Chamava-se Sigrid.
Sigrid Bolton. De dezoito anos, beleza selvagem e exuberante, olhos azuis, intensos, rasgados e grandes.
Ela e o velho Bolton, seu avô, ocupavam uma cabana em pleno bosque, a umas cinquenta milhas da fronteira do Canadá.
Ali se tinha criado, sem experiência de qualquer outra coisa que não fosse o bosque e o seu avô, tudo isso constituindo o seu mundo. Vivia da sua horta e do que seu avô, velho caçador, obtinha com a espingarda e as armadilhas, no bosque.
Sigrid era feliz, desde pequena, com o seu mundo da cabana, do bosque, dos regatos, das árvores, e dos animais, alguns deles perigosos. Também havia outros animais, ainda mais perigos os que os do bosque: os homens. Mas não o sabia. ... ainda.
Naquela manhã, Sigrid abandonou a cabana em direção ao regato, com um balde. Foi exatamente quando procedia à operação de encher o recipiente, que a puma, depois de soltar um impressionante bramido, caiu sobre ela. Sigrid perdeu o conhecimento das coisas, e nem sequer reparou que o animal já estava morto quando lhe caiu em cima, nem que, no preciso momento em que a fera saltava sobre ela, estalava o potente estampido duma espingarda "Winchester”.
Nem viu, sequer, o homem.
Ele surgira dentre as árvores, cambaleando, e arrastando-se pesadamente, quando viu a puma preparar-se para atacar a jovem. Felizmente, pudera disparar, no preciso momento de evitar a tragédia.
Alto, moreno, de olhos cinzentos e frios, com barba de muitos dias, forte como um roble, de ombros largos e peito saliente, trazendo à cintura um solitário "Colt" 45, Clark Evans era uma figura quase sinistra.
A rapariga estava caída ao lado da fera, junto ao regato, formando um confuso montão.
— Diabo! — praguejou — Suponho que não feri...
Sem terminar a frase, bamboleou-se e deu uns quantos passos. Mas, subitamente, quando estava a três ou quatro metros caiu sobre a erva, onde ficou como morto.
Não longe dali, Bolton, o avô de Sigrid, tendo a seus pés a velha espingarda e no cinturão o "Colt" 45, de coronha de madeira negra e gasta, ouviu o estampido da "Winchester". Atentamente, olhou em torno de si, com ouvido apurado. Depois, correu para a direção do estampido. Repentinamente, viu-os. Com um puxão brusco, separou Sigrid do puma, e, febrilmente, começou a examiná-la. Quando se convenceu que ela não tinha mais que um arranhão, Bolton pôs-se em pé e acercou-se do que julgava ser o cadáver de um homem.
Sua neta Sigrid tinha sido atacada por um puma e aquele tipo matara a fera com um tiro. Mas quem abatera aquele gigante moreno?
Bolton pôs a espingarda de lado e examinou o homem. Tinha levado um tiro nas costas e toda esta parte do corpo se encontrava empapada em sangue. Quando se convenceu de que ainda estava vivo, tapou a ferida; o melhor que pode, com o objetivo de o levar até à cabana, o que não lhe agradava de modo algum.
Aquele desconhecido, vindo não se sabia donde, era, nitidamente, um pistoleiro. Não estava a gostar daquilo: Com o rosto franzido, Bolton voltou o ferido. Durante alguns segundos, que pareceram eternizar-se, contemplou-lhe a face, e o seu rosto endureceu repentinamente.
Subitamente, o "Colt" saltou para a sua mão direita, engatilhou-o e apontou-o à cabeça de Evans, enquanto estranhas recordações de um passado já distante, lhe cruzavam pela mente a velocidade infernal.
Aconchegou o dedo ao gatilho, e, naquele momento, a vida de Evans, presa por um fio, esteve a ponto de quebrar-se, de uma vez para sempre.
Isso não sucedeu, por causa de um simples gemido. Um gemido de mulher.
Ao ouvi-lo, Bolton ficou como que paralisado. Sua mão começou a tremer, e a pouco e pouco foi baixando o "Colt", até ficar apontado para o chão. Correu para Sigrid que tentava erguer-se.
— Foste tu? — perguntou, a rapariga, olhando para o puma.
— Não, Sigrid, não fui eu. — Apontou para o corpo de Evans —. Foi aquele pistoleiro que disparou, possivelmente, quando a puma se lançou sobre ti.
Ela olhou para o homem cardo, abrindo muito os olhos.
— E tu...mataste-o, não, avô?
Ele negou com a cabeça.
— Não, pequena. Não fui eu. Esse homem já estava ferido, antes de chegar aqui. Alguém lhe meteu um balázio nas costas, e é natural que não viva já muitas horas.
— Vou buscar a carreta, avô.
Sem esperar resposta do velho, saiu correndo. Aquele acercou-se de Evans e, de novo, olhando-o, cenas do passado lhe vieram à memória. Era ou não, aquele, o homem que tinha esperado tanto tempo? Podia ser, e ao pensá-lo, mais uma vez o assaltou a ideia de o eliminar, agora que o tinha a seus pés, completamente indefeso. Aquele pistoleiro, se era quem ele pensava, procurava-o, a ele, Bolton, para matá-Io.
Mas podia estar equivocado.
A chegada de Sigrid com uma pequena carrinha, puxada por duas mulas, cortou-lhe os sombrios pensamentos. Levaram o ferido para a cabana, deitaram-no sobre o próprio leito de Sigrid, e Bolton tratou de curá-lo, enquanto ela esperava no outro compartimento. O velho tardou mais de duas horas a aparecer.
— Como está ele, avô? — Havia ansiedade na simples pergunta da rapariga, e Bolton contraiu o rosto.
— A que vem tanto interesse por um desconhecido, rapariga?
Ela olhou-o com os seus grandes olhos, puros e cândidos e protestou:
— Mas, avô! Esqueces-te que ele me salvou a vida? Não, nunca esquecerei o que ele fez por mim.
Sigrid Bolton. De dezoito anos, beleza selvagem e exuberante, olhos azuis, intensos, rasgados e grandes.
Ela e o velho Bolton, seu avô, ocupavam uma cabana em pleno bosque, a umas cinquenta milhas da fronteira do Canadá.
Ali se tinha criado, sem experiência de qualquer outra coisa que não fosse o bosque e o seu avô, tudo isso constituindo o seu mundo. Vivia da sua horta e do que seu avô, velho caçador, obtinha com a espingarda e as armadilhas, no bosque.
Sigrid era feliz, desde pequena, com o seu mundo da cabana, do bosque, dos regatos, das árvores, e dos animais, alguns deles perigosos. Também havia outros animais, ainda mais perigos os que os do bosque: os homens. Mas não o sabia. ... ainda.
Naquela manhã, Sigrid abandonou a cabana em direção ao regato, com um balde. Foi exatamente quando procedia à operação de encher o recipiente, que a puma, depois de soltar um impressionante bramido, caiu sobre ela. Sigrid perdeu o conhecimento das coisas, e nem sequer reparou que o animal já estava morto quando lhe caiu em cima, nem que, no preciso momento em que a fera saltava sobre ela, estalava o potente estampido duma espingarda "Winchester”.
Nem viu, sequer, o homem.
Ele surgira dentre as árvores, cambaleando, e arrastando-se pesadamente, quando viu a puma preparar-se para atacar a jovem. Felizmente, pudera disparar, no preciso momento de evitar a tragédia.
Alto, moreno, de olhos cinzentos e frios, com barba de muitos dias, forte como um roble, de ombros largos e peito saliente, trazendo à cintura um solitário "Colt" 45, Clark Evans era uma figura quase sinistra.
A rapariga estava caída ao lado da fera, junto ao regato, formando um confuso montão.
— Diabo! — praguejou — Suponho que não feri...
Sem terminar a frase, bamboleou-se e deu uns quantos passos. Mas, subitamente, quando estava a três ou quatro metros caiu sobre a erva, onde ficou como morto.
Não longe dali, Bolton, o avô de Sigrid, tendo a seus pés a velha espingarda e no cinturão o "Colt" 45, de coronha de madeira negra e gasta, ouviu o estampido da "Winchester". Atentamente, olhou em torno de si, com ouvido apurado. Depois, correu para a direção do estampido. Repentinamente, viu-os. Com um puxão brusco, separou Sigrid do puma, e, febrilmente, começou a examiná-la. Quando se convenceu que ela não tinha mais que um arranhão, Bolton pôs-se em pé e acercou-se do que julgava ser o cadáver de um homem.
Sua neta Sigrid tinha sido atacada por um puma e aquele tipo matara a fera com um tiro. Mas quem abatera aquele gigante moreno?
Bolton pôs a espingarda de lado e examinou o homem. Tinha levado um tiro nas costas e toda esta parte do corpo se encontrava empapada em sangue. Quando se convenceu de que ainda estava vivo, tapou a ferida; o melhor que pode, com o objetivo de o levar até à cabana, o que não lhe agradava de modo algum.
Aquele desconhecido, vindo não se sabia donde, era, nitidamente, um pistoleiro. Não estava a gostar daquilo: Com o rosto franzido, Bolton voltou o ferido. Durante alguns segundos, que pareceram eternizar-se, contemplou-lhe a face, e o seu rosto endureceu repentinamente.
Subitamente, o "Colt" saltou para a sua mão direita, engatilhou-o e apontou-o à cabeça de Evans, enquanto estranhas recordações de um passado já distante, lhe cruzavam pela mente a velocidade infernal.
Aconchegou o dedo ao gatilho, e, naquele momento, a vida de Evans, presa por um fio, esteve a ponto de quebrar-se, de uma vez para sempre.
Isso não sucedeu, por causa de um simples gemido. Um gemido de mulher.
Ao ouvi-lo, Bolton ficou como que paralisado. Sua mão começou a tremer, e a pouco e pouco foi baixando o "Colt", até ficar apontado para o chão. Correu para Sigrid que tentava erguer-se.
— Foste tu? — perguntou, a rapariga, olhando para o puma.
— Não, Sigrid, não fui eu. — Apontou para o corpo de Evans —. Foi aquele pistoleiro que disparou, possivelmente, quando a puma se lançou sobre ti.
Ela olhou para o homem cardo, abrindo muito os olhos.
— E tu...mataste-o, não, avô?
Ele negou com a cabeça.
— Não, pequena. Não fui eu. Esse homem já estava ferido, antes de chegar aqui. Alguém lhe meteu um balázio nas costas, e é natural que não viva já muitas horas.
— Vou buscar a carreta, avô.
Sem esperar resposta do velho, saiu correndo. Aquele acercou-se de Evans e, de novo, olhando-o, cenas do passado lhe vieram à memória. Era ou não, aquele, o homem que tinha esperado tanto tempo? Podia ser, e ao pensá-lo, mais uma vez o assaltou a ideia de o eliminar, agora que o tinha a seus pés, completamente indefeso. Aquele pistoleiro, se era quem ele pensava, procurava-o, a ele, Bolton, para matá-Io.
Mas podia estar equivocado.
A chegada de Sigrid com uma pequena carrinha, puxada por duas mulas, cortou-lhe os sombrios pensamentos. Levaram o ferido para a cabana, deitaram-no sobre o próprio leito de Sigrid, e Bolton tratou de curá-lo, enquanto ela esperava no outro compartimento. O velho tardou mais de duas horas a aparecer.
— Como está ele, avô? — Havia ansiedade na simples pergunta da rapariga, e Bolton contraiu o rosto.
— A que vem tanto interesse por um desconhecido, rapariga?
Ela olhou-o com os seus grandes olhos, puros e cândidos e protestou:
— Mas, avô! Esqueces-te que ele me salvou a vida? Não, nunca esquecerei o que ele fez por mim.
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