terça-feira, 30 de julho de 2019

FBV035.04 Adeus, Sigrid

— Vai-se embora?
Terminara de selar o cavalo, quando a voz de Sigrid soou por detrás dele. Voltou-se e viu como ela o contemplava, pálida, com um embrulho nas mãos.
— Trouxe-lhe um pouco de comida, Clark — disse com voz débil. — Sabia que abalaria...
Ele recebeu o embrulho das suas mãos trémulas.
— Obrigado, Sigrid. Nunca esquecerei que lhe devo a vida. Ela acercou-se mais, pondo-lhe as mãos nos ombros. Já não estava pálida, mas ruborizada.
— Clark, não há nada que o possa deter?
— Noutras circunstâncias, talvez, mas agora, não, Sigrid — respondeu, sombriamente.
— Porquê? Porque há-de ser assim? Não compreende que o amo? Fique, Clark. Aqui, comigo. Seremos felizes.
Sem saber como, as mãos poderosas de Evans, seguraram a rapariga pela cintura.
— Também eu te amo, Sigrid, mas não pode ser. Há muitas coisas de permeio...
— Vais procurar esses homens?
Evans inclinou-se ante aquela angustiada carita e respondeu:
— Devo ir, Sigrid.
De súbito, beijou-a, furiosamente, notando que as mãos da rapariga se cerravam no seu pescoço, fortemente, e que correspondia com um fogo ardente às suas carícias. Quando minutos mais tarde se separaram, Sigrid murmurou, suavemente:
— Por favor, Clark...


Mas ele não queria ouvi-la. Montou, e, da sela, contemplou-a, pela última vez:
— Adeus, Sigrid — disse, picando esporas ao cavalo.
O vento levou-lhe a resposta dela.
— Volta quando quiseres. Eu esperarei sempre...

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