Sutton, obcecado por aquele acervo de cruciantes pensamentos, tinha ficado completamente abstrato. Mae, porém, perguntou:
— Que se passa consigo, Dick?
— Não se passa nada. Perdoe...
— Faço ideia. Eu preveni-o de que o meu relato deitaria por terra a reputação de seu pai.
Sem saber porquê, Sutton ficou contente por a jovem não se ter apercebido do seu verdadeiro problema, e disse:
— Conte-me alguma coisa acerca de Dingo Tracy. Tenho a convicção de que o conhece muito bem.
No rosto de Mae refletiu-se uma leve expressão de surpresa. Esteve calada durante alguns segundos, antes de se resolver a falar.
— Conheço-o há já um bom par de anos. Um dia hospedou-se no hotel e contraímos relações de amizade. Reconheço que se abriu mais comigo do que é costume, mas, apesar disso, apenas sei da sua pessoa o que ele mesmo me contou.
Mae esperou que Sutton lhe dirigisse alguma pergunta, mas o jovem limitou-se a esperar que ela continuasse.
— E um homem estranho que reage sempre da forma que menos se espera. Nunca fala da família nem da sua vida passada. Dá a impressão de que se trata de uma pessoa fria e calculista, sem sentimentos de qualquer espécie. Estou convencida, pelo que me respeita, que tem por mim muita consideração. A sua atitude leva-me a pensar que está enamorado de mim. Não obstante, nunca me disse nada, a tal respeito, claramente, e apenas chego a essa conclusão através de uma ou outra insinuação casual.
Mae calou-se. Esteve observando Sutton com a maior atenção, como se estudasse as suas reações ante as suas últimas palavras. Mas, logo se sorriu abertamente, dizendo num tom não isento de coqueteria:
— Se está interessado, dir-lhe-ei que tenho muita estima por Dingo Tracy... Como amigo, entenda-se. Não o amo nem nada que com isso se pareça. Não é homem que me interesse, nem que eu aprecie.
Mae, insinuante e um tudo nada provocante, tinha os olhos fixos em Sutton. E este sentiu que o seu coração pulsava como o de um colegial.
— Ainda não encontrei o homem dos meus sonhos e que satisfaça as minhas aspirações.... Compreende?
— Compreendo, Mae — disse ele com voz apagada.
Mas, como se um íman os atraísse, avançaram um para o outro. Ela lançou-lhe os braços ao pescoço e ele, aspirando o seu delicioso perfume, apertou-a contra si com tanta ânsia que quase lhe cortou a respiração. Depois, beijou-a longamente, num beijo quente que parecia não ter fim...
— Acabem lá de beijocar-se, seus animais!
Aquela voz estalou como se fosse uma chicotada. Mae e Sutton desenlaçaram-se bruscamente e olharam para a porta do estabelecimento.
Um homem alto e magro, com o rosto contraído numa expressão de fúria demoníaca e chispas de ódio nas pupilas, acabava de chegar. Empunhava um enorme revólver na mão direita.
— Que se passa consigo, Dick?
— Não se passa nada. Perdoe...
— Faço ideia. Eu preveni-o de que o meu relato deitaria por terra a reputação de seu pai.
Sem saber porquê, Sutton ficou contente por a jovem não se ter apercebido do seu verdadeiro problema, e disse:
— Conte-me alguma coisa acerca de Dingo Tracy. Tenho a convicção de que o conhece muito bem.
No rosto de Mae refletiu-se uma leve expressão de surpresa. Esteve calada durante alguns segundos, antes de se resolver a falar.
— Conheço-o há já um bom par de anos. Um dia hospedou-se no hotel e contraímos relações de amizade. Reconheço que se abriu mais comigo do que é costume, mas, apesar disso, apenas sei da sua pessoa o que ele mesmo me contou.
Mae esperou que Sutton lhe dirigisse alguma pergunta, mas o jovem limitou-se a esperar que ela continuasse.
— E um homem estranho que reage sempre da forma que menos se espera. Nunca fala da família nem da sua vida passada. Dá a impressão de que se trata de uma pessoa fria e calculista, sem sentimentos de qualquer espécie. Estou convencida, pelo que me respeita, que tem por mim muita consideração. A sua atitude leva-me a pensar que está enamorado de mim. Não obstante, nunca me disse nada, a tal respeito, claramente, e apenas chego a essa conclusão através de uma ou outra insinuação casual.
Mae calou-se. Esteve observando Sutton com a maior atenção, como se estudasse as suas reações ante as suas últimas palavras. Mas, logo se sorriu abertamente, dizendo num tom não isento de coqueteria:
— Se está interessado, dir-lhe-ei que tenho muita estima por Dingo Tracy... Como amigo, entenda-se. Não o amo nem nada que com isso se pareça. Não é homem que me interesse, nem que eu aprecie.
Mae, insinuante e um tudo nada provocante, tinha os olhos fixos em Sutton. E este sentiu que o seu coração pulsava como o de um colegial.
— Ainda não encontrei o homem dos meus sonhos e que satisfaça as minhas aspirações.... Compreende?
— Compreendo, Mae — disse ele com voz apagada.
Mas, como se um íman os atraísse, avançaram um para o outro. Ela lançou-lhe os braços ao pescoço e ele, aspirando o seu delicioso perfume, apertou-a contra si com tanta ânsia que quase lhe cortou a respiração. Depois, beijou-a longamente, num beijo quente que parecia não ter fim...
— Acabem lá de beijocar-se, seus animais!
Aquela voz estalou como se fosse uma chicotada. Mae e Sutton desenlaçaram-se bruscamente e olharam para a porta do estabelecimento.
Um homem alto e magro, com o rosto contraído numa expressão de fúria demoníaca e chispas de ódio nas pupilas, acabava de chegar. Empunhava um enorme revólver na mão direita.
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