é a tua maldita graça?
No momento em que ele ia responder, certamente para dar algum nome falso, Market e Taylor olharam, receosos, para um pequeno grupo de cavaleiros, que se aproximava por entre os cedros. Cinco deles detiveram-se e o que ia à frente avançou. Era um homem de cabelos de um loiro amarelado, uma larga cabeça de equino, de olhos estrei-tos, fixos como os de um lagarto, repelentes no seu opaco matiz.
— Boas tardes, Market. O senhor não ignora que estão resolvendo assuntos a tiro, na minha propriedade?
— Assim é, Chet Muldorf. Este tipo e outro que fugiu na direção do rio espiavam no barranco por onde nós íamos a passar. E este patife matou o cavalo do meu companheiro, Bart Taylor. Mas tranquilize-se. Vou laçá-lo e levá-lo-ei para fora do seu domínio, Muldorf.
Bart Taylor tinha ido desprender o cavalo do agressor e, em silêncio, foi tirar a sela do potro morto.
Os vaqueiros de Chet Muldorf apearam-se quando seu patrão fez o mesmo. Entretanto, Muldorf, depois de se apear, conduziu o cavalo pela rédea e aproximou-se do prisioneiro. E, sem proferir palavra, assestou-lhe uma chicotada em pleno peito. A segunda chicotada alcançou-o nas costas, em virtude de o outro se ter voltado repentinamente. Market fez um sinal a Taylor, convidando-o a esperar. Muldorf dirigiu-se ao atacante de Taylor, num tom áspero:
— Entraste nas minhas terras para disparar contra viajantes e se um deles tivesse caído, eu pagaria pelas tuas culpas. Levanta-te, porco cobarde, para experimentares a força dum galho, onde te pendurarei, se mentires. Como te chamas? Donde vieste? Por que querias matar estes viajantes? Responde, porco cobarde.
Um dos vaqueiros gritou, nesse momento:
— Olhem para ali!
Todos olharam para o outro lado do barranco, de entre as árvores do qual se elevou uma pequena coluna de fumo. Ressoou um estampido, e logo o prisioneiro interrogado por Muldorf levou as mãos à cabeça. E dando uma volta sobre as suas pernas, que se dobraram, caiu morto pelo tiro certeiro do rifle do seu próprio cúmplice, o do lenço amarelo.
Os vaqueiros, porém, que haviam já saltado rapidamente para cima dos seus cavalos, galoparam na direção da outra vertente, dois deles pela boca do lado nascente, enquanto outros se adiantavam, descendo com temerário arrojo pela rampa do barranco.
Market não se pôde conter:
— Voltará a escapar, o maldito, e por este já não podemos saber quem lhes pagou para nos matar. Faz-se tarde e ainda temos bastante para percorrer. Boas tardes, Muldorf!...
Muldorf montou, começando a cavalgar ao lado de Market, enquanto Taylor, mais adiantado, se dirigia para a planície entre o barranco e o Rogue.
— Não tem ideia de quem teria pago a estes dois cobardes? — interrogou Market.
Chet Muldorf cravou o seu estranho olhar no ponto onde se esfumava o horizonte, em volta de um ponto negro, e respondeu asperamente:
— Pelas minhas terras não enviamos torpes assassinos baratos para liquidar uma questão com um advogado de Seattle.
— E de Eagle, também... — E, depois, noutro tom, o advogado acrescentou: -- Os seus rapazes já regressam, um pouco desgostosos e tristes. O tipo do lenço amarelo leva um bom cavalo e tem uma excelente pontaria. Está-se mesmo a ver que ele não queria alvejar-me... porque, quando eu corri para ele, deitou a fugir.
— Ele devia saber que a morte de um advogado de Seattle e Eagle poderia favorecer Dalton, conseguindo assim, a intervenção do governo de Oregon. Nós não somos tão selvagens, nem tão ingénuos, Market. Chegámos ao limite das minhas terras. Boa viagem.
Chet Muldorf subiu para o lado dos cedros, seguido dos seus vaqueiros. Atravessando o vau do Rogue, Market, ao chegar à margem oposta, esperou que Taylor se reunisse a ele. Quando o novo chefe de equipa se aproximou, esclareceu:
— Uma ponte de uns escassos doze metros e um fundo de pedra.
— Você mede tudo como um bom técnico, Taylor, mas esquece-se de que esta senda é vizinha de Wilburn Lang, precisamente aquele que disse que as suas sete milhas seriam o cemitério dos que tentassem sulcá-las com carris.
A rítmico trote, pelo plaino, entre os dois rios, Taylor ia examinando os contornos. Ao sul, no pequeno planalto, viam-se extensas cercas e um vasto edifício de um só piso.
— Aqui é o rancho de Lang, o «Triple Star». — explicou Market — Que lhe pareceu Muldorf?
— Eu não sou técnico em donos de rancho, mas em «trail».
— Eles sabiam que eu voltaria com outro chefe de equipa, porque em Eagle e em Elkhorn nenhum homem competente para fazer trabalhar os «traçadores» aceitou o trabalho, apesar da excelente recompensa.
— Já sei. Os outros foram mortos a tiro, pelejando. Um provocado por Chet Muldorf, no «Upperriver», com testemunhas de que foi uma luta leal. O outro, ferido por Lang, ficou como um crivo. E o terceiro, estando embriagado, atirou whisky ao rosto de Walker, quando este lhe chamou fanfarrão e mata-mouros. Ora eu sou o quarto, mas não será aqui o meu cemitério. Devolvo-lhe a pistola, senhor... conselheiro. É aqui lei que, se crivam um homem que não traz arma de fogo, enforcam o outro, não é verdade? Pois bem: quero demonstrar que não sou pistoleiro, mas um chefe de equipa. Quero ganhar os trinta mil dólares e assim demonstrarei que não sou nenhum brigão e que sei conter o meu génio. Nestas doze milhas, aquele que pretender provocar-me perderá o seu tempo.
— Isso é hábil, mas é impossível, Bart Taylor. Tire a mama a um vitelo e ele morrerá. A você agrada-lhe a peleja e morreria de asco, se tivesse de suportar provocações e lhe chamassem cobarde.
— Eu ligarei as duas linhas, porque os donos destas zonas não se exporão a que o governo intervenha e proteja os que fazem o traçado, se me meterem uma bala no corpo, estando eu desarmado. Para os tipos do jaez desse do lenço amarelo, andarei com uma escolta de três homens armados. Ora bem: se perder a pele, uma mulher receberá a quantia que Dalton oferece para o traçado definitivo, porque então poderá terminar-se. Não é a mesma coisa um capataz ébrio ou impertinente e rabugento, morto numa pendência, que um chefe de equipa consciente e ordeiro.
O advogado riu:
— Magnífica cobardia a sua, meu valente chefe de equipa. E muito amor também, porque você quer demonstrar a uma mulher que não é um brigão... ainda que seja com um cadáver. Quem é ela?
— Eu jogo limpo consigo... e faça o mesmo comigo, Market. De mais sabe o senhor que se trata de Olímpia.
E Bart partiu a galope, no cavalo do foragido. Escurecia já quando ambos entraram na localidade de Eagle, criação de Luther Dalton, ao adquirir todos os «claims» de cobre da vertente sul das Blue Mountains.
Eagle era um desses tantos povoados mineiros, nascidos em volta de explorações auríferas, mas notava-se na sua estrutura uma orientação e mão organizadora. O pessoal habitava uns barracões nas cercanias das galerias que penetravam na montanha, e numerosos estabelecimentos prosperavam no núcleo que cresceu, quando se revelaram bastante extensos os veios do metal e se encontraram filões de quartzo e de grafite. Várias casas, construídas de pedra e cal, dominavam o conjunto, sobressaindo de entre elas a que era a sede administrativa da Companhia Dalton & Dalton, em cujo piso superior residiam Tigger e Luther Dalton, o segundo dos quais passava dias em frequentes viagens.
No Salão onde Market o deixou, Taylor examinou a rica mobília, entre a qual abundavam veludos vermelhos e molduras douradas. Era o luxo mais em concordância com a mentalidade de ex-pesquisadores de fortunas, como o triunfador Luther e o «irmão desafortunado», Tigger Dalton, batizados ambos pela seita dos Peregrinos, no norte do Oregon, quarenta e trinta e oito anos antes.
Havia três minutos que ele estava embebido nesse exame quando entrou no salão um homem de feições duras. Vestia um fato cinzento e ostentava ao pescoço um lenço de seda amarela.
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