Na Primavera do ano 1895, um cavaleiro deteve-se na margem do rio Pecos e lançou um olhar perscrutador para os cumes da Serra Amarela.
Estava a escurecer e ainda lhe faltavam vinte quilómetros para chegar à povoação de Dawson.
Desmontou e tirou os arreios ao seu cavalo. Aquele homem chamava-se Dieter Ritter e dirigia-se a Dawson para se reunir a Read Cline. Haviam decorrido quinze anos desde que o pistoleiro havia recolhido o rapaz na margem do Salt River.
Durante aqueles anos, Dieter tinha-se transformado num perfeito exemplar de homem. Read tinha-o ensinado a manejar as armas e o discípulo acabara por superar o mestre. Read tinha comprado um pequeno «rancho» entre as correntes do Pecos e do Canadian. Teve de matar outros homens, mas, por fim, conseguiu o que sempre havia ambicionado: transformar-se num simples «rancheiro».
Três dias antes, o velho pistoleiro tinha abandonado o «rancho» para se dirigir a Dawson, a fim de efetuar umas compras, e Dieter ia ter com ele. Read tinha sido um verdadeiro pai para o rapaz e ensinou-lhe tudo quanto sabia. A manejar as armas, a disparar com uma rapidez endiabrada e a tratar dos cavalos.
— Um cavalo pode significar a tua salvação — dizia--lhe constantemente.
Por este motivo, Dieter preocupou-se primeiramente com o seu animal. Ia acampar na margem do Pecos porque não queria forçar a sua montada. Enquanto o animal devorava a erva húmida, Dieter puxou pela bolsa do tabaco e enrolou um cigarro. Tinha comprado aquele cavalo em Santa Fé e considerava-o a melhor montada que havia tido. Fora-lhe vendido por um charro, tipo de aldeão mexicano, grosseiro e tosco, e por esse motivo chamava-lhe «Charro».
Era um animal veloz, de patas delgadas e peito poderoso. Deu-lhe de beber, mas observou detidamente a quantidade de água que bebia. Em seguida, amarrou-o ao tronco de uma árvore, deixando a corda bastante folgada. Uma vez acabados os seus cuidados com o cavalo, Dieter dedicou-se à tarefa de acender uma fogueira e preparar um jantar frugal.
— Amanhã já comerei melhor — disse em voz alta.
Aquele costume tinha-o adquirido com Read Cline, como a maioria de todos os seus hábitos. Dieter estendeu as suas mantas ao pé de uma árvore e não tardou a adormecer. Antes de fazê-lo, porém, pensou que já tinha feito vinte e sete anos e que se estava a aproximar o momento de regressar a Desolação para vingar a morte de seu pai. Não o tinha feito antes porque Read era demasiado velho para viver sozinho. Com o correr dos anos, a sua habilidade no manejo do revólver tinha ido desaparecendo.
Não podiam regressar ao território do Arizona porque a sua cabeça continuava a valer dois mil dólares e Read não desejava correr riscos inúteis.
Dieter nunca havia manifestado o desejo de regressar a Desolação porque via que o seu velho amigo era completamente feliz entre as reses do seu «rancho». O rapaz pensava que Ira Holker deveria ter à volta de quarenta e cinco anos e que continuaria a viver, a não ser que tivesse encontrado o que merecia: uma corda de cânhamo com um nó corredio numa das pontas.
Ao amanhecer, Dieter Ritter afastou as mantas e levantou-se. A sua primeira tarefa do dia foi soltar «Charro» e conduzi-lo em direção ao rio. Em seguida, enrolou um cigarro, acendeu-o e enquanto o fumava tirou o seu cinturão-cartucheira. Tinha dormido com ele colocado, visto que Read o havia aconselhado a nunca se separar das armas.
Depois, tirou a camisa e de um dos alforges extraiu um bocado de sabão e uma toalha. Com o corpo desnudado da cintura para cima, era impressionante. Tinha os ombros largos, um pescoço de toiro e os seus braços, peito e costas estavam cheios de músculos, flexíveis como molas de aço. Lavou-se com visível prazer e depois de se enxugar voltou a vestir a camisa e a afivelar o cinturão-cartucheira. Atou os coldres dos revólveres às coxas com finas correias de pele de anta e, por último, aparelhou «Charro».
— Vamos reunir-nos com o velho Read, amigo — disse alegremente, dando uma palmada no pescoço do animal.
Aqueceu um pouco de café e foi bebendo o líquido aromático em pequenos goles. Apagou a fogueira e montou. Atravessou o Pecos num vau e cavalgou para Dawson.
Ao entrar na povoação dirigiu-se para o armazém de um homem chamado Murray Carney e, depois de desmontar, amarrou o cavalo à barra situada em frente do estabelecimento.
— Olá, Murray — saudou ao entrar no armazém.
O armazenista era um homem de idade mediana, que sorria sempre, mesmo quando fazia um mau negócio. Mas, naquele dia, o negócio devia ter sido muito mau porque o sorriso havia desaparecido dos seus lábios.
— Olá, Dieter. Esperava-te — respondeu Murray, começando a limpar o comprido balcão.
— Onde está Read? — perguntou o jovem.
Murray continuou a limpar o balcão, apesar deste estar tão brilhante como uma moeda de oiro.
O armazenista não se atrevia a fitar Dieter e este compreendeu que algo de grave estava a acontecer... ou já tinha acontecido.
— Fala, Murray. Aconteceu alguma coisa a Read? - indagou, apreensivo.
Sem dar por isso, tinha falado com voz ameaçadora; Read era o único amigo que tinha e, se havia sofrido algum ataque, o autor da façanha não iria vangloriar-se disso por muito tempo.
— Sim, Dieter — respondeu Murray, abandonando o trapo.
— Onde está?
— Enterrámo-lo ontem. Quis mandar-te um aviso, mas não encontrei ninguém que se dirigisse para o vosso «rancho».
O rosto do jovem sofreu uma terrível mutação. Os seus olhos adquiriram a dureza do aço e as suas feições contraíram-se como se sobre elas tivesse derramado cera fundida.
— Que se passou? — inquiriu com voz rouca.
— Um homem chamado Luther Adams reconheceu-o e começou a rir-se dele. Read desafiou-o a sair para a rua...
— Continua — ordenou Ritter, ao ver que Murray se interrompia.
— Read era demasiado velho e as suas mãos já não eram tão rápidas como antigamente. Conseguiu sacar o revólver, mas Luther acabou com ele com um único balázio.
— Onde está o assassino?
— Anda pela povoação a gritar aos quatro ventos que acabou com o perigoso Read Cline.
— Como é ele?
— Alto, magro, de rosto vulgar, mas reconhecê-lo-ás porque usa um cinturão adornado com uma fivela muito brilhante.
— Obrigado, Murray — disse Dieter, dirigindo-se para a porta.
Quando abandonou o armazém, conduziu o seu cavalo para uma das cavalariças públicas e, em seguida, atravessou a poeirenta rua central e entrou num dos quatro bares que existiam na povoação.
— Olá, Dieter — saudou-o o empregado, que conhecia o jovem.
Tanto Read como ele faziam uma viagem mensal a Dawson para comprarem provisões, e duas vezes por ano conduziam algumas reses até à estação de caminho de ferro para serem embarcadas. Por estas razões, eram muito conhecidos na povoação, e embora os seus habitantes conhecessem a fama de Read Cline nunca tinham feito nenhum comentário porque sabiam que o velho pistoleiro preferia criar gado.
O estabelecimento estava cheio de vaqueiros, comerciantes, compradores de gado e jogadores profissionais.
Encontravam-se também alguns proscritos, fugidos do Texas, que procuravam uma saudável mudança de ares.
— Procuro um homem — disse Dieter em voz alta.
Ao soarem aquelas palavras, que em todo o Oeste dos Estados Unidos tinham um significado muito claro, cessaram todas as conversações. Quando um homem procurava outro, somente podia ser para o matar.
«Procuro um homem».
Esta frase indicava, sem margem para dúvidas, que era um desafio de morte.
— Procuro um assassino chamado Luther Adams —repetiu Dieter.
— Não está aqui, amigo — disse o homem que servia ao balcão, o mesmo que o saudara.
— Há aqui algum amigo dele? — inquiriu o jovem.
— Não, Luther não tem amigos — respondeu o outro.
— Se alguém o encontrar primeiro do que eu, quero que lhe diga que amanhã ao meio-dia o espero nesta mesma rua para que, com a sua vida, pague uma parte da de Read Cline — continuou Dieter.
— Um uísque? — perguntou o empregado.
— Não, beberei amanhã... depois de matar Luther —respondeu Dieter, abandonando o local.
Aquela cena repetiu-se nos restantes bares, e quando Dieter se foi estender na cama de um hotel, tinha a certeza de que o seu desafio já tinha chegado aos ouvidos de Luther Adams.
Sabia que não fugiria porque o repto tinha sido demasiado público e o assassino desejaria manter a sua fama de pistoleiro. Se fugisse, o sucedido em Dawson percorreria todas as povoações importantes e os mais insignificantes povoados.
A fama de pistoleiro transformar-se-ia em fama de cobarde e todos os homens se ririam de Luther Adams, o tipo que assassinara um velho e fugira de um jovem.
Mas havia algo mais. O velho Read tinha-lhe falado do impulso que impelia alguns homens a medirem a sua habilidade com outros e Dieter esperava que Luther fosse um deles.
Quando acordou, já o dia estava a clarear. Abrindo os alforges começou a tratar do seu aspeto físico. A navalha de barba não tremia nas suas mãos. Não seria a primeira vez que mataria um homem.
Tivera de defender, por várias vezes, o gado de armas na mão. Mas seria aquela a primeira vez que lutaria sozinho. Das vezes anteriores, tivera sempre Read Cline a seu lado.
Depois de se barbear, passou meia hora a limpar os dois revólveres e a escolher cuidadosamente os projéteis antes de os introduzir nos tambores.
Tinha tantos desejos de matar Luther Adams como de acabar com Ira Holker. Ambos eram dois cobardes assassinos e a Humanidade ganharia muito com a sua morte.
Naquela manhã, Dieter fazia todas as coisas com grande lentidão. Parecia não ter nenhuma pressa. Na realidade, não tinha nada que fazer até ao meio-dia em ponto.
— Matar Luther Adams — murmurou enquanto fechava os alforges.
Abandonou o hotel e dirigiu-se para um dos bares. O empregado serviu-lhe uma xícara de café e, sem o olhar, perguntou:
— Nervoso, Dieter?
— Não, o que estou é ansioso de acabar com Luther — retorquiu o jovem.
O outro inclinou-se sobre o balcão e, sem levantar a voz, disse:
— Transmitiram-lhe o seu aviso e ele disse que acabaria consigo da mesma forma que tinha terminado com Read.
— Obrigado, amigo. Queres servir-me mais café? —disse Dieter, começando a enrolar um cigarro.
Não saiu do bar enquanto não consumiu quatro chávenas de café e três cigarros. Em seguida, dirigiu-se para a cavalariça onde havia deixado ficar o seu cavalo.
Como se aquilo fosse o mais importante do mundo e não tivesse outros problemas, Dieter permaneceu na cavalariça a escovar a sua montada até dez minutos antes do meio-dia.
Afastou-se, então, do cavalo, enrolou e acendeu um cigarro, verificou se os revólveres saíam facilmente dos coldres e entregando uma moeda de dez dólares ao homem do estábulo, disse:
— Tome, amigo. Nunca se sabe o que pode acontecer e não quero sair deste mundo com uma dívida na consciência.
— Boa sorte, Dieter — desejou o homem.
— Obrigado — agradeceu, saindo em seguida do estábulo.
Eram doze menos cinco quando Dieter se dirigiu para o exterior; a rua central de Dawson estava completamente deserta. Portas e janelas encontravam-se fechadas
e até os cães haviam desaparecido.
O silêncio era absoluto e o sol caía com força. Não soprava a mais leve brisa. Dawson parecia uma cidade morta.
Faltava um minuto para a hora indicada por Dieter, quando este se colocou no centro da rua, tendo a precaução de ficar com o sol pelas costas.
Ao meio-dia em ponto Luther Adams surgiu no outro extremo da rua. O assassino de Read devia andar à roda dos trinta anos, era alto e a sua extrema magreza ainda ajudava a parecê-lo mais.
Estava completamente vestido de negro, dos pés à cabeça, sem uma única nota de cor no seu vestuário; apenas a fivela do seu cinturão-cartucheira brilhava quando os raios de sol a feriam.
Usava dois revólveres de calibre «45», de canos azulados e punhos negros. Dieter adivinhou que aquele tipo era um fanfarrão e que as suas roupas negras não tinham outra missão senão impressionar os seus inimigos.
Luther parou ao descobrir a silhueta de Dieter e durante uns segundos pareceu examiná-la com grande atenção.
Os dois homens encontravam-se separados por uma distância superior a cem metros, demasiada para que os disparos das suas armas fossem eficazes.
Dieter começou a andar para o seu inimigo, desejoso de encurtar a distância. Usava o chapéu muito lançado sobre a fronte para defender os olhos dos raios de sol que os objetos refletiam.
Caminhava lentamente, mas os seus passos eram firmes e precisos; as suas botas levantavam pequenas nuvens de pó e as esporas produziam um alegre tilintar. A cada passo que dava, as suas mãos roçavam pelas coronhas dos revólveres.
Avançava sem afastar os olhos da enlutada silhueta do seu inimigo. Luther pensou que haveria muitos curiosos por detrás das portas e das janelas que pensariam que ele era um cobarde se não fizesse nada para encurtar a distância.
Deu alguns passos, mas deteve-se quando se achava a cerca de trinta metros de Dieter. Um estremecimento de terror percorreu-lhe o corpo, ao verificar que o seu inimigo continuava a avançar sem demonstrar a menor pressa.
— Desejo ver-te morrer o mais perto possível — disse, secamente, Dieter.
— Read disse o mesmo — comentou Luther.
— Há uma grande diferença entre Read e eu. Ele tinha sessenta e cinco anos e eu apenas tenho vinte e sete. As minhas mãos estão firmes e o meu pulso não treme — respondeu Dieter, sem deixar de avançar.
Deteve-se quando apenas quinze metros o separavam do assassino do velho Read, e as suas esporas tilintaram alegremente.
— Vou matar-te, Luther Adams. És um bicho demasiado repugnante para que continues a viver.
— Muitos homens disseram o mesmo e agora estão enterrados.
Dieter não respondeu; o seu olhar não se afastava, dos olhos do seu inimigo. Os dois homens estavam frente a frente e cada um estudava o seu adversário.
Luther, com um rápido movimento, sacou um dos seus revólveres. No mesmo instante, um ralo de sol fez brilhar a fivela do seu cinturão e, antes que pudesse apertar o gatilho, Dieter fez fogo. O projétil foi introduzir-se uns milímetros acima da sua brilhante fivela e o sol já não arrancou mais reflexos ao metal porque este cobriu-se rapidamente de sangue.
Luther encolheu-se ao receber o balázio, mas continuou a levantar o revólver para matar o seu inimigo. Dieter moveu-se ligeiramente para a direita e, inclinando-se para a frente, golpeou o percutor com a palma da mão; os cinco projéteis que restavam no tambor saíram com grande rapidez.
Tão rápidos foram os disparos que os estampidos se confundiram num só. O corpo de Luther estremeceu a cada impacto e a força do chumbo empurrou-o para trás. A última bala fê-lo ir de costas ao chão e fechou os olhos porque o sol dava neles em cheio. Quando voltou a abri-los, descobriu umas botas negas cobertas de pó muito perto do seu rosto e uma voz que parecia vir de uma região muito distante disse-lhe:
— Assim morrem os cães como tu, sobre o pó e crivados de balas. Não lamento ter-te matado...
Se Dieter continuou a falar Luther nunca o chegou a saber porque a morte tomou conta dele e fê-lo empreender a curta viagem para o inferno. Uma viagem muito curta... mas da qual ninguém regressava. Dieter permaneceu ao lado de Luther até que cessaram as convulsões que agitavam o moribundo.
Em seguida, carregou de novo o seu revólver, deixando cair as cápsulas vazias sobre o cadáver. Ao afastar-se, encontrou um homem de baixa esta-
Estava a escurecer e ainda lhe faltavam vinte quilómetros para chegar à povoação de Dawson.
Desmontou e tirou os arreios ao seu cavalo. Aquele homem chamava-se Dieter Ritter e dirigia-se a Dawson para se reunir a Read Cline. Haviam decorrido quinze anos desde que o pistoleiro havia recolhido o rapaz na margem do Salt River.
Durante aqueles anos, Dieter tinha-se transformado num perfeito exemplar de homem. Read tinha-o ensinado a manejar as armas e o discípulo acabara por superar o mestre. Read tinha comprado um pequeno «rancho» entre as correntes do Pecos e do Canadian. Teve de matar outros homens, mas, por fim, conseguiu o que sempre havia ambicionado: transformar-se num simples «rancheiro».
Três dias antes, o velho pistoleiro tinha abandonado o «rancho» para se dirigir a Dawson, a fim de efetuar umas compras, e Dieter ia ter com ele. Read tinha sido um verdadeiro pai para o rapaz e ensinou-lhe tudo quanto sabia. A manejar as armas, a disparar com uma rapidez endiabrada e a tratar dos cavalos.
— Um cavalo pode significar a tua salvação — dizia--lhe constantemente.
Por este motivo, Dieter preocupou-se primeiramente com o seu animal. Ia acampar na margem do Pecos porque não queria forçar a sua montada. Enquanto o animal devorava a erva húmida, Dieter puxou pela bolsa do tabaco e enrolou um cigarro. Tinha comprado aquele cavalo em Santa Fé e considerava-o a melhor montada que havia tido. Fora-lhe vendido por um charro, tipo de aldeão mexicano, grosseiro e tosco, e por esse motivo chamava-lhe «Charro».
Era um animal veloz, de patas delgadas e peito poderoso. Deu-lhe de beber, mas observou detidamente a quantidade de água que bebia. Em seguida, amarrou-o ao tronco de uma árvore, deixando a corda bastante folgada. Uma vez acabados os seus cuidados com o cavalo, Dieter dedicou-se à tarefa de acender uma fogueira e preparar um jantar frugal.
— Amanhã já comerei melhor — disse em voz alta.
Aquele costume tinha-o adquirido com Read Cline, como a maioria de todos os seus hábitos. Dieter estendeu as suas mantas ao pé de uma árvore e não tardou a adormecer. Antes de fazê-lo, porém, pensou que já tinha feito vinte e sete anos e que se estava a aproximar o momento de regressar a Desolação para vingar a morte de seu pai. Não o tinha feito antes porque Read era demasiado velho para viver sozinho. Com o correr dos anos, a sua habilidade no manejo do revólver tinha ido desaparecendo.
Não podiam regressar ao território do Arizona porque a sua cabeça continuava a valer dois mil dólares e Read não desejava correr riscos inúteis.
Dieter nunca havia manifestado o desejo de regressar a Desolação porque via que o seu velho amigo era completamente feliz entre as reses do seu «rancho». O rapaz pensava que Ira Holker deveria ter à volta de quarenta e cinco anos e que continuaria a viver, a não ser que tivesse encontrado o que merecia: uma corda de cânhamo com um nó corredio numa das pontas.
Ao amanhecer, Dieter Ritter afastou as mantas e levantou-se. A sua primeira tarefa do dia foi soltar «Charro» e conduzi-lo em direção ao rio. Em seguida, enrolou um cigarro, acendeu-o e enquanto o fumava tirou o seu cinturão-cartucheira. Tinha dormido com ele colocado, visto que Read o havia aconselhado a nunca se separar das armas.
Depois, tirou a camisa e de um dos alforges extraiu um bocado de sabão e uma toalha. Com o corpo desnudado da cintura para cima, era impressionante. Tinha os ombros largos, um pescoço de toiro e os seus braços, peito e costas estavam cheios de músculos, flexíveis como molas de aço. Lavou-se com visível prazer e depois de se enxugar voltou a vestir a camisa e a afivelar o cinturão-cartucheira. Atou os coldres dos revólveres às coxas com finas correias de pele de anta e, por último, aparelhou «Charro».
— Vamos reunir-nos com o velho Read, amigo — disse alegremente, dando uma palmada no pescoço do animal.
Aqueceu um pouco de café e foi bebendo o líquido aromático em pequenos goles. Apagou a fogueira e montou. Atravessou o Pecos num vau e cavalgou para Dawson.
Ao entrar na povoação dirigiu-se para o armazém de um homem chamado Murray Carney e, depois de desmontar, amarrou o cavalo à barra situada em frente do estabelecimento.
— Olá, Murray — saudou ao entrar no armazém.
O armazenista era um homem de idade mediana, que sorria sempre, mesmo quando fazia um mau negócio. Mas, naquele dia, o negócio devia ter sido muito mau porque o sorriso havia desaparecido dos seus lábios.
— Olá, Dieter. Esperava-te — respondeu Murray, começando a limpar o comprido balcão.
— Onde está Read? — perguntou o jovem.
Murray continuou a limpar o balcão, apesar deste estar tão brilhante como uma moeda de oiro.
O armazenista não se atrevia a fitar Dieter e este compreendeu que algo de grave estava a acontecer... ou já tinha acontecido.
— Fala, Murray. Aconteceu alguma coisa a Read? - indagou, apreensivo.
Sem dar por isso, tinha falado com voz ameaçadora; Read era o único amigo que tinha e, se havia sofrido algum ataque, o autor da façanha não iria vangloriar-se disso por muito tempo.
— Sim, Dieter — respondeu Murray, abandonando o trapo.
— Onde está?
— Enterrámo-lo ontem. Quis mandar-te um aviso, mas não encontrei ninguém que se dirigisse para o vosso «rancho».
O rosto do jovem sofreu uma terrível mutação. Os seus olhos adquiriram a dureza do aço e as suas feições contraíram-se como se sobre elas tivesse derramado cera fundida.
— Que se passou? — inquiriu com voz rouca.
— Um homem chamado Luther Adams reconheceu-o e começou a rir-se dele. Read desafiou-o a sair para a rua...
— Continua — ordenou Ritter, ao ver que Murray se interrompia.
— Read era demasiado velho e as suas mãos já não eram tão rápidas como antigamente. Conseguiu sacar o revólver, mas Luther acabou com ele com um único balázio.
— Onde está o assassino?
— Anda pela povoação a gritar aos quatro ventos que acabou com o perigoso Read Cline.
— Como é ele?
— Alto, magro, de rosto vulgar, mas reconhecê-lo-ás porque usa um cinturão adornado com uma fivela muito brilhante.
— Obrigado, Murray — disse Dieter, dirigindo-se para a porta.
Quando abandonou o armazém, conduziu o seu cavalo para uma das cavalariças públicas e, em seguida, atravessou a poeirenta rua central e entrou num dos quatro bares que existiam na povoação.
— Olá, Dieter — saudou-o o empregado, que conhecia o jovem.
Tanto Read como ele faziam uma viagem mensal a Dawson para comprarem provisões, e duas vezes por ano conduziam algumas reses até à estação de caminho de ferro para serem embarcadas. Por estas razões, eram muito conhecidos na povoação, e embora os seus habitantes conhecessem a fama de Read Cline nunca tinham feito nenhum comentário porque sabiam que o velho pistoleiro preferia criar gado.
O estabelecimento estava cheio de vaqueiros, comerciantes, compradores de gado e jogadores profissionais.
Encontravam-se também alguns proscritos, fugidos do Texas, que procuravam uma saudável mudança de ares.
— Procuro um homem — disse Dieter em voz alta.
Ao soarem aquelas palavras, que em todo o Oeste dos Estados Unidos tinham um significado muito claro, cessaram todas as conversações. Quando um homem procurava outro, somente podia ser para o matar.
«Procuro um homem».
Esta frase indicava, sem margem para dúvidas, que era um desafio de morte.
— Procuro um assassino chamado Luther Adams —repetiu Dieter.
— Não está aqui, amigo — disse o homem que servia ao balcão, o mesmo que o saudara.
— Há aqui algum amigo dele? — inquiriu o jovem.
— Não, Luther não tem amigos — respondeu o outro.
— Se alguém o encontrar primeiro do que eu, quero que lhe diga que amanhã ao meio-dia o espero nesta mesma rua para que, com a sua vida, pague uma parte da de Read Cline — continuou Dieter.
— Um uísque? — perguntou o empregado.
— Não, beberei amanhã... depois de matar Luther —respondeu Dieter, abandonando o local.
Aquela cena repetiu-se nos restantes bares, e quando Dieter se foi estender na cama de um hotel, tinha a certeza de que o seu desafio já tinha chegado aos ouvidos de Luther Adams.
Sabia que não fugiria porque o repto tinha sido demasiado público e o assassino desejaria manter a sua fama de pistoleiro. Se fugisse, o sucedido em Dawson percorreria todas as povoações importantes e os mais insignificantes povoados.
A fama de pistoleiro transformar-se-ia em fama de cobarde e todos os homens se ririam de Luther Adams, o tipo que assassinara um velho e fugira de um jovem.
Mas havia algo mais. O velho Read tinha-lhe falado do impulso que impelia alguns homens a medirem a sua habilidade com outros e Dieter esperava que Luther fosse um deles.
Quando acordou, já o dia estava a clarear. Abrindo os alforges começou a tratar do seu aspeto físico. A navalha de barba não tremia nas suas mãos. Não seria a primeira vez que mataria um homem.
Tivera de defender, por várias vezes, o gado de armas na mão. Mas seria aquela a primeira vez que lutaria sozinho. Das vezes anteriores, tivera sempre Read Cline a seu lado.
Depois de se barbear, passou meia hora a limpar os dois revólveres e a escolher cuidadosamente os projéteis antes de os introduzir nos tambores.
Tinha tantos desejos de matar Luther Adams como de acabar com Ira Holker. Ambos eram dois cobardes assassinos e a Humanidade ganharia muito com a sua morte.
Naquela manhã, Dieter fazia todas as coisas com grande lentidão. Parecia não ter nenhuma pressa. Na realidade, não tinha nada que fazer até ao meio-dia em ponto.
— Matar Luther Adams — murmurou enquanto fechava os alforges.
Abandonou o hotel e dirigiu-se para um dos bares. O empregado serviu-lhe uma xícara de café e, sem o olhar, perguntou:
— Nervoso, Dieter?
— Não, o que estou é ansioso de acabar com Luther — retorquiu o jovem.
O outro inclinou-se sobre o balcão e, sem levantar a voz, disse:
— Transmitiram-lhe o seu aviso e ele disse que acabaria consigo da mesma forma que tinha terminado com Read.
— Obrigado, amigo. Queres servir-me mais café? —disse Dieter, começando a enrolar um cigarro.
Não saiu do bar enquanto não consumiu quatro chávenas de café e três cigarros. Em seguida, dirigiu-se para a cavalariça onde havia deixado ficar o seu cavalo.
Como se aquilo fosse o mais importante do mundo e não tivesse outros problemas, Dieter permaneceu na cavalariça a escovar a sua montada até dez minutos antes do meio-dia.
Afastou-se, então, do cavalo, enrolou e acendeu um cigarro, verificou se os revólveres saíam facilmente dos coldres e entregando uma moeda de dez dólares ao homem do estábulo, disse:
— Tome, amigo. Nunca se sabe o que pode acontecer e não quero sair deste mundo com uma dívida na consciência.
— Boa sorte, Dieter — desejou o homem.
— Obrigado — agradeceu, saindo em seguida do estábulo.
Eram doze menos cinco quando Dieter se dirigiu para o exterior; a rua central de Dawson estava completamente deserta. Portas e janelas encontravam-se fechadas
e até os cães haviam desaparecido.
O silêncio era absoluto e o sol caía com força. Não soprava a mais leve brisa. Dawson parecia uma cidade morta.
Faltava um minuto para a hora indicada por Dieter, quando este se colocou no centro da rua, tendo a precaução de ficar com o sol pelas costas.
Ao meio-dia em ponto Luther Adams surgiu no outro extremo da rua. O assassino de Read devia andar à roda dos trinta anos, era alto e a sua extrema magreza ainda ajudava a parecê-lo mais.
Estava completamente vestido de negro, dos pés à cabeça, sem uma única nota de cor no seu vestuário; apenas a fivela do seu cinturão-cartucheira brilhava quando os raios de sol a feriam.
Usava dois revólveres de calibre «45», de canos azulados e punhos negros. Dieter adivinhou que aquele tipo era um fanfarrão e que as suas roupas negras não tinham outra missão senão impressionar os seus inimigos.
Luther parou ao descobrir a silhueta de Dieter e durante uns segundos pareceu examiná-la com grande atenção.
Os dois homens encontravam-se separados por uma distância superior a cem metros, demasiada para que os disparos das suas armas fossem eficazes.
Dieter começou a andar para o seu inimigo, desejoso de encurtar a distância. Usava o chapéu muito lançado sobre a fronte para defender os olhos dos raios de sol que os objetos refletiam.
Caminhava lentamente, mas os seus passos eram firmes e precisos; as suas botas levantavam pequenas nuvens de pó e as esporas produziam um alegre tilintar. A cada passo que dava, as suas mãos roçavam pelas coronhas dos revólveres.
Avançava sem afastar os olhos da enlutada silhueta do seu inimigo. Luther pensou que haveria muitos curiosos por detrás das portas e das janelas que pensariam que ele era um cobarde se não fizesse nada para encurtar a distância.
Deu alguns passos, mas deteve-se quando se achava a cerca de trinta metros de Dieter. Um estremecimento de terror percorreu-lhe o corpo, ao verificar que o seu inimigo continuava a avançar sem demonstrar a menor pressa.
— Desejo ver-te morrer o mais perto possível — disse, secamente, Dieter.
— Read disse o mesmo — comentou Luther.
— Há uma grande diferença entre Read e eu. Ele tinha sessenta e cinco anos e eu apenas tenho vinte e sete. As minhas mãos estão firmes e o meu pulso não treme — respondeu Dieter, sem deixar de avançar.
Deteve-se quando apenas quinze metros o separavam do assassino do velho Read, e as suas esporas tilintaram alegremente.
— Vou matar-te, Luther Adams. És um bicho demasiado repugnante para que continues a viver.
— Muitos homens disseram o mesmo e agora estão enterrados.
Dieter não respondeu; o seu olhar não se afastava, dos olhos do seu inimigo. Os dois homens estavam frente a frente e cada um estudava o seu adversário.
Luther, com um rápido movimento, sacou um dos seus revólveres. No mesmo instante, um ralo de sol fez brilhar a fivela do seu cinturão e, antes que pudesse apertar o gatilho, Dieter fez fogo. O projétil foi introduzir-se uns milímetros acima da sua brilhante fivela e o sol já não arrancou mais reflexos ao metal porque este cobriu-se rapidamente de sangue.
Luther encolheu-se ao receber o balázio, mas continuou a levantar o revólver para matar o seu inimigo. Dieter moveu-se ligeiramente para a direita e, inclinando-se para a frente, golpeou o percutor com a palma da mão; os cinco projéteis que restavam no tambor saíram com grande rapidez.
Tão rápidos foram os disparos que os estampidos se confundiram num só. O corpo de Luther estremeceu a cada impacto e a força do chumbo empurrou-o para trás. A última bala fê-lo ir de costas ao chão e fechou os olhos porque o sol dava neles em cheio. Quando voltou a abri-los, descobriu umas botas negas cobertas de pó muito perto do seu rosto e uma voz que parecia vir de uma região muito distante disse-lhe:
— Assim morrem os cães como tu, sobre o pó e crivados de balas. Não lamento ter-te matado...
Se Dieter continuou a falar Luther nunca o chegou a saber porque a morte tomou conta dele e fê-lo empreender a curta viagem para o inferno. Uma viagem muito curta... mas da qual ninguém regressava. Dieter permaneceu ao lado de Luther até que cessaram as convulsões que agitavam o moribundo.
Em seguida, carregou de novo o seu revólver, deixando cair as cápsulas vazias sobre o cadáver. Ao afastar-se, encontrou um homem de baixa esta-
tura, vestido como um vaqueiro e de aspeto sinistro, que lhe impedia a passagem.
— L amigo de Luther? Ou melhor, «era» amigo do morto? — inquiriu Dieter, acariciando a coronha do revólver.
— Não, mas gostaria de falar consigo. Posso convidá-lo para beber?
— Há alguma razão especial? — perguntou Dieter.
— Procuro meia dúzia de homens que saibam manejar um revólver... e creio que nunca conheci um indivíduo que fosse tão rápido e seguro como você.
— Para que procura meia dúzia de pistoleiros? — perguntou Dieter, acendendo um cigarro.
— Há um trabalhinho para eles numa povoação chamada Desolação — explicou o desconhecido. O nome da povoação fez soar trombetas de guerra no interior da cabeça de Dieter Ritter. O Destino tinha--se atravessado uma vez mais no seu caminho.
— Gostaria de saber que espécie de trabalho e também o nome do homem que me pagará. Nunca deixo nada ao acaso — disse tranquilamente, como se aquele assunto não lhe importasse.
— Há que limpar aquela região de mexicanos... e o homem que lhe pagará chama-se Ira Holker; é um «rancheiro» muito importante — respondeu o desconhecido. Ira Holker! Dieter sentiu desejos de gritar de alegria. O assassino de seu pai e do velho Cole Treger continuava a viver e, por uma daquelas estranhas partidas do Destino, precisava de pistoleiros.
— Quem é você? — perguntou o jovem.
— Evan Felter, o capataz de Holker.
Pelos vistos, o assassino tinha-se estabelecido como «rancheiro» com a prata que havia roubado a Ritter e Treger, mas tinha problemas com os mexicanos e precisava de contratar pistoleiros.
— Bem, amigo Felter, aceito o seu convite e no bar falaremos do preço — disse Dieter.
— Ainda não sei o seu nome — salientou Felter.
O jovem pensou que se lhe dizia o nome era possível que Ira Holker se lembrasse do apelido Ritter. Em Dawson, apenas Murray sabia o seu verdadeiro nome; o resto dos habitantes tratava-o sempre por Dieter e pensavam que era filho de Read Cline.
— Chamo-me Dieter, mas toda a gente me conhece por «Pecos» — informou o jovem.
Falaria com Murray para que não dissesse a verdade. O armazenista tinha sido um bom amigo de Read e também gostava do jovem.
— Já tenho contratados cinco homens, «Pecos». Você foi o último — disse Felter.
— Ainda não estamos de acordo sobre o preço que esse tal Holker tem de me pagar — lembrou Dieter, quando entravam no bar.
— Não será difícil — grunhiu Felter.
Os habitantes de Dawson começaram a sair das suas casas para contemplarem o cadáver de Luther Adams, o homem que tinha dito que não existia ninguém capaz de o vencer. ...
E o seu corpo estava atravessado por seis projéteis. Dieter deixou-se convencer facilmente pelo capataz de Ira Holker. O que Felter não sabia era que Dieter estava disposto a dar dinheiro do seu próprio bolso para ir a Desolação.
Dieter não se preocupou com o «rancho» de Read Cline. Nele, tinha ficado António Gonzalez, um velho mexicano, acompanhado dos seus três filhos; eles cuidariam das reses com tanto interesse como ele mesmo.
Naquele momento, Dieter tinha um trabalho muito mais importante que cuidar do gado; tinha de vingar a morte de seu pai e do homem que ele chamava «tio Cole».
— L amigo de Luther? Ou melhor, «era» amigo do morto? — inquiriu Dieter, acariciando a coronha do revólver.
— Não, mas gostaria de falar consigo. Posso convidá-lo para beber?
— Há alguma razão especial? — perguntou Dieter.
— Procuro meia dúzia de homens que saibam manejar um revólver... e creio que nunca conheci um indivíduo que fosse tão rápido e seguro como você.
— Para que procura meia dúzia de pistoleiros? — perguntou Dieter, acendendo um cigarro.
— Há um trabalhinho para eles numa povoação chamada Desolação — explicou o desconhecido. O nome da povoação fez soar trombetas de guerra no interior da cabeça de Dieter Ritter. O Destino tinha--se atravessado uma vez mais no seu caminho.
— Gostaria de saber que espécie de trabalho e também o nome do homem que me pagará. Nunca deixo nada ao acaso — disse tranquilamente, como se aquele assunto não lhe importasse.
— Há que limpar aquela região de mexicanos... e o homem que lhe pagará chama-se Ira Holker; é um «rancheiro» muito importante — respondeu o desconhecido. Ira Holker! Dieter sentiu desejos de gritar de alegria. O assassino de seu pai e do velho Cole Treger continuava a viver e, por uma daquelas estranhas partidas do Destino, precisava de pistoleiros.
— Quem é você? — perguntou o jovem.
— Evan Felter, o capataz de Holker.
Pelos vistos, o assassino tinha-se estabelecido como «rancheiro» com a prata que havia roubado a Ritter e Treger, mas tinha problemas com os mexicanos e precisava de contratar pistoleiros.
— Bem, amigo Felter, aceito o seu convite e no bar falaremos do preço — disse Dieter.
— Ainda não sei o seu nome — salientou Felter.
O jovem pensou que se lhe dizia o nome era possível que Ira Holker se lembrasse do apelido Ritter. Em Dawson, apenas Murray sabia o seu verdadeiro nome; o resto dos habitantes tratava-o sempre por Dieter e pensavam que era filho de Read Cline.
— Chamo-me Dieter, mas toda a gente me conhece por «Pecos» — informou o jovem.
Falaria com Murray para que não dissesse a verdade. O armazenista tinha sido um bom amigo de Read e também gostava do jovem.
— Já tenho contratados cinco homens, «Pecos». Você foi o último — disse Felter.
— Ainda não estamos de acordo sobre o preço que esse tal Holker tem de me pagar — lembrou Dieter, quando entravam no bar.
— Não será difícil — grunhiu Felter.
Os habitantes de Dawson começaram a sair das suas casas para contemplarem o cadáver de Luther Adams, o homem que tinha dito que não existia ninguém capaz de o vencer. ...
E o seu corpo estava atravessado por seis projéteis. Dieter deixou-se convencer facilmente pelo capataz de Ira Holker. O que Felter não sabia era que Dieter estava disposto a dar dinheiro do seu próprio bolso para ir a Desolação.
Dieter não se preocupou com o «rancho» de Read Cline. Nele, tinha ficado António Gonzalez, um velho mexicano, acompanhado dos seus três filhos; eles cuidariam das reses com tanto interesse como ele mesmo.
Naquele momento, Dieter tinha um trabalho muito mais importante que cuidar do gado; tinha de vingar a morte de seu pai e do homem que ele chamava «tio Cole».
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